Se, por um lado, as fortes candidaturas do PCP e, espera-se, do BE empurram virtualmente Mário Soares para o centro, permitindo-lhe lutar favoravelmente por esse eleitorado decisivo, elas também tornam mais visível a falta de candidatos à direita de Cavaco Silva (da área do CDS, concretamente), o que contribui para o tornar como "o" candidato de toda a direita, diminuindo o seu apelo ao centro. Fica assim em cheque a estratégia que ele vinha ensaiando tentativamente de se apresentar como candidato de largo espectro, desde a direita ao centro-esquerda, contra adversários previsivelmente bem encostados à esquerda (do BE, do PCP e presumivelmente Manuel Alegre, como se perspectivava antes de Soares).
Ou eu me engano muito, ou ainda assistiremos ao oportuno aparecimento de um candidato assumidamente à direita de Cavaco Silva (se necessário com assinaturas proporcionadas por apoiantes deste...), que cumpra nessa área o papel dos candidatos do PCP e do BE à esquerda de Soares. O problema é encontrar uma pessoa disponível e credível para o efeito...