Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
quarta-feira, 28 de junho de 2017
Europa+ (3)
A coima record de quase 2 500 milhões de euros aplicada à Google pela Comissão Europeia, por abuso de posição dominante, confirma dois traços marcantes da UE:
- que a economia de mercado não significa somente assegurar a liberdade de empresa contra as ingerências arbitrárias do Estado, mas também contra as conspirações e os abusos dos poderes económicos privados: é esta a função primeira da defesa da concorrência, segundo a doutrina que inspirou a "constituição económica" da União, o "ordoliberalismo";
- que somente a União, com a sua enorme força económica e política, tem a autoridade para punir um megapoder privado, como a Google; nenhuma autoridade da concorrência nacional teria os recursos de investigação e a autoridade para o fazer, sem receio de retaliação da multinacional.
Decididamente, há problemas que não têm solução no quadro das fronteiras e do poder político nacional. É isso que torna a UE incontornável. Se não existisse ainda, era preciso inventá-la, de novo.
Contra poderes privados globais, só um poder público de alcance global.
Adenda
Afinal, a esquerda antieuropeísta deveria tornar-se convicta apoiante da UE. É a mais eficaz autoridade antimonopolista no mundo!