quarta-feira, 29 de julho de 2009

Notícias da crise

Acumulam-se os indicadores que revelam que a recessão global chegou ao fim nas principais economias:
«Fed vê “primeiros sinais sólidos” de recuperação da economia americana».
«Estudos indicam que economia Brasil recupera no 2º trimestre».
Já não era sem tempo!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Bem-vindo

A partir de agora, o Causa Nossa vai ter um novo colaborador, António Correia de Campos, que não precisa de apresentação. Em nome dos fundadores e como admininstrador do blogue, cabe-me dar-lhe as boas vindas e desejar-lhe felicidades bloguísticas.

terça-feira, 21 de julho de 2009

A Europa de volta?

Depois do lamentável espectáculo de incompetência e falta de visão com que a Presidência checa da União Europeia nos presenteou nos primeiros seis meses deste ano, que refrescante que é ouvir Carl Bildt, o Ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, no Parlamento Europeu a falar dos planos da Presidência sueca!
Tudo indica - pela escolha de prioridades das intervenções do Ministro - que a Suécia se vai concentrar na Dimensão de Leste da Política de Vizinhança, nas relações com a Rússia e nos Balcãs, sem negligenciar o(s) incontornáveis conflito(s) do Médio Oriente e o Irão, claro.
Em relação às minhas perguntas - pensa a Presidência sueca liderar na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas uma iniciativa de relançamento da reforma do Conselho de Segurança (porque só se ouve o Papa clamar urgência) e o que pensa a Europa fazer em relação ao mandato de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o Presidente sudanês Omar al-Bashir - Carl Bildt alternou entre a clareza desarmante e a prudência pouco reveladora.
Em relação às Nações Unidas, Bildt não mediu palavras: "a Europa está dividida: uns são membros permanentes do Conselho de Segurança, outros não, e mesmo este último grupo não está unido. Não há posição comum, nem parece que no fim dos nossos seis meses como Presidência isso vá mudar."
Triste constatação, esta. A Europa demite-se de reformar as NU, num momento sem precedentes em que do lado de lá do Atlântico a Administração Obama poderia alinhar.
No que diz respeito à captura do "fugitivo" Omar al-Bashir, dominam as ambiguidades. Bildt limitou-se a descrever o dilema: suspende-se provisoriamente o mandato de captura na esperança de assim incentivar a estabilização do Darfur, impedir uma explosão de violência entre o Norte e o Sul do Sudão, e pressionar as autoridades para finalmente adoptar medidas judiciais que ponham fim à impunidade do regime no Darfur OU mantém-se a firmeza dos princípios e começa-se a pensar seriamente em medidas que contribuam para acelerar a entrega de Bashir ao Tribunal em Haia?
É este o dilema: mas Bildt não esclareceu qual vai ser a posição da UE.

E o Presidente não diz nada?!

Como se não bastasse a sua provocante proposta de eliminação do representante da República nas regiões autónomas e de criação do cargo de presidente da região, com poderes de promulgação legislativa e de convocação de referendos regionais, Alberto João Jardim veio também dizer que vai fazer um referendo a essas mesmas propostas na Madeira.
Sabendo-se que a convocação de referendos cabe exclusivamente ao Presidente da República e que não pode haver referendos sobre propostas inconstitucionais nem sobre matéria cosntitcional (como é o caso), até quando é que Cavaco Silva, normalmente tão zeloso das suas prerrogativas constitucionais (e bem!), resolve dizer "basta" às provocações institucionais do líder regional madeirense?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Por Sintra. Por si.


"Nas voltas e visitas que tenho feito pelas 20 freguesias de Sintra, tenho sido confrontada com algumas realidades muito pior do que esperava: problemas, bloqueios, desleixos, desmandos, insegurança, desinvestimento, crimes urbanisticos e ambientais inconcebíveis (...). Realidades que, em parte, já vêm de décadas atrás, mas que se agravaram nos últimos oito anos, face ao desinteresse, ao distanciamento e à superficialidade da liderança da Câmara.
Mas consola e estimula perceber que, por muito antigos, enraizados e intratáveis que pareçam os problemas, a população de Sintra não baixa braços. E há - arreigada, persistente, perseverante - uma fabulosa energia comunitária, feita de trabalho dedicado e na maior parte dos casos voluntário, que determina as pessoas, associadas, a lutar em conjunto pelos seus interesses. Foi isso que admirei em muitas instituições que recentemente visitei".
Este é o início de um texto que escrevi para o site da minha candidatura à presidência da Câmara de Sintra em 13 de Julho.
Se quiser ler o resto e acompanhar o progresso da campanha consulte o site aqui.
E se quiser seguir o que já vou "twittando" por Sintra, e não só, siga-me aqui .

sábado, 18 de julho de 2009

Twin peaks

Há anos que defendo no meu ensino (e também em intervenções públicas) a reforma do modelo de regulação dos mercados financeiros vigente entre nós, baseado em três entidades reguladoras estritamente sectoriais (banca, seguros e valores mobiliários). A alternativa que ultimamente defendo é o chamado modelo "twin peaks", oriundo da Austrália, que consiste em apenas duas entidades, com funções distintas mas com jurisdição sobre todos os referidos sectores, uma para a "regulação prudencial" (segurança financeira das instituições) e outra para a "regulação comportamental" (actuação no mercado e relações com os consumidores).
É este o modelo agora posto oficialmente à discussão também em Portugal. O Banco de Portugal alargaria a sua competência de supervisão prudencial a todas as instituições financeiras (e não somente à banca, como hoje), perdendo porém as funções de regulação comportamental, que seriam confiadas a outra entidade (provavelmente a CMVM remodelada), também com jurisdição sobre todas as instituições e mercados financeiros (e não somente o mercado de títulos, como hoje). As funções do Instituto dos Seguros de Portugal seriam absorvidas por aquelas duas autoridades reguladoras.

Novas responsabilidades

Por razões de responsabilidade política, não pude furtar-me a assumir a presidência da Comissão parlamentar de Comércio Internacional no Parlamento Europeu.
Depois de ao longo da minha vida académica ter estudado (e ensinado) vários ramos de direito público, bem como ciência política e regulação pública, entre outras disciplinas, estava longe de pensar que ainda haveria de ter de me interessar pelo comércio internacional! Surpresas da vida política...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Lisboa: re-eleger António Costa!


Apoio a re-eleição do António Costa para a Câmara Municipal de Lisboa, pois claro!
E só não estou no Jardim de S. Pedro de Alcântara - que o António em boa hora reabriu ao público - onde vai ter lugar, daqui a pouco, o lançamento da sua candidatura, porque não posso mesmo (primeira sessão da nova legislatura do Parlamento Europeu em Estrasburgo "oblige") .
Que pesadas responsabilidades terão de assumir o PC, o BE e Helena Roseta se inviabilizarem uma coligação que permita derrotar a Direita coligada em Lisboa! Que indesculpáveis responsabilidades se entregarem assim, de bandeja, o poder aos mesmissimos irresponsáveis que durante alguns degradaram, desgovernaram e afundaram financeiramente Lisboa!
Como alfacinha de gema e como sintrense de coração é o António que eu quero continuar a ver nos Paços do Concelho!
É com o António que eu quero trabalhar, quando for eleita presidente da Câmara de Sintra, a partir de Outubro próximo - articuladamente, estratégicamente, em sinergia, como devem trabalhar Lisboa e Sintra. Por políticas que sirvam os cidadãos, que lhes incutam o gosto e o orgulho de se afirmarem sintrenses ou lisboetas, que lhes devolvam a devida qualidade de vida.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Alegrias desta vida....

Um Sr. C.A.S. Carreira mandou-me hoje o seguinte mail:

"Senhora Deputada e concorrente a dois cargos, caso um deles falhe, QUE VERGONHA.
E pessoas como a Senhora que nos fazem crer cada vez menos nos nossos “representantes”, se é que nos representam, e fazem com que, como eu, não votemos apesar de Socialista.
São pessoas como a Senhora e a Dr. Elisa Ferreira, que nos fazem deixar de crer no Partido Socialista.
É só tachos e ainda ousam falar dos outros partidos e sobretudo, Minhas Senhoras, não terem sequer vergonha de falar de uma pessoa integra como é o Dr. Manuel Alegre.
Dobrem vossas línguas quando falam de um homem como o Dr. M. Alegre porque nem sequer lhes chegam aos calcanhares.
PESSOAS COMO AS SENHORAS NÃO INTERESAM A NINGUEM E ESTAO A MAIS NA POLITICA PREJUDICANDO OS IDEAIS DO SOCIALISMO.
BASTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA"


E eu respondi-lhe assim:

"Caro Senhor Carreira
Em resposta à sua mensagem, só tenho a sugerir que, se quiser, anote o seguinte:
1. Muito antes das eleições europeias esclareci que não acumularia dois cargos: se for eleita para a presidência da Câmara Municipal de Sintra, renunciarei ao mandato no Parlamento Europeu. Estou empenhada em servir os munícipes de Sintra e estou convicta de que posso ser eleita para Sintra.
2. Estou exactamente na mesma situação em que estava o Deputado Manuel Alegre quando se candidatou à Presidência da República: a exercer um mandato parlamentar. Ele, então, não se demitiu do cargo de deputado para ser candidato presidencial. Não tendo sido eleito PR, ele continuou a exercer funções parlamentares, até hoje.
Responda, Sr. Carreira, ao menos para os seus botões: o que dá então autoridade política e ética ao Deputado Manuel Alegre para me vir agora interpelar?
3 - Eu não estou na política por falta de emprego. Sou diplomata de carreira, admitida por concurso público, indubitavelmente o mais exigente na Administração Pública em Portugal. Fui embaixadora, poderia hoje ser embaixadora e poderei voltar a ser embaixadora amanhã.
- Estou na política por sentido de dever cívico e de serviço público. Como SOCIALISTA. Mensagens equivocadas como a sua não me fazem sentir a mais na política. Pelo contrário, reforçam-me na convicção de ficar e de continuar a lutar.
Ora, passe muito bem.
Ana Gomes "

PGR a leste .... dos “voos da CIA”

Ontem em declarações na AR a vários jornalistas, entre os quais Maria Flor Pedroso, o Procurador-Geral da República, Juiz Conselheiro Pinto Monteiro, declarou que achava que a investigação dos “voos da CIA” tinha sido arquivada e muito “bem arquivada, como aliás em toda a Europa”. E, chocado com as minhas insistências para que esta investigação continue, questionou : “em que país da Europa estão a ser julgados “casos da CIA””?
Eu respondo: pelo menos em três, Senhor Procurador Geral: em Itália, na Alemanha e em Espanha (e também no Canadá e nos EUA).
De tal maneira que há 39 agentes da CIA alvos de mandatos de captura alemães e italianos por envolvimento em rapto e tortura nos casos de Khaled el-Masri e Abu Omar.
Mais, desses 39 indivíduos, 8 aparecem entre os 148 nomes que a própria PGR identifica como tendo passado por território nacional no contexto dos “voos da CIA” entre 2002 e 2006.
Mas a investigação da PGR não parece ter-se sequer dado ao trabalho de comparar os nomes dos agentes da CIA sob mandato de captura com os 148 norte-americanos que passaram por Portugal nos voos investigados .
E o mais curioso é que o próprio Despacho de Arquivamento proferido pela PGR menciona as tais investigações que o Senhor Procurador-Geral disse que teriam sido também "bem arquivadas". As tais que afinal prosseguem e até resultaram já em 39 mandatos de captura noutros países europeus...
Que o Senhor Procurador-Geral não leia os jornais nacionais em que se têm relatado os progressos das investigações alemã, italiana e espanhola, é compreensível, face às pilhas de processos que lhe atulharão a PGR.
Que os Senhores Procuradores responsáveis por este inquérito, e que trabalham sob a alçada do Senhor Procurador-Geral, não conheçam o Google, que desde logo os alertaria para o facto de 8 dos agentes da CIA que passaram por Portugal serem alvo de mandatos de captura italianos e alemães, enfim....
Mas que o Senhor Procurador Geral da República não tenha sequer lido o conteúdo do Despacho de Arquivamento da Procuradoria que dirige, no mínimo "não é sério", para me ficar pelo mesmo qualificativo que o Juiz Conselheiro Pinto Monteiro aplicou à minha reclamação sobre a decisão de arquivamento.
Diz a página 131 do Despacho de Arquivamento que “relativamente a tais factos [“caso el-Masri”], correu termos processo no Tribunal de Munique, Alemanha.”
Diz a página 132 do DA que “relativamente a tais factos [“caso Abu Omar”], correu termos no Tribunal de Milão o processo... tendo sido já indiciados diversos indivíduos (agentes da CIA, agentes dos serviços secretos italianos e agentes da polícia italiana”.
Correram termos e correm ainda. E em Itália há até responsáveis dos Serviços Secretos desse país também arguidos, por cumplicidade com os agentes da CIA sob mandato de captura.
Mas já que o Senhor Procurador-Geral não teve tempo para se debruçar sobre o Despacho de Arquivamento proferido pela sua Procuradoria, espero ao menos que encontre uns momentos para dar uma vista de olhos ao Requerimento com reclamação e pedido de prosseguimento de inquérito que eu fiz chegar há dois dias à PGR. (Resumo disponível aqui.)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A PGR e os "voos da CIA"

Já está na Aba da Causa o resumo da minha resposta ao Despacho de Arquivamento da PGR sobre a investigação dos "voos da CIA". Em breve, também aqui colocarei um link para a resposta propriamente dita.
Longe de demonstrar que esta investigação deve ser interrompida, o Despacho de Arquivamento e os muitos volumes de documentos que resultaram desta investigação mostram que, no mínimo, abundam pistas importantes.
Por exemplo, porque é que a PGR não menciona uma única vez que, entre os 148 nomes de cidadãos americanos que mais avidamente frequentavam os aeroportos portugueses, e que a própria PGR indentificou, constam 8 agentes da CIA alvos de mandatos de captura alemães e italianos (no contexto das investigações judiciais alemã e italiana sobre as "extraordinary renditions")?
Talvez a PGR não conheça o Google. É que na maior parte dos casos, uma simples busca na net revelava o envolvimento destes indivíduos nas "extraordinary rendintions"...