segunda-feira, 19 de abril de 2004

Euroenglish

Até aos anos 90 o Francês manteve um lugar paritário com o Inglês como língua de trabalho na UE, aliás com predominância na Comissão, ajudado pela envolvência francófona de Bruxelas. A entrada dos países escandinavos, onde a língua de Molière não é cultivada, representou um sério golpe para a sua importância na Comunidade, acentuado o crescente predomínio do Inglês. (Por exemplo, no mestrado europeu de direitos humanos em que participo deixou de ser possível fazer cumprir, em relação a esses países, o requisito de conhecimento de Francês que consta dos estatutos originários...). O alargamento para 25 países com os países do Leste vai traduzir-se numa segunda machadada nas pretensões do Francês, como reconhece o próprio Le Monde. A única língua veicular comum passa a ser definitivamente a língua de Shakespeare, embora numa versão Euroenglish, bem mais pobre e mais funcional.
A UE está em vias de possuir uma Constituição, que também define um hino e um dia oficial da União. Não consta dela a definição de uma língua da União. Mas não é preciso: na vida real ela é imparavelmente o Inglês.