sábado, 18 de fevereiro de 2017

Quem diria?


É oficial: depois do PCP, também o BE se manifesta contra uma maior descentralização territorial mediante a municipalização de novas tarefas atualmente nas mãos do Estado.
O argumento de que os municípios não têm "escala" para assumir novas competências é obviamente falso: primeiro, porque eles mesmos apoiam a descentralização (desde que, naturalmente, sejam munidos dos necessários meios financeiros adicionais); segundo, porque os municípios podem sempre adotar soluções intermunicipais, para exercer as tarefas que exijam maior escala, como já hoje sucede.
O argumento é um simples pretexto para justificar a estranha metamorfose centralista da extrema-esquerda. Mas a verdadeira justificação é outra: fazendo agora parte da solução de Governo ao nível nacional e tendo portanto meios de influenciar o poder central, tanto ao PCP como o BE preferem exercer esse inesperado poder do que transferir competências para o poder local, onde têm uma influência limitada e localizada (no caso do BE nem isso). Tudo somado, ambos preferem influenciar o poder ao nível nacional. Afinal, sempre é uma questão de "escala"...
O surpreendente neocentralismo da extrema-esquerda é, portanto, um "efeito colateral" da "geringonça". Quem diria?