Aqui fica o que disse hoje no Conselho Superior (Antena 1) sobre as ofensas que o Primeiro Ministro dirigiu a reformados com longa carreira contributitiva e outros desconchavos da Justiça e da desgovernação em Portugal.
Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
PM insulta reformados
Aqui fica o que disse hoje no Conselho Superior (Antena 1) sobre as ofensas que o Primeiro Ministro dirigiu a reformados com longa carreira contributitiva e outros desconchavos da Justiça e da desgovernação em Portugal.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Justiça fiscal na UE e em Portugal?
Sem ter de repatriar esses activos, sem ter que revelar a possível origem criminosa desses activos e, ainda por cima, escandalosamente garantindo-lhes a protecção do segredo!
Onde está a justiça, a igualdade e a equidade sobre as quais o Presidente Barroso hoje aqui falou, mas que os cidadãos europeus, sofrendo o desemprego e a pobreza em consequência da crise, não vêm de tido a UE pôr em prática?"
Foi a pergunta que dirigi esta manhã ao Presidente da Comissão Europeia em debate no PE sobre as propostas da Comissão e de Van Rompuy em debate na próxima Cimeira Europeia. A propósito deste assunto, já enviei uma pergunta escrita à Comissão. A resposta pode ser encontrada aqui.
Barroso não respondeu - para espanto de muitos parlamentares, havia entretanto abandonado o hemiciclo, deixando um dos seus Comissários a fingir que respondia.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Governo alienado do povo
No Conselho Superior da Antena1 desta manhã acusei o governo de estar alienado do povo português, por não exigir que as condições decididas para a Grécia na semana passada sejam aplicadas a Portugal.
Recordei que o ministro Vítor Gaspar disse, no mesmo dia em que o Eurogrupo decidiu alterar as condições gregas, que o programa devia aplicar-se a Portugal. E que o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, também afirmara que as mesmas regras deveriam ser aplicadas a Portugal e Irlanda: “não se enganou, não ouviu mal”, sublinhei.
Mantive que a aplicação de algumas medidas decididas para a Grécia a Portugal, por virtude do principio da igualdade, nos beneficiaria ao viabilizar reduções nas taxas de juro, a carência do pagamento de juros durante alguns anos e a extensão das maturidades. O que nos permitiria respirar, neste Portugal onde o Governo de Passos Coelho despreza arranjar meios para promover o crescimento e onde os níveis de desemprego atingem níveis estratoesféricos.
“Não se entende, não se aceita este recuo às ordens da Alemanha, de uma forma contrária aos procedimentos europeus, ao princípio da igualdade invocado por Juncker e Gaspar, e contrária à justiça mais elementar”, considerei, acusando os governos da Alemanha e Portugal: “A Alemanha está a mentir ao povo alemão, porque na verdade está a fazer-se uma reestruturação da dívida grega. O Governo português está a mentir ao dizer que não quer ficar com a reputação estragada por causa da Grécia, quando na verdade se está a demitir de exigir medidas que seriam benéficas para Portugal".
Um PM amnésico
“O primeiro-ministro é que sofre de amnésia e de desfaçatez sem medida quando diz o que diz, e quando esquece as promessas que fez aos portugueses e as críticas que fez ao PS para chegar ao poder”, disse eu no Conselho Superior da Antena 1 na semana passada, dia 27/11/2012, recordando que em Março de 2011 Passos Coelho assegurava que era um disparate mexer nos subsídios de férias e de Natal.
Considerei nessa manhã, horas depois de ser alcançado entenfimento entre o Eurogrupo e o Fundo Monetário Internacional para dar mais tempo e juros mais baixos à Grécia e para perdoar parte da dívida daquele país, que aquele acordo era “demonstração de como está fundamentalmente errada a obstinação do primeiro-ministro nesta austeridade do custe o que custar”.
Parti, como muita outra gente conhecedora dos precedentes e do principio de igualdade que seria aplicável entre membros do Eurogrupo, do pressuposto de que aquele acordo, aliviando as condições de ajustamento para a Grécia, acabaria por ter repercussões benéficas para Portugal.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Sem comentários
(in Jornal de Angola, 20/11/12, http://jornaldeangola.sapo.ao/23/0/23/foto_do_dia_1019)
(in Jornal de Angola, 26/11/12, http://jornaldeangola.sapo.ao/23/0/23/foto_do_dia_1023)
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
O futuro da Europa em jogo no Conselho Europeu da semana passada
Esta questão é de maior importância para um país como o nosso em crise, porque é deste orçamento que vem a maior fonte de investimento para o país. Esta proposta de redução é inaceitável também para o Parlamento Europeu que está aqui, tem poderes e vai utilizá-los a escorar a Comissão Europeia, que está também a tentar travar esta revolução. O orçamento representa cerca de 1 por cento do PIB e é 45 vezes mais pequeno que a soma dos 27 orçamentos dos países membros da UE juntos.
Não me admiraria que não houvesse acordo nesta cimeira e que esta questão fosse reenviada para Maio do próximo ano.
Temo que estes adiamentos tenham um impacto grave nos mercados e que transmitam uma imagem de incapacidade da UE para lidar com a crise.
Está em causa a pertença do Reino-Unido à UE. O Reino-Unido que está a fazer a sua chantagem mas que desta vez está a levá-la longe demais. Tanto o partido conservador como o partido trabalhista criaram uma armadilha perigosíssima que pode desligar o Reino-Unido da UE, e a UE sem o Reino-Unido não seria a UE em todos os sentidos.
Temo sobretudo que um adiamento tenha um impacto devastador numa Europa em recessão. Recessão que engloba toda a União, porque até a Alemanha está a começar a pagar a factura das políticas erradas de austeridade punitiva.
O adiamento desta decisão sobre o orçamento comunitário, junto a outros adiamentos de decisões importantes como a do empréstimo à Grécia - que está num impasse porque a Alemanha não quer reestruturar a divida e fazer países como a própria Alemanha pagar por isso - ou ainda decisões relativas à união bancária, são muito preocupantes."
Foi o que eu disse no Conselho Superior de 20 de Novembro de 2012:
http://www.rtp.pt/play/p296/e99563/conselho-superior
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Café Pushkin
E foi isso que fiz hoje, sem a Natalie de Bécaud, é certo, mas não sem o chocolate quente, nem sem a emoção que quase cinco décadas de distância dessa canção terna não estiolaram.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Fracas figuras na Cimeira Europeia
Sublinhei o papel desempenhado nessa ultima Cimeira Europeia pelo presidente francês François Hollande "combatendo várias perversas ideias, entre elas a prisão perpétua da austeridade que amarra países como o nosso e que é imposta pela visão obsessiva de Angela Merkel".
Sublinhei a importância de Hollande ter unido a sua voz às dos chefes de governo da Itália, Grécia e Irlanda. "Quem não se ouviu foi Pedro Passos Coelho, em nome de Portugal", que "desperdiçou as palavras do presidente francês, tal como tem desperdiçado a admissão por parte do FMI, do erro de cálculo do impacto das medidas de austeridade".
Critiquei ainda o PM português por grosseiramente ter criticado François Hollande "que lhe estava a dar a mão", chegando mesmo ao desplante de afirmar que Portugal 'se sente confortável' com o programa de austeridade.
Acusei também Durão Barroso de inação ao não ter posto a Comissão Europeia a reagir à admissão do erro do FMI, e ao não ter pedido à troika para rever o impacto desse mesmo erro, concluindo que "Barroso não defende Portugal na CE, ao contrário do que estupidamente repetiu José Sócrates, quando o apoiou para um novo mandato em 2009".
sábado, 27 de outubro de 2012
E depois? (3)
Isto é válido mesmo (se não especialmente) em tempos difíceis.
E depois? (2)
E depois?
Ele não indica, porém, ao abrigo de que poder presidencial é que isso poderia ser feito -constitucionalmente, bem entendido.
E também não nos diz qual o passo seguinte:
- novo governo no actual quadro parlamentar, por exemplo PSD-PS? Suposto que solução legítima (o PS foi claramente afastado do governo nas últimas eleições), há condições para isso?
- governo independente de iniciativa presidencial ? Que legitimidade (se não tivesse o apoio expresso do parlamento) e que autoridade teria, e quanto tempo duraria?
- dissolução da AR e convocação de eleições antecipadas? Alguma perspectiva de uma nova maioria?
E se o "tiro saísse pela culatra", criando-se um impasse político, que margem de manobra e de credibilidade política restaria para o Presidente da República?
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
O Provedor não tem razão
O Provedor condena a previsão legal de provedores dos utentes nas ordens profissionais, que aliás já consta da lei em vigor. Mas não tem razão.
O Provedor tem a missão de defender os direitos e interesses das pessoas contra os poderes públicos, o que pode incluir as ordens profissionais, que são entidades de direito público. Todavia, os tais provedores das ordens não visam defender os profissionais contra as suas ordens mas sim defender os direitos e interesses dos utentes contra os prestadores de serviços profissionais, que obviamente não são poderes públicos. Portanto, o Provedor nunca poderia ser competente nessa matéria.
Há uma manifesta confusão na queixa do Provedor. Há mais provedores além do Provedor!
Adenda
Se há algo de censurável na proposta de lei é os provedores dos utentes continuarem a ser facultativos, à discrição das ordens. Deveriam ser legalmente obrigatórios.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Metade da história
Trata-se, porém, só de metade da história.
Primeiro, a irresponsabilidade do sector financeiro foi muito facilitado, se não ajudado, pela falta de adequada regulação (que a União não providenciou) e pela incapacidade da União para criar uma regulação efectiva a nível do mercado interno, mantendo-se por isso uma regulação fragmentada a nível nacional, quando o mercado financeiro rapidamente eliminou fronteiras.
Segundo, o laxismo financeiro e o endividamento excessivo de muitos Estados-membros só foi possível porque o Pacto de Estabilidade e Crescimento "não tinha dentes" e porque a União pactuou com a sua sucessiva violação, tanto directa (défices acima do permitido), quer indirectamente (através de manobras de desorçamentação, que escondiam os défices mas não escondiam o endividamento).
Por conseguinte, as instituições da União, incluindo a Comissão, são corresponsáveis, primeiro pela crise financeira, depois pela crise da dívida pública.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Radicalismos
Os partidos de protesto adoram estas situações, cavalgando e espevitando os protestos sociais. Os partidos de governo, porém, mesmo quando na oposição, devem manter cabeça fria e sentido de responsabilidade.
Presidente
Mas num Estado constitucional como o nosso, o Presidente só pode e deve fazer o que a Constituição manda ou permite. Em Portugal o Presidente não governa, nem é responsável pela acção governativa, nem tutela ou superintende no Governo. Cabe-lhe velar pelo regular funcionamento das instituições, não pelo conteúdo das politicas governamentais.
Em última instância, em caso de impasse político, o Presidente pode convocar eleições antecipadas. Mas tratando-se de uma interrupção do mandato eleitoral do Governo e da maioria parlamentar, o Presidente precisa de ter adequada justificação e sobretudo precisa de ter razoável certeza de que das eleições resultará uma alternativa de governo efectiva, sob pena de lhe ser imputado um passo em falso.
O Presidente não tem deixado de varrer a sua testada, no exercício da sua liberdade de expressão constitucional. A meu ver, até deveria ser mais prudente e contido nessa matéria, evitando "recomendar" políticas concretas. Deve sempre cuidar de preservar a autoridade e a imparcialidade no cargo.
Impostos
Todavia, há alguns factores que podem infirmar esse prognóstico generalizado.
Primeiro, tudo indica, mesmo nas previsões mais pessimistas, que no próximo ano a recessão vai ser inferior à do ano corrente.
Segundo, e mais importante, no próxino ano o esforço fiscal não vai incider sobre o IVA mas sim sobre o IRS, que não é afectado directamente pela quebra do consumo, como sucedeu este ano. Mesmo que os rendimentos também desçam (desemprego, cortes salariais), essa variação será menos dramática do que a descida da despesa em 2012.
Terceiro, não é crível que, depois de terem falhado tão estrondosamente as previsões da receita fiscal para este ano, o Governo e a troika não tenham tomado deste vez maiores cautelas na matéria.
As projecções do Governo podem falhar por optimismo, mas a visão catastrofista não parece ter maiores fundamentos.
Um pouco mais de rigor sff
Primeiro, paga-se imposto sobre o "rendimento colectável" e não sobre o rendimento bruto, a que se deduz à cabeça as contribuições para a segurança social ou a dedução prevista na lei, conforme o que for maior.
Segundo, a taxa marginal só se aplica à fatia do rendimento colectável que excede o limiar do escalão dessa taxa. O resto do rendimento colectável é tributado por uma taxa que é a média das taxas dos escalões inferiores.
Terceiro, há ainda que descontar ao imposto assim calculado as "deduções à colecta" (despesas de saúde e de educação, rendas, etc.), até um certo limite.
Por último, há um conjunto de rendimentos que pagam uma taxa única, que vai ser de 28%, onde se incluem os juros de depósitos e outros rendimentos de capital, mais o rendimento de rendas, a partir de agora, e que portanto não pagam uma taxa maior (nem menor), qualquer que seja o o montante desses rendimentos ou o rendimento global do contribuente.
PS
Como era de esperar, dadas as conhecidas posições de cada um, foram duas visões distintas, porém num ambiente distendido, franco e honesto. Dá gosto estar num partido assim, com esta diversidade e com esta liberdade interna.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Por que não se cala?!
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Rebelião
Neste momento, centenas de presidentes e vereadores de câmara municipal do PSD, bem como de presidentes e vogais de junta de freguesia, estão à beira de um ataque de nervos, com a perspectiva de uma enorme derrota do PSD nas eleições locais do próximo ano. Sendo o PSD um partido de eleitos locais, aproximam-se tempos difíceis para a estabilidade interna do PSD. Não é diicil imaginar que muitos autarcas laranjas não querem pagar os custos das políticas de austeridade...
Privilégio
Foram finalmente equiparados os dois regimes.
Lei eleitoral
Primeiro, a iniciativa desvia as atenções da questão magna do programa superausteritário anunciado pelo Governo, que estava a ser bem explorado pelo PS. Segundo, ao deixar destacar a proposta de redução do número dos deputados, que o PS sempre se recusou a admitir isoladamente, Seguro corre o riso de ser mal interpretado, no sentido de estar a explorar a acusação populista dos "deputados a mais". Terceiro, a proposta de revisão da lei eleitoral é um típico "no go" nas actuais condições políticas, pois o CDS sempre vetará qualquer redução do número de deputados, pelas mesmas razões do PCP, já tendo vetado antes, pelas mesmas razões, a reforma do governo municipal, que previa a exclusão dos vereadores da oposição da câmara municipal.
Pode haver muitas razões para rever a lei eleitoral, incluindo a redução do numero de deputados. Mas convém escolher o momento mais azado para o efeito...
Imposto negativo
Mas a ideia parece ter sido esquecida rapidamente, não havendo o mínimo traço dela no orçamento apresentado à AR.
IMI
Pode aceitar-se uma redução do IMI para um certo número de entidades. Não se compreende a isenção total. O melhor meio de evitar aumentos enormes do IMI de quem o paga é ampliar a base de incidiência do imposto.
A fronda
Tenho por evidente que nas actuais circunstâncias a alternativa para o aumento de impostos seria um corte selvagem nas despesas com a saúde, a educação e a protecção social. Por mim, não tenho dúvidas sobre a opção.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Self interest
Não tenho dúvidas sobre as alternativas...
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Este governo já era...
"A Moody's já percebeu que este governo já era e que a alternativa para Portugal é o PS"
disse eu, hoje, no Conselho Superior/ Antena 1
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=591837&tm=9&layout=123&visual=61
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Professor Armando Marques Guedes
Não o conhecia antes.
Viemos a conviver simpaticamente quando presidia ao Tribunal Constitucional e eu servia em Belém, na assessoria diplomática do Presidente Ramalho Eanes. A convivência também era alimentada pelo contacto diário com sua Mulher, a especialissima Clarinha, que muito pontificava no Protocolo de Estado. Com ambos fiz várias visitas de Estado, guardando saborosas recordaçōes.
Um professor tranquilo e afável. Um jurista etéreo, parecia-me. Um Senhor, indubitavelmente.
Sentidas condolências à Família. Paz à sua alma.
Passos dixit...
- Não sou a favor de mais impostos. Acho que o Estado tem que dar o exemplo. Nós não devemos aumentar os impostos. O orçamento que foi apresentado na AR este ano, de alguma maneira, vai buscar a quem não pode fugir. E portanto precisamos de um Governo não socialista em Portugal.
- Não faz sentido estar a pedir às pessoas, às familias portuguesas, para pagarem mais a crise e, ao mesmo tempo, o Estado estar a atribuir milhões de euros de prémios e de bónus aos gestores públicos.
- Na prática estão a preparar-se para aumentar a carga fiscal. Como? Reduzindo as deduções que nós podemos fazer em sede de IRS.
- .... de tratar os Portugueses à bruta e de lhes dizer: agora não há outra solução, nós temos um défice muito grande e os senhores vão ter que o pagar.
- Já sugeri mais do que uma vez a substituição do PGR.
- Aqueles que hoje cumprem, esses não têm a ajuda de ninguém, esses pagam a crise. Esses têm de pagar mais impostos.
- Eu penso que não é dito que os salários mais baixos da função publica possam não perder poder de compra, isto é serem actualizados apenas pelo nivel da inflação; e portanto só há duas maneiras de fazer isto: tributar mais, também, o capital financeiro, concerteza que sim.
- Não se pode manter o país a gerir a austeridade sem reforma estrutural, sem crescimento.
- A politica de privatizações em Portugal será criminosa nos próximos anos se visar apenas vender activos ao desbarato para arranjar dinheiro.
- Os sacrifícios nao têm sido distribuidos com justiça nem equidade.
- Muito importante é que esse resultado seja alcançado sobretudo pela via do corte da despesa, que não sobretudo à custa da receita fiscal.
- Não contarão (com o PSD) para mais ataques à classe média, em nome dos problemas externos. Nós não olhamos para as classes de rendimentos a partir dos 1000 euros, dizendo "aqui estao os ricos de Portugal, que paguem a crise".
- Nós temos um nível de vida mais caro do que a maioria das nações desta Europa fora, com ordenados bem mais baixos.
- Nós obrigamos as pessoas a pagarem com aquilo que não têm.
- A nossa (segunda) condição: a de não trazerem um novo aumento de impostos, nem directos, nem encapotados.
- Tenciona o Governo que os portugueses paguem mais em impostos, em 2011, 460 milhões de euros?
- Acusa-nos o PS de querer liberalizar os despedimentos. Que lata.
- Espero que esse Orçamento não traga mais impostos.
- E já estão a fazer sacrifícios, mas eles não estão a ser distribuídos com justiça na sociedade portuguesa.
- Relativamente aos medicamentos, que tinham até hoje uma comparticipação de cerca de 100%, porque correspondiam a doenças graves que atingem muitas vezes pessoas que não têm condições para comprar esses medicamentos. A esses baixa-se as comparticipações , para esses não há dinheiro para o Estado apoiar.
- Mas do nosso lado, não contem para mais impostos.
- Para que o caminho que têm pela frente não seja ainda de mais impostos, de mais desemprego e de mais falências de empresas.
- Aqueles que têm mais dificuldades vêem progressivamente o Estado retirar as suas contribuições, é nos medicamentos, é na presença de serviços públicos.
- E provável que o desemprego continue a aumentar e nós vamos dizer que é por causa da crise?
- Não é justo que ricos e pobres tenham o mesmo esforço quando beneficiam das politicas públicas. Não podem ser aqueles que têm uma dimensão económica mais modesta, que vão ter de pagar para aqueles que precisam menos.
- Passados 5 meses, o Governo limitou-se a aumentar os impostos.
- Foi o próprio Governo que confessou a sua incapacidade quando anunciou o PEC III, lançando de novo encargos sobre as pessoas e as famílias e antecipando medidas que só estavam previstas para o OE 2011. Segue o caminho mais fácil.
- Não é só um problema de justiça na repartição dos sacrifícios. E também de saber se teremos condições nos anos futuros de cumprir os nossos objectivos.
- Não matemos o doente com a cura.
- Querem que quando seja preciso apertar o cinto não fiquem aqueles com a barriga maior, com o cinto mais largo, a desapertar o cinto e a folgá-lo.
- Não podemos em 2011 fazer o que outros fizeram no passado. Não dizemos hoje uma coisa e amanhã outra.
- Não basta austeridade e cortes. Não se pode cortar cegamente.
- As medidas agora anunciadas traduzem uma incompreensível insistência no erro, porque se volta a lançar exigências adicionais sobre aqueles que sempre são sacrificados, porque se atacam uma vez mais os alicerces básicos do Estado Social.
- Nós precisamos de valorizar cada vez mais a palavra, para que quando ela é proferida possamos acreditar nela.
- Espero, como futuro PM, nunca dizer ao país, ingenuamente, que não conhecemos a situação. Nós temos uma noção de como as coisas estão.
- Se eu fosse PM, nós não estávamos hoje com as calças na mão, a pedir e a impor mais um plano de austeridade.
- Outra vez medidas extraordinárias, a transferência do fundo de pensões da PT para o Estado. Não podemos pôr pensionistas a pagar.
- Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal ainda, a minha garantia é a de que ele seria canalizado para os impostos sobre o consumo e não para impostos sobre o rendimento das pessoas.
- Já ouvi o PM dizer, infelizmente, que o PSD quer acabar com muitas coisas e tambem com o 13° mês. Mas nós nunca falamos nisso. E isso é um perfeito disparate.
- O que o país precisa para superar esta situação de dificuldade não é de mais austeridade. Portugal já vive em austeridade.
- O PSD acha que o aumento de impostos, que já está previsto por este Governo, já é mais que suficiente. Não é preciso fazer mais aumentos de impostos. O IVA não é para subir. Achamos que a carga fiscal que está definida é mais do que a necessária. Não precisamos de ir mais longe, nesse aspecto.
- (O PSD) conseguiu defender a possibilidade de os portugueses continuarem a deduzir despesas sociais na área da saúde, da educação e da habitação, que o PS queria cancelar em sede de IRS.
- Temos pessoas que deixaram de ter subsídio de desemprego, quase 300 mil pessoas.
- Estes que hoje sofrem, estes que não se sabem hoje defender, encontrarão sempre em mim, e no futuro governo do PSD, um aliado amigo.
- Importante, em primeiro lugar, não repetir os mesmos erros do passado, que conduziram à recessão económica.
- Precisamos diminuir mais a despesa e aumentar mais a base fiscal, para obter uma receita fiscal maior. Não de aumentar os impostos.
- Eu não quero ser PM para dar empregos ao PSD, eu não quero ser PM para proteger aqueles que são mais ricos em Portugal."
São transcrições que reproduzo do vídeo publicado pelo blogue Aventar no You Tube: "The Best of Passos Coelho" com frases proferidas em 2010 e 2011
http://www.rtp.pt/play/p296/e94359/conselho-superior
Armando Marques Guedes, 1919-2012
Ele contribuiu decididamente para a afirmação da autoridade judicial e para a conquista da legitimação pública do Tribunal Constitucional e da justiça constitucional entre nós. Não é pouca coisa.
Aqui fica a minha homenagem pessoal.
sábado, 29 de setembro de 2012
Incontinência
Já vai sendo tempo de a titular da pasta aprender que a incontinência verbal mata...
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Recuo TSU e derrapagens OE, metas e...decência
comentei uma e outra.
E insurgi-me contra a perigosa injustiça de termos mais de metade dos desempregados já sem receber subsídio de desemprego, logo empurrados a "ir roubar para a estrada".
Enquanto são protegidos de investigações judiciais e poupados nos impostos banqueiros como Ricardo Salgado e Ricciardi, do BES, apesar de identificados como responsáveis pela transferência de capitais para paraísos fiscais envolvendo, pelo menos, o crime de evasão fiscal.
sábado, 22 de setembro de 2012
TSU (4)
Já não choca, em abstracto, nem o nivel elevado que a contribuição laboral da TSU atingirá (18%) nem o facto de ela passar a ser igual à contribuição empresarial (mercê da redução desta para a mesma taxa).
Na verdade, há países onde a contribuição laboral para a segurança social é ainda mais alta, como na Alemanha (21,63%) e na Áustria (18,60%), tendo em conta porém que nesses países a segurança social tem cobertura mais ampla do que entre nós. E também há países onde a taxa laboral é superior à taxa das empresas, como a Alemanha (cerca de 1pp a mais), a Holanda (mais de 3 pp a mais) e o Japão (quase 1 pp a mais), por coincidência todos eles países altamente competitivos e dotados de sistemas de segurança social de elevado gabarito...
TSU (3)
Todavia, para além da dificuldade da distinção no concreto (hoje muitos serviços também são exportáveis), não se vê razão para estimular a competividade somente das empresas exportadoras e não das que produzem para o mercado doméstico, primeiro porque elas competem muitas vezes com produtos ou serviços importados e, segundo, porque elas contam para os custos das empresas exportadoras (energia, transportes, telecomunicações, etc.).
A distinção a fazer, se alguma, deveria ser entre as empresas sujeitas à concorrência, e que por issso, serão pressionadas a reduzir os preços, incorporando a redução de custos, e as empresas que operam em sectores protegidos (como as "utilities" em geral), em que seria necessário obrigá-las, por via regulatória, a repercutir a redução dos custos laborais no seu nivel de preços.
Por isso, se a revisão da TSU for para a frente, nos termos anunciados ou reformulados, o mínimo que o Governo deveria fazer era encarregar a Autoridade da Concorrrência e as autoridades reguladoras sectoriais de monitorizar o seu impacto nos preços e obrigar as empresas beneficiárias, salvo que tenham reduzido número de trabalhadores, a reportar àquelas autoridades sobre o que fizeram da poupança de quase 6 pontos percentuais nos encargos laborais.
TSU (2)
Na verdade, essa medida encontra-se desde o início no "Programa de Ajustamento" -- como medida estrutural de redução dos custos laborais das empresas, em favor da competividade da economia --, só não tendo sido concretizada por falta de receitas fiscais adicionais para compensar a perda de receitas da segurança social.
Por isso, se ficar pelo caminho a anunciada reformulação da TSU, terá de se abandonar também o referido objectivo de redução dos custos laborais, provavelmente com o risco de aposta numa política mais agressiva de redução efectiva do nível de salários, incluindo o salário mínimo.
TSU (1)
Ora, se fosse só isso não seria muito difícíl encontrar uma solução. Na verdade, o impacto orçamental daquelas medidas é relativamente reduzido, traduzindo-se numa elevação do conjunto da TSU em 1,25 pp, para reforçar o financiamento da segurança social, e numa redução da despesa pública equivalente ao corte de 5,7 pp nas contribuições sociais do Estado em relação aos seus próprios trabalhadores qu se encontram já no regime da segurança social comum.
Sucede, porém, que para cumprir o decisão do Tribunal Constitucional (sobre a inconstitucionalidade do corte do 13º e do 14º meses nas remunerações do sector público e nas pensões pagas pelos sistemas públicos de pensões) torna-se necessário operar cortes equivalentes (embora não necessariamente iguais) em relação às outras fontes de rendimentos, incluindo portanto os rendimentos de trabalho do sector privado.
O referido aumento da contribuição social dos trabalhadores do sector privado equivale ao corte de uma mensalidade da remuneração. Supondo que isso é suficiente para superar a "desigualdade desproporcionada" condenada pelo TC face ao corte efectuado no sector público, como é que o Goveno vai penalizar as remuneraçãos do sector privado no montante de um salário, de modo a compensar o recuo na subida da taxa de TSU nos rendimentos privados?
Por isso, que importa que a troika esteja de acordo em prescindir do aumento da parte laboral na TSU e da redução da parte empresarial, se a solução não for ao encontro da decisão do TC sobre a igualdade na respartição dos encargos públicos?
O Governo não pode permitir-se o risco de novo "chumbo" do Tribunal Constitucional, tendo de penalizar todas as demais fontes de rendimento (rendimentos de capital, lucros e rendimentos de trabalho no sector privado) com cortes de rendimento suficientemente relevantes, de forma a eliminar a "desigualdade desproporcionada" que, no entender do Palácio Ratton, foi criada pelo corte dos dois subsídios no sector público e nas pensões no orçamento do corrente ano.
Sem pedra sobre pedra
Todavia, a CGD não é somente um importante activo do Estado e uma fonte de receita através dos dividendos, mas também uma alavanca de "regulação" do sector financeiro e de interveção indirecta na economia, tanto mais importante quanto é certo que quase todos os maiores bancos privados nacionais têm ou estão em vias de ter uma decisica participação estrangeira. Mas, que importa o interesse público da CGD face ao programa ideológico do PSD?!
É evidente que não há lugar para a noção de banco público no léxico ultraliberal deste Governo.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Estão a mangar connosco (2)
Não é somente o oceano de diferenças de princípios políticos de base entre o primeiro e os segundos (democracia liberal, economia de mercado, União Europeia) que impede qualquer programa comum de governo ou sequer qualquer compromisso parlamentar entre um p+artido da social-democracia moderna e os herdeiros do marximo revolucionário. Neste momento, uma diferença decisiva avulta sobre todas, que tem a ver com a consolidação orçamental, com a integração orçamental ao nível europeu, com o "Pacto Orçamental" da UE, em vias de ratificação, com as condições de manutenção do País no Euro, enfim com o "programa de ajustamento" acordado com a troika, que o PS não pode nem deve enjeitar.
Se fosse preciso alguma prova adicional dessa absoluta incompatibilidade, depois da rejeição pela esquerda radical do PEC IV no ano passado (derrubando o Governo do PS) e depois da sua rejeição do Pacto Orçamental na AR, já este ano, o que se passou e continua a passar na Grécia não pode deixar dúvidas a ninguém.
É por isso que o PS não pode deixar alimentar nenhuma ilusão, nem dentro nem fora, sobre qualquer hipótese de entendimento de governo com os partidos à sua esquerda, os quais, de resto, pela sua natureza inata de partidos de protesto, só por oportunismo político conjuntural é que se podem dizer interessados em assumir responsabilidades governamentais, muito menos com o PS, que eles desde sempre erigiram em alvo principal da sua estratégia política.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Exagero
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
Preencha esta vida!
Acabo de ver o Salvador na SIC-N que pediu para irmos a este site http://www.preenchaestavida.com/
Para ver como contribuir para minorar as necessidades dos menos capacitados.
Vá e... preencha lá!
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Divórcio com coabitação
Contra o Governo ou só contra a TSU?
Sucede que o povo não é parvo: além da TSU "Robin dos Bosques ao contrário", este Governo é responsável, mas foge como o diabo da cruz, por prestar contas pela colossal derrapagem no défice e na dívida publica, apesar dos brutais sacrifícios impostos aos portugueses. Um Governo que é responsável pelo agravar da depressão e pelo disparar do desemprego e que manda os jovens emigrar e a isso também obriga menos jovens. Um Governo que escandalosamente se demite de se bater pelos interesses nacionais e europeus junto da Troika e de quem nela manda - Itália, Irlanda, Grécia e Espanha reúnem em Roma dia 21, a convite de Monti, mas Portugal brilhará pela ausência!!! Um Governo incompetente, insensível e desnorteado, que manda às urtigas o consenso social e político que punha a render no exterior. E que até se dá ao luxo de não se concertar entre parceiros de coligação. E que "custe o que custar" se obstina em empobrecer os portugueses e afundar Portugal.
Razões não faltam para os portugueses, com ou sem TSU a transbordar do saco cheio, se manifestarem a plenos pulmões contra o Governo.
Imaginação criadora
Num regime parlamentar não cabe ao Presidente substituir governos sem reccurso a eleições, a não ser em caso de autodemissão do próprio primeiro-ministro. Mesmo nesse caso o novo governo teria de "passar" no Parlamento. Por conseguinte, nessa hipótese, excluindo à partida um governo minoritário (que a situação de crise desaconselha vivamente), as alternativas ao actual governo PSD-CDS seriam um Governo PSD-CDS II ou um Governo PSD-PS. Ora A. J. Seguro já disse, e bem, que o PS não encara voltar ao governo a não ser por via de novas eleições.
De resto, quais não seriam os custos para o País de uma crise política e de uma substituição de governo neste momento, quando o orçamento tem de ser aprovado em tempo, como condição de o País ter acesso a mais uma prestação da assistência financeira?!
A representatividade da rua
Reflecti sobre os argumentos e decidi juntar-me à multidão que desfilou da Praça José Fontana até à Praça de Espanha, no sábado passado, sem enquadramento organizativo outro, que não fosse o da sua própria cidadania. Desfilei com familiares e amigos, à semelhança de um
milhão de portugueses por todo o país, entre idosos, pais, mães, crianças e jovens, muitos jovens - daqueles que muito faltam hoje às molduras humanas das realizações partidárias. Jamais me perdoaria se tivesse ficado em casa, em obediência a ditames do pseudo politicamente correcto.
Fui como sou, cidadã socialista e mulher de Partido, que não aceita, em circunstancia alguma, ver os seus direitos e deveres de cidadania coarctados.
Fui, continuando a acreditar na democracia representativa e na capacidade que assiste aos eleitos de interpretarem e prosseguirem o interesse publico. Desde que não estilhacem, como hoje sucede, o programa e as promessa com que se apresentaram as eleitores. E
sobretudo se o fizerem com danos irrecuperáveis para a coesão e sustentabilidade dos tecidos económico, social e moral do País, expondo-se à furia dos mansos, como avisam os Evangelhos...
Os defensores da democracia representativa, como eu, têm de entender a evolução dos tempos - e o líder do meu Partido, António José Seguro, na entrevista que ontem deu à RTP, mostrou que a entende.
Os cidadãos eleitores são hoje mais instruídos, mais informados e mais dispostos a uma intervenção activa, concordante ou reprovadora. O acomodamento passivo dos eleitores aos dislates de quem os governa ou ao juízo de próximas eleições é resquício obsoleto dos séculos dezanove e vinte.
Aí dos políticos - de todos os quadrantes, do poder ou da oposição- que ignorem a realidade do alto da sua torre de marfim, se não entenderem que os progressos que as redes sociais avassaladoramente potenciam, estão a transformar conceitos que pareciam consolidados, nomeadamente o da exclusividade omnisciente da representatividade política.
Não se confunda a rua "impreparada", como muitos pejorativamente a apodam, com a afirmação de uma cidadania informada e exigente. E sobretudo nunca, mas nunca, se tema o seu exercício ou se tente apoucá-lo. Quem o fizer, falha na qualidade de político representivo. Em especial em sociedades acossadas, como a portuguesa, pela impreparação, incompetência e fundamentalismo ideológico dos eleitos para governar.
(transcrição do que esta manhã disse aos microfones do "Conselho Superior" na RDP/Antena 1)
domingo, 16 de setembro de 2012
Referendo da rua
Isto vale para todos os governos, incluindo aqueles de que não gostamos (e em quem não votámos).
Recordando
PS
Duplicidade
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Tudo é relativo
Por outro lado, é de prever que a descida sigificativa da contribuição social das empresas (quase seis pontos percentuais), tornando mais leve o custo do trabalho, reforce a sua capacidade de enfrentar a crise, reduzindo as suas necessidades de financiamento, aumentando a sua competitividade e travando a subida do desemprego (supondo que a descida da procura não neutraliza esse efeito). Ora, pior do que perder rendimentos é perder o emprego.
Sem dúvida, a medida é muito penosa para quem a sofre, mas pode não ser tão má como parece nos seus efeitos.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Líbia- Abu Shagour, Primeiro Ministro
Boas notícias decerto resultado das tenebrosas desta manhã, quando se soube do assassinato do embaixador americano e outros diplomatas no ataque ao Consulado em Benghazi.
Boa decisão, porque Abu Shagour tem todas as capacidades para conduzir a Líbia nesta fase tão complicada. Encontrei-o varias vezes em Tripoli, como Vice-PM (na pratica já era quem funcionava na direcção do governo providorio) e organizei a sua vinda à Comissão dos Negócios Estrangeiros do PE, em Junho passado, três semanas antes das primeiras eleições livres na Líbia.
A Líbia, em choque pelo horrendo ataque contra diplomatas americanos que tanto se empenharam em ajudar à sua libertação, fica ao menos a partir de hoje entregue a mãos competentes e determinadas para conduzir o processo de construção democrática.
Benghazi - o cobarde ataque
Acabrunhante saber que morreram 4 pessoas, uma delas o Embaixador americano, para mais um homem que tanto trabalhou pela libertação da Líbia do regime de Khadaffi, um homem que esteve ao lado dos líbios no terreno durante os meses mais perigosos da guerra de libertação.
Condenação, condolências, solidariedade para as famílias e a nação americana, expressei esta manhã em plenário do PE. Mas também para o povo líbio e especialmente às corajosas gentes Benghazi, que não mereciam o tremendo dano na sua imagem causada por um punhado de radicais fundamentalistas.
Harlem Désir - avenir
Do PSF, da França e da Europa.
Ele é de esquerda, da verdadeira esquerda, a progressista, a de serviço ao povo, ao país e à Europa dos cidadãos. Da esquerda que não se deixa infiltrar pelo oportunismo ou vender aos interesses financeiros ou empresariais.
É um amigo, uma das pessoas com quem tive mais sintonia política desde que entrei no PE. Antes disso convidei-o a vir a Lisboa, à apresentação das lista de candidatura do PS às eleições europeias de 2004, e ele veio, a 28.2.2004.
Mes meilleurs voeux, mon cher Harlem, pour toi, le PSF, la France. Et notre Europe.
Estado da União: selva fiscal
Mas ele não abordou a rivalidade fiscal dentro da UE, que permite a uns Estados Membros enriquecer à custa de outros. Funcionando como paraísos fiscais que armazenam lucros empresariais e outros capitais, extraídos de outros Estados Membros para evitar pagar impostos aí, assim fugindo a contribuir com a sua justa quota para o rendimento nacional.
Eles servem para os mesmos propósitos para que são usados a Suíça, as Bermudas, o Delaware ou as Ilhas Caimão - para proteger os proventos da evasão fiscal e de outra criminalidade, incluindo a corrupção. Isso pode ser legal, mas é imoral e compromete a integridade da União Económica e Monetária.
Poderemos nós completar a União Económica e Monetária e o Mercado Interno e avançar nas Uniões Orçamental e Bancária, poderemos nós restaurar a confiança e credibilidade da União, se ela se baseia nas fundações acomodatícias do crime que prevalecem no Far West fiscal da UE?"
Pergunta que dirigi a Presidente Barroso no debate hoje no Parlamento Europeu sobre o Estado da União.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
O massacre (3)
Decididamente, o ano de 2013, a meio da legislatura, com as eleições locais daqui a um ano, vai constituir o "cabo das tormentas" do Governo. Só a prometida retoma do crescimento económico, o esperado regresso ao mercado da dívida e o ambicionado saldo positivo da balança comercial externa podem atenuar as sombrias perspectivas do ano que vem.
O massacre (2)
Todavia, se a primeira medida tem real impacto na receita, já a segunda aparece mais "para a fotografia", a ter em vista o valor indicado pelo Governo para as casas elegíveis para pagar o tributo especial, nada menos de um milhão de euros!
Salva-se o valor simbólico da medida. Obviamente o Governo sem sequer pensou num genuíno imposto sobre a riqueza, como aqui se propôs várias vezes, ou ao menos sobre um conjunto de elementos patrimoniais minimamente abrangente, como segundas casas, piscinas, número de automóveis, colecções de arte, etc.
O massacre (1)
O prazo de consolidação orçamental foi prolongado por um ano, mas ao contrário do que o PS reclamava não foi para aliviar a austeridade, antes para a reforçar duramente. O défice que estava prometido para o corrente ano (4,5%) só vai ser atingido no próximo ano e à custa de um maciço programa adicional de novos sacrifícios do rendimento das pessoas.
O Goveno falhou duplamente os seus objectivos.
sábado, 8 de setembro de 2012
Pior a emenda... (8)
Todavia, tendo em conta as suas palavras contra um aumento adicional de impostos, ecoando a conhecida posição do CDS, tudo indica que a meta do défice orçamental para o próximo ano (3% do PIB) só pode ser atingida através de novos cortes drásticos na despesa pública. Não é preciso ser adivinho para saber quais são ser as principais vítimas: despesas sociais, saúde e educação. Os "suspeitos" do costume!
O Estado Social vai ser reduzido ao osso entre nós!
Pior a emenda... (7)
Fingindo repor um dos subsídios, que é pago de uma vez (enquanto o aumento da contribuição social será diluído e "anestesiado" ao logo do ano), o Governo na verdade substitui uma medida que era supostamente transitória (o corte dos subsídios) por outra que vai obviamente tornar-se permanente (a maior contribuição para a segurança social).
Mesmo que o segundo subsídio também venha a ser reposto no final do programa de ajustamento, é evidente que a contribuição para a segurança social não voltará ao que era antes. Por conseguinte, o Governo consegue o prodígio de parecer repor os dois subsídios, quando na realidade sempre cortou definitivamente um deles!
Chapeau!
Pior a emenda... (6)
Trata-se porém de uma falsa meia-verdade. As contribuições para a segurança social não são impostos em sentido próprio mas não deixam de ser tributos públicos obrigatórios ("contribuições parafiscais", na nomenclatura tradicional). É certo que não é grande, se algum, o impacto da medida anunciada sobre a carga tributária nas finanças públicas. Todavia, o Governo vai aumentar exponencialmente a carga tributária sobre os trabalhadores do sector privado para desonerar na mesma medida as contribuições das empresas. Há quem sofra efectivamente um subtancial aumento da carga tributária.
Estamos portanto perante uma enorme alteração da chave de repartição dos encargos com a segurança social, mediante a transferência da carga tributária dos empresários para os trabalhadores. Uma medida retintamente de direita!
Pior a emenda... (5)
No plano político, é evidente que depois disto o PS só pode votar contra o orçamento para 2013, o que pode aprofundar a lógica de oposição ao Governo. É de prever o fim do compromisso entre o Governo e a oposição socialista sobre o essencial do programa de austeridade e de consolidação orçamental.
Pior a emenda... (4)
Considero improcedente este argumento. Por um lado, como já argumentei aquando da decisão do TC, não se pode equiparar a situação dos trabalhadores do sector público com os do sector privado (maior remuneração média, menor horário de trabalho, segurança no emprego, estabilidade salarial, etc.); por outro lado, como o próprio TC considerou, não se exige uma igualdade absoluta nestas matérias, só sendo de condenar as desigualdades de tratamento intoleráveis ou arbitrárias. Não creio que seja o caso...
Por isso, mais uma vez, a contestação destas novas medidas deve ser travada no plano político e não no plano constitucional. Nem tudo o que é politicamente condenável é contrário à Constituição...
Pior a emenda... (3)
No entanto, sendo evidente que não é admissível que tais rendimentos tenham uma contribuição adicional proporcionalmente inferior à que vão ter os rendimentos do trabalho no sector privado (pelo contrário!), é de esperar que ela não seja inferior a 10%. No caso dos lucros das empresas, aliás, deve haver um agravamento especial, para compensar a substancial redução da contribuição social, de que vão beneficiar agora.
Adenda
Ao valor referido há que deduzir naturalmente as medidas que já afectaram os rendimentos de capital, nomeadamente a sobretaxa sobre o IRC e o aumento da taxa liberatória sobre os rendimentos de capital para 25%.
Pior a emenda ... (2)
Por acréscimo, desta vez sofrem de uma assentada do corte de cerca de um salário bruto anual, através de um aumento de sete pontos percentuais da contribuição social, a qual se eleva a 18% da remuneração, o que, salvo erro, passará a ser um recorde europeu...
Pior a emenda que o soneto (1)
Com esta decisão, o Governo mata três coelhos de uma cajadada: (i) responde ao desafio colocado pela decisão do TC (sem prescindir dos cortes); (ii) aumenta as receitas da segurança social (pois a soma das contribuições dos trabalhadores e das empresas é agora de 36% da massa salarial, quando antes era de menos de 34%); (iii) e sobretudo, tal como era desejado pela "troika", avança decididamente na chamada "desvalorização interna", diminuindo substancialmente os custos do trabalho para as empresas (nada menos de 5 pontos percentuais), aumentado assim a competitividade externa.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Twittando...
...sobre a Convenção Democrata:
- Obama: “You can choose a future where we reduce our deficit without sticking it to the middle class". Espete-o nos governos europeus pf!
- I believe
#0bama is a decent man with a#progressive agenda for America and World. Against the indecency of deregulation and casino economy. - Saio
#CND c/ admiração e inveja: sinto liderança, narrativa, estratégia, estímulo no campo Obama. Q contraste c/ UE em crise! -
#Madeleine Albright, just now at#ILFNDI, is very right:#EU needs to get its act toghether
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
PM Zimbabwe sobre Etiópia
Uma atitude desempoeirada, uma vez que a União Africana, vergonhosamente, cala e consente sobre a repressão no país onde está sedeada.
Vintage Bill
Um discurso a indigitar formalmente Obama - que descreveu como "cool por fora mas a arder por dentro pela America" - para se candidatar à reeleição pelo Partido Democrático. Um Obama tão cool que, "caramba, ele até nomeou a Hillary!"
Um discurso a defender a "Obama story" contra a ameaça Republicana, Romney é só fachada.
Um discurso a explicar que Obama herdou a economia em colapso colossal, por causa da crise provocada pela desregulação financeira e as guerras desastrosas de Bush. E tratou de começar a recupera-la, mas nem ele, nem mais ninguém, poderia consegui-lo em apenas 4 anos. "Four more years!" são precisos - "you will feel it", a recuperação económica, os jobs,jobs,jobs que já vêm aí, no pipeline. Graças a Obama. Porque com Romney - é mais das desastrosas receitas desreguladoras e favorecedoras dos super-ricos que provocaram a crise! "There they go again!!!"
Um Vintage Clinton a contrapor a visão Obama contra a estreiteza Romney - a ameaça ao "sonho americano", a ameaça à classe média. A contrapor a América social e das oportunidades para todos do "Obamacare", dos empréstimos para os estudantes, do salário igual e o resto para as mulheres, à dos cortes nos impostos dos Republicanos, só para tornar mais ricos os super-ricos. A América que quer dialogar e melhorar, em vez de guerrear, o resto do mundo.
Um discurso extraordinário, pedagogico, substantivo, impactante e empolgante - um discurso dos melhores, desde sempre, dizem os conhecedores, por um dos melhores oradores americanos de todos os tempos: Bill Clinton.
Elizabeth Warren
Ajuda os americanos a compreender como o sistema de mercado está viciado, no capitalismo de casino criado pela financeirização da economia, que a desregrou. Ajuda a expor os gangsters da finança e do "big business" e a defender os consumidores contra as invenções tóxicas dos financeiros, na origem da crise financeira.
Agora concorre pelos Democratas para o Senado pelo Massachusetts, para o lugar de Ted Kennedy.
Coube-lhe hoje falar antes de Bill Clinton na Convenção. O "it's the economy, stupid" do tempo dele tornou-se no "is the middle class stupid?" desta campanha pela reeleição de Obama.
Elizabeth falou, dessa classe média e dos seus valores, para essa classe média. Explicando como as políticas económicas e anti-sociais dos Republicanos a deixarão "maltratada, amachucada e alquebrada" para imoralmente cortar impostos aos super-ricos, que já pagam uma fracção do que pagam as suas secretárias.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Cidades verdes, cidades do séc XXI
Todos sublinham desígnio tornar suas cidades verdes, investindo energias renovaveis, eficiencia energética na arquitectura, transportes e infraestrutura e na educação e protecção ambiental. Para atrair gente jovem qualificada de todo o mundo e as industrias e serviços do futuro.
Que contraste com o cinzentismo empobrecedor a que o quarteto metralha quer condenar as cidades portuguesas, a pretexto da crise.
Mulheres na política
"Há um lugar especial para as mulheres na política que não se ajudam umas às outras. No inferno".
A diferença
Michelle resumiu assim o que move Barak Obama.
Os irmãos Castro
Um está a concorrer para o Congresso, outro é Mayor de San António, no Texas.
Joaquin apresentou o irmão Julian, hoje, na Convenção Democrática, que foi ao rubro, electrizada por um discurso poderoso, onde foi explicado como graças ao esforço, determinação, conselho e valores herdados da mãe e da avó iletrada, hoje segura no microfone, em vez de segurar na vassoura.
Fez-me lembrar a revelação de um jovem senador negro, em Boston, em 2004... Os corretores já aceitam apostas para o primeiro Presidente latino em 2016.
Michelle, a "arma secreta" de Obama
Os "spinners" louvaram Ann Romney - pudera, o marido é tão chochinho que bem lhe pode valer uma boa performance da cara metade.
Barak sendo orador exímio, Michelle podia ficar-se pelo registo intimista ou humoristico: escolheu falar dos valores incutidos pelas famílias trabalhadoras de ambos, para cumprir o sonho americano e que os fizeram o que são, inculcando-lhes a perseverança pela agenda progressista. Michelle arrasou - à inteligência, sensibilidade, inspiração e preparação, acrescentou o inimitável: a autenticidade.
Só por isto já valeu a pena vir a Charlotte.
Privatizar o Pai Natal
Acaba de dizer o Governador do Ohio na Convenção Democrática, delirantemente aplaudido pela audiência, que ri a bom rir com outras pertinentes piadas sobre o opositor de Obama.
Um rol de chistes a anotar, porque potencialmente aplicável ao luso trio metralha "Borges, Relvas e Coelho".
terça-feira, 4 de setembro de 2012
O repatriamento de capitais
A submersão da Dra. Cândida
Ora, essa Procuradoria diz, a quem lhe perguntar (e foi o meu caso), que há muito não tem mais a ver com o processo, passou todo o material apreendido na busca conjunta com as procuradoras portuguesas para a Procuradoria de Munique, onde já havia investigações abertas contra a Ferrostaal por corrupcão em diversos negócios.
Parece que a cândida Dra. Cândida anda distraída, não sabe disso, nem sequer sabe que em Munique administradores da Ferrostaal até já foram condenados por corromper gente em Portugal na venda dos submarinos: a Dra. Cândida parece viver na Cuculândia e gaba-se de que só em Portugal há investigações assim, sobre compras e vendas de Estado!!!
Esquece-se de que em Portugal elas se arrastam e não vão a lado nenhum, sob a sua cândida e distraída direcção...
Eu escrevi ao Procurador de Munique. E tive resposta: ele diz que deu tudo o que havia sido pedido pela PGR e que o deu em oito meses. E mais dará, se lhe for pedido....
No entanto, a Dra. Cândida continua a queixar-se da falta da colaboração alemã - no post seguinte, assinalo o que importa apurar, se isto é mesmo como diz a cândida Dra. Cândida.
Eu cá bem quero colaborar com o nosso MP, até para o ajudar a obter a colaboração estrangeira de que precisa e se arrepela por não chegar. E até consegui ser reconhecida como assistente do processo - mas acesso ao processo ou aos investigadores, qual quê? o DCIAP da Dra. Cândida mantem o processo aferrolhado, em "segredo de Justiça"!
E os corruptos a rir e a ver passar o tempo, com tudo convenientemente ...submerso.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Submarinos: os alemães não colaboram? Então porquê?
Nesse caso, como eu escrevi na edição da semana passada do "SOL":
"É preciso apurar se, de facto, os alemães estão a entravar a clarificação dum assunto embaraçoso para o Presidente Barroso, por muito que ele se tente distanciar e a Comissão Europeia arraste os pés nas três queixas que lhe submeti. Afinal, trata-se do maior contrato de defesa celebrado por Portugal e pelo governo Durão Barroso: se como PM não deu conta de contratos tão grosseiramente ruinosos para o Estado, como pode na CE dar conta do contrato europeu?
Os submarinos são ponta de icebergue - há outros contratos de defesa imersos em corrupção e falsas contrapartidas. Há portugueses e estrangeiros responsáveis, mas impunes. Há parceiros e instituições europeias cúmplices, por acção e omissão. Os submarinos ora submergem, ora emergem - filosofa o ora ME/MNE Paulo Portas. Mas o Estado, esse, afunda-se, quanto mais tarda a Justiça.
(O artigo, publicado no jornal "SOL" , pode também ler-se aqui, integralmente na ABA DA CAUSA)
Cândida Cândida!
Como explicar as mirabolantes declarações da Dra. Cândida Almeida para auditores PSD na Universidade de Verão do dito?
Ultrapassou tudo o que já lhe conheciamos em imprecisão e leveza (vd. posts seguintes sobre a investigação submarinos).
Mas a generalização engraxadora dos "políticos" que, garante, "não são corruptos" - ela que chefia há anos um DCIAP incapaz de levar a julgamento os mais notórios e descarados corruptos deste país - é deprimentemente desqualificadora. Da cândida Dra. Cândida.
Desqualificadora não apenas para o almejado lugar de PGR: desqualificadora do DCIAP que ineptamente ela encabeça.
domingo, 2 de setembro de 2012
Eleições europeias
Se tivesse podido responder, teria dito:
«Primeiro, não existe ainda, nem na opinião pública nem em muitos politicos, uma percepção apropriada sobre a importância das políticas europeias e do seu impacto a nível nacional. Os governos nacionais tendem reivindicar para si o sucesso das suas politicas, memos quando le se deve a políticas da União, e a imputar a Bruxelas a responsabilidade pelo que corre mal, mesmo quando a União pouco ou nada tenha a ver com isso. Segundo, ao contrário das eleições nacionais, as eleições europeias, além de elegerem os eurodeputados, não servem porém, para: escolher o chefe do governo da União; para determinar o nivel dos impostos nem das prestações sociais; para resolver questões de justiça ou de segurança, etc. Terceiro, a União não presta serviços públicos (defesa, segurança, justiça, saúde, ensino, etc.), sendo ela uma entidade exclusivamente reguladora e financiadora das actividades dos Estados-membros e das entidades particulares.»
Penando a crise
- Sem o Estado social, as agruras da crise seriam bem mais duras;
- Enquanto a crise persistir é crucial impedir que a consolidação orçamental sirva de pretexto para assassinar o Estado social;
- Há hoje quatro atitudes políticas perante o Estado social: (i) a direita neoliberal pretende extingui-lo pura e simplesmente; (ii) a direita mais moderada pretende substituí-lo pelo chamado "Estado garantia", em que o Estado se limitaria a apoiar financeiramente o acesso das pessoas às prestações privadas de saúde, de protecção social, de ensino, etc.; (iii) a esquerda social-democrata admite reformá-lo, a fm de melhor o salvaguardar; (iv) a esquerda radical pretende manter tudo como está, mesmo que o actual estado de coisas seja insustentável;
- mesmo depois de a crise passar, quando passar, é ilusório pensar que podemos restaurar o Estado social de antes dela, desde logo porque vão ser muito mais escassos os meios financeiros ao dispo do Estado, não podendo o Estado continuar a viver a crédito, como até agora;
-- por tudo isto é essencial ter ideias claras sobre a necessária refoma do Estado Social para depois da crise, estabelecendo prioridades, identificando o núcleo duro que não pode ser dispensado, delimimtndo o espaço para possíveis formas de copagamento, apostando na eficiência dos serviços e eliminando desperdícios, racionalizando as redes de estabelecimentos, etc..
O Estado social é demasiado importante para um esquerda responsável não apostar na sua sustentabilidade duradoura.
Pacto de coesão
Defendi por isso que a par do "Pacto Orçamental" do início deste ano e do "Pacto para o Crescimento", adoptado na última cimeira europeia antes do Verão, deveria ser aprovado também um "Pacto para a Coesão Social" ao nível da União Europeia, incluindo o reforço do programa de luta contra a pobreza e a exclusão e dos meios financeiros do Fundo Social Europeu, o respeito integral pela "cláusula social transversal" inscrito no TFEU (de modo a ter em conta a dimensão social em todas as politicas da União) e avanços na harmonização de padrões laborais e de protecção social (de modo a contrariar as tentações de dumping social dentro da União), tudo num quadro de operacionalização do "diálogo social", tanto a nível da União como dos Estados-membros.
Depois da vertente financeira e da vertente económica da crise, urge tratar da vertente social.
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Eleições em Angola - sem observadores da UE
A observação das eleições angolanas não foi considerada prioritária pela UE - e o Parlamento Europeu pesou nessa decisão.
O PE hoje intervém na determinação das missões a enviar através de um Grupo de Trabalho sobre Observação Eleitoral, que eu integro, e que é regularmente consultado pela Alta Representante Ashton, justamente para definir prioridades. Sendo as missões de observação eleitoral bastante dispendiosas, é entendimento do PE que só vale a pena enviá-las (a par de outras acções de apoio democrático) a países onde há, da parte das autoridades e forças da oposição, real motivação para um genuíno processo de transição ou consolidação democrática.
Angola não foi considerado país prioritário porque se fez a leitura do significado politico do que se passou em 2008 e de as autoridades angolanas terem ignorado as recomendações da missão de observação eleitoral europeia de então, como recentemente explicou um porta-voz da UE.
Ou seja, a UE concluiu, pela experiência de 2008 e posterior atitude governamental, que não havia nas autoridades angolanas vontade de ter observação independente. O próprio facto de tardar o convite para a observação - a UE só observa onde é formalmente convidada para o fazer e com garantias escritas de independência e total acesso para os observadores - e de se perceber que tais garantias não seriam dadas, só reforçou a percepção que não valia a pena correr o risco de ir a Angola credibilizar um processo que, à partida, se antevia inquinado.
Claro que a oposição angolana, nos vários quadrantes, insistiu que queria a observação da UE.
Mas o Presidente Durão Barroso, quando visitou Luanda há uns meses, em vez de se empenhar em convencer os interlocutores que seria do interesse de Angola ter observadores da UE, pressentiu a disposição governamental e previdentemente (para a campanha presidencial a financiar daqui a poucos anos ...) tratou de calar a oposição, invocando a crise orçamental da UE. Ao mesmo tempo, dizem-me, para satisfazer o lado governamental, tratou de alardear que a "democracia" angolana já estaria num patamar que dispensava observações...
Enfim, por inépcia e arrogância da CNE, activismo dos jovens "rappers" e de manifestantes civis e militares, etc., as coisas acabaram por não correr tão linearmente quanto o MPLA previa. E as próprias autoridades angolanas terão concluido, a certa altura, que daria jeito, para credibilizar o processo, arrebanhar uns papalvos que se prestassem a fazer o "turismo eleitoral" que elas lhes destinassem. E por isso se lançaram, subitamente, no frenesim de angariar observadores internacionais. Daí, decerto, o convite que recebi da CNE angolana - e que recusei, como já expus aqui, há dias atrás.
Angola - a farsa eleitoral
O povo angolano está indiscutivelmente preparado para a democracia. Já em 2008 estava. Quem não estava era o MPLA: os zelotas não hesitaram em fabricar resultados "à la Suharto", acima dos 80%.
E o MPLA continua a não estar preparado para a concorrência democrática - basta ver a forma como se comportou na organização de mais este processo eleitoral, com uma CNE pela arreata, uso e abuso dos recursos do Estado e controlo grosseiro dos media. Basta ver também como temeu e entravou a observação eleitoral profissional e independente, tanto internacional como doméstica. (Ai que tristeza ver um homem que creio digno, Pedro Pires, prestar-se a credibilizar, em nome da UA, um processo eleitoral, quando a missão que chefia não tem condições para o avaliar seriamente! Uma UA que falou ainda a procissão vai no adro - e já se percebeu que a "contagem" dos resultados vai ser tão opaca como em 2008).
Mas não é só o MPLA que não está preparado para a democracia: a UNITA vai na onda. Ou, pior ainda, faz-lhe o jogo. Se não, como entender que tenha acabado por ir a votos, apesar das fortes criticas que fez a irregularidades do processo e apesar da ameaça de se retirar, mesmo à boca das urnas. E agora, a posteriori, ameaça impugnar as eleições! - enfim, tudo serve para a UNITA negociar com o MPLA.
Não sabemos ainda muito sobre o que pesa e significa o novo partido de Chivukuvuko, que poderá atrair gente descontente da U e do M...
Outros partidos com gente séria e patriota, como o Bloco Democrático, de Pinto de Andrade e Filomeno Vieira Lopes, muito arriscam, mas pouco riscam - e como podem riscar, com o domínio dos media, dos dinheiros e dos esbirros do Estado, pelo MPLA?
O mais importante e significativo deste processo foram as corajosas denúncias de manipulação e viciação do processo por activistas da sociedade civil e alguns jornalistas angolanos, com eco na imprensa estrangeira.
Poucas dúvidas restam quanto à vitória que o MPLA vai mais uma vez averbar.
A curiosidade gira apenas em torno da expressão da maioria parlamentar que está a ser fabricada, tendo em conta que ela serve agora também para "legitimar" o Presidente à boleia do MPLA. Face aos 82% que o novo-rico e imprevidente MPLA exibiu em 2008, quanto achará José Eduardo dos Santos que ambos devem hoje valer?
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Serviço público-privado
Certo! Mas isso não dispensa o PS de travar uma luta politica a sério contra a concretização deste projecto, que é a medida mais político-ideológica até agora tomada pelo Goveno.
A ideia de um serviço público de televisão entregue a privados é uma contradição nos termos e não cabe na cabeça de ninguém, salvo dos talibans neoliberais deste Governo!