Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
Ultraliberalismo nacionalista
1. Trump confirma a sua agenda ultraliberal de desregulação maciça dos negócios, bem como de redução de impostos sobre as empresas, numa dimensão capaz de envergonhar a "revolução neoliberal" de Reagan, há três décadas, revertendo toda a nova regulação económica montada depois da crise de 2008.
Enquanto isso, porém, já começou a implementar a sua contrarrevolução protecionista e antiliberal no comércio externo, com a rejeição da "Parceria Transpacífico" (TPP).
2. Eis um mix de política económica pouco comum. Tradicionalmente, o nacionalismo económico externo é o reflexo de políticas intervencionista na ordem económica interna, enquanto o liberalismo económico interno coabita tendencialmente com uma política comercial externa igualmente liberal. Trump baralha as coisas e inaugura uma nova receita: ultraliberalismo interno e nacionalismo externo, ou seja, um ultraliberalismo nacionalista.
Pode não ser doutrinariamente muito coerente, mas para o business dos Estados Unidos pode ser o melhor de dois mundos: um mercado interno desregulado protegido do exterior por barreiras protecionistas.