domingo, 23 de agosto de 2009

O descaramento

O chefe de redacção do órgão do PCP “Avante”, Leonel Martins, identificado como tal na respectiva ficha técnica, subscreve na edição nº 1864, de 20 do corrente, um artigo intitulado “O descaramento”, do qual transcrevo os seguintes excertos:
“Já nem falamos do antigo arguido no processo da Casa Pia, Paulo Pedroso que, recebido na Assembleia com palmas dos seus correligionários, após ter ganho a sorte grande no segundo recurso para a Relação...”; (...) “Mas o pior são as palavras de Ferro Rodrigues – também procedente do mesmo saco de antigos suspeitos no caso da Casa Pia...”

Tudo visto:
1. O “Avante” é o órgão informativo oficial do PCP, sendo suposto que tudo o que nele vem escrito merece o respaldo da direcção do Partido, sobretudo quando escorre da pena do seu chefe de redacção. Logo, a direcção do PCP é responsabilizável pelos excertos citados, a menos que deles formalmente se distancie e os condene.
2. Os excertos em questão, mais do que de discordância ou crítica política sempre admissiveis, relevam de uma abordagem e de uma perspectiva proto-fascista da vivência em democracia, prenhes de uma baixeza e de uma indignidade ética e política de que apenas alguns energúmenos são capazes. A menos que tais excertos sejam publica e inequivocamente desautorizados pela direcção do PCP, todas as suspeições serão consentidas, não apenas quanto às “metodologias” do Partido, mas - pior - quanto à própria teia genética do processo Casa Pia.
3. Pese embora a circunstância de ter a esmagadora maioria dos comunistas portugueses como gente boa e de bem (certamente incomodada com os despautérios do chefe de redacção do “Avante”), considero execráveis os desvios estalinistas da actual direcção política do PCP. Preferir alianças tácticas com a direita, como demonstradamente prefere, é questão que já não me espanta ou me incomoda. Mas é intolerável que o faça através de indignidades pessoais e políticas contra gente de bem e de esquerda.

Assim sendo, quero deixar claro que, a menos que a direcção do PCP condene formalmente os desmandos do chefe de redação do "Avante” atrás citados, não haverá forças que me levem a celebrar qualquer acordo com representantes do PCP ou a apoiar quem permita qualquer veleidade executiva às actuais estruturas comunistas. Em Sintra ou onde quer que seja.

PS - À atenção da direcção do Partido Socialista.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Extraordinárias coincidências!


Ontem de manhã, dia 20 de Agosto de 2009, visitei a APADP Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos, sedeada em Agualva (graças a terreno e fundos para a construção de instalações concedidos pela Presidente da CM Sintra Edite Estrela e Ministério do Trabalho Ferro Rodrigues).
Trata-se de uma Associação notável, pelos cuidados especializados e a extraordinária dedicação que o seu pessoal dispensa a cerca de 60 internados e às suas famílias. E que funciona com sustentabilidade devido o financiamento protocolado com o Ministério do Trabalho e Segurança Social, além de ocasionais apoios de amigos e benfeitores e as mensalidades que os familiares podem pagar.
Da Câmara de Sintra, nos últimos 8 anos, o apoio foi mínimo, apesar do empenho do Vereador Marco Almeida (do PSD, de Agualva) - o Presidente da Câmara, Dr. Fernando Seara, é imbatível em palmadinhas nas costas e promessas, mas relutante a decidir e concretizar compromissos que assumiu. Incluindo os relativos a apoios elementares – como o pedido da APADP de ser isentada do pagamento de água dos SMAS, anualmente facturando mais de 4.000 euros.... Mas, segundo a “lógica” SMAStica, aquela instituição - isenta de impostos pelo Estado – não pode estar isenta de taxas municipais!
Não foi a primeira vez que visitei aquela meritória instituição. Mas desta vez, foi especial! Não, não trazia fanfarra e TVs atrás, embora a visita se integrasse nos contactos da minha campanha eleitoral por Sintra.
O que foi especial é que, passadas poucas horas depois de eu sair os portões da APADPoh, extraordinária coincidência (que eu cá não sofro das assombrações de Belém e do PSD e não imagino escutas ao serviço da Coligação Mais Sintra...), a Câmara Municipal de Sintra divulgava um convite para convidar «tutti quanti» “para a Cerimónia de Assinatura do Protocolo com a APADP – Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos, no âmbito do Projecto “Banco de Ajudas Técnicas”, que se realiza no dia 27 de Agosto de 2009, na sede da APADP”.
Trata-se de um apoio de 5.000 euros anuais, que a Câmara deliberou, já em 12 de Novembro de 2008, (proposta nº 803-MA/2008) conceder à APADP. Enfim, já dará para pagar a factura de água ao SMAS e mais uns trocos...
Claro que se este Protocolo não estivesse a aboborar à espera da campanha eleitoral, a APADP recebia a dobrar, por 2008 e 2009. Mas em Novembro ainda a campanha eleitoral vinha longe para o Dr. Fernando Seara, que teorizou sobre a sua gestão dos “timings” na Universidade de Verão do PSD em 2005, sustentando que “a população urbana só tem memória de seis meses. A gestão política é nossa (...) Acha que eu vou abrir a Biblioteca de Queluz dois anos antes? (...) eu tenho de começar o alargamento do IC19 em Outubro de 2004. Sabe quando está pronto? Em Agosto de 2005, sabe porquê? Porque há eleições.”
Como candidata socialista à Câmara Municipal de Sintra só tenho de congratular-me com a circunstância de a minha visita à APADP ter proporcionado o súbito desbloqueamento, por parte do executivo camarário a que preside o Dr. Fernando Seara, de um apoio há muito solicitado à C.M.Sintra.
Baseada neste precedente, venho desde já declarar total disponibilidade para visitar as instituições sintrenses que aguardem legitimos apoios por parte do executivo sintrense, na expectactiva de levar a Câmara Municipal de Sintra a imediatamente desbloquear tais apoios. Dou de barato os foguetórios eleitoralistas que o Dr. Seara entenda, a propósito, promover.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Coligação Mais Sintra ou menos PSD?

Reacção de João Carlos Mariano, candidato aprovado pela secção do PSD de Queluz à Junta de Freguesia de Almargem do Bispo, Sintra, quando confrontado com a sua preterição por Marco Caneira, militante do CDS, determinada pelo presidente/candidato à Câmara Municipal de Sintra, Dr. Fernando Seara:

"É uma decisão autoritária que passa por cima de quem trabalha e de tudo quanto é aceitável em democracia"(...) "desrespeita as estruturas partidárias e mistura futebol com política. Cheira-me a uma tentativa de manipulação de interesses na freguesia e não me admiro que seja uma manobra para que os terrenos da Casa das Selecções passem para a Cãmara" (DN, 16.08.09, pag 11).

Comentários para quê?

domingo, 16 de agosto de 2009

Sintra: (ex)citações do presidente/candidato

1. "...recorda como foi enganado há oito anos quando Manuela Ferreira Leite, então presidente da distrital de Lisboa do PSD, o convenceu a aceitar candidatar-se a Sintra "(...)Ela convenceu-me a aceitar porque sabia que não ganhávamos. Apresentou-me uma sondagem que dava 59% à Edite (...) e 19% para mim" (24 HORAS, de 16.08.09, pag. 33)

2. "No momento em que Durão Barroso me convidou (para candidato à Câmara de Sintra), mostrou-me as projecções: Edite Estrela 59%, PSD 19%. "Se tu subires um bocadinho, já é um bom resultado, disse-me ele" (VISÃO, de 23.08.07, pag. 37);

3. "Vai candidatar-se a um terceiro mandato em 2009?
R. Não. (...)" (VISÃO, de 23.08.07, pag. 38)

4. "Sobre a candidatura ao terceiro mandato (...) Seara voltou a gargalhar ao meu ouvido "Eu já não preciso disso". (...) Confirmei que não, de facto, ele já não precisa disso. Mas que está sempre em campanha, lá isso está" (24 HORAS, de 16.08.09, pag. 32)

5. "Eu sou o exemplo de rédea curta e porrada na garupa" (omite-se, por pudor, o enquadramento da citação (24 HORAS, de 16.08.09, pag 33).

Comentário:
Ai, valha-nos S. Pedro!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Escravatura no Alentejo - ignomínia!

Grande jornalismo e fundamental denúncia, a assinada por Carlos Dias no "PÚBLICO" de anteontem, sob o título "Prometiam-lhes o "paraíso" mas viram o Inferno no Alentejo" , sobre a exploração desumana, intolerável, vergonhosa, a que estão a ser sujeitos imigrantes romenos, tailandeses e de outras nacionalidades, neste jardim à beira-mar plantado.
Em artigo de seguimento, ontem, o "PÚBLICO" noticia que a Igreja e os sindicatos condenam e urgem a intervenção das autoridades.
SEF diz que está "atento" e "acompanha".
GNR de Beja "recusa prestar esclarecimentos" mas já interveio, inclusivé em apoio de trabalhadores em fuga aos exploradores.
Quem não se aceita que não intervenha implacávelmente, exemplarmente, imediatamente, sobre os mafiosos intermediários e os cafagestes empregadores é a Inspecção Geral do Trabalho e o Ministério Público.
Regredimos civilizacionalmente e voltamos a tolerar a escravatura?
Ou conseguimos ainda um sobressalto cívico e cortamos já este mal pela raiz ?

sábado, 8 de agosto de 2009

Querido Raul

Ri sempre quando, miúda, o procurava imitar.
Rio sempre, quando me lembro das suas piadas, dos seus "sketches", das suas caras, carões e caretas.
Rirei sempre. Daquele humor aparentemente fácil mas matreiro, observador, desconcertante, despertador, corrosivo, inteligentemente crítico, resistente.
Recordo-o discreto, a parecer quase encabulado, naquele jantar diplomático em casa do Aziz e da Maria Felice, em que fiz questão que a Leonor e ele viessem, dias antes de partir pela primeira vez para Jacarta. Recordo o clarão que lhe assomou aos olhos quando, a um canto, lhe disse que o parafraseava amiúde, apropriando-me da sua "a minha política é o trabalho" para explicar que "a minha política é a política externa". Oiço ainda as gargalhadas que nos fez soltar, depois, nesse serão.
Recordo um passeio iconoclastamente divertido, com ele e a Leonor, às mercolas pelas ruelas de Macau, com inevitável "olhó passarinho" diante das ruinas de S. Paulo e multiplas interpelações de gente que o reconhecia. Já lá vão 10 anos.
Não sei se nos cruzamos pela ultima vez há uns meses no "Procópio" ou na casa de campo da Leonor. Só sei que não foi realmente a última vez, porque um homem como este nunca se vai, nunca mais sai das nossas vidas. Fica-nos para sempre na cabeça e no coração, a por-nos a rir e sorrir.

A politica sem-vergonha

A Dra. Manuela Ferreira Leite, a líder que aparece nos cartazes por esse país fora a proclamar uma "política de verdade", pratica de facto uma "política sem vergonha", ao incluir nas listas dos candidatos a deputados do PSD pessoas acusadas judicialmente, porque seus fiéis.
Ficamos esclarecidos:
a líder do PSD que em Abril agitava a bandeira da ética política para apostrofar "candidaturas fantasmas", em Agosto manda a ética política às urtigas para promover/proteger o "homem da mala", que entretanto se graduou em "homem do braço engessado" tentando iludir a justiça.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

PE alimenta a "silly season" de IAC

Isabel Arriaga e Cunha é correspondente do "Público" em Bruxelas. Acho-a boa jornalista, bem informada, com especial acesso a úteis fontes britânicas.
Mas no melhor pano cai a nódoa, ou IAC também tem direito à sua "silly season".
O artigo que assina no "Público" de ontem, sob o título "Eurodeputados portugueses ausentes dos cargos "institucionais" mais relevantes", sugere que IAC vê o PE como entretenimento estival.
Mas ao menos esperar-se-ia que não desconhecesse o básico. Porque a tese de que "Eleitos nacionais têm vindo a perder influência ao longo do tempo, tudo porque, pela primeira vez, desde a adesão de Portugal à UE, a instituição não tem nenhum vice-presidente português" se alimenta do calor de ananazes típico de uma nacional "silly season"...
Nenhum dos actuais 22 deputados portugueses no Parlamento Europeu (PE) vai ocupar cargos de grande relevo no início da nova legislatura pura e simplesmente porque o cargo de Vice-Presidente do PE não é tão relevante como IAC o pinta.
E por isso os dois partidos portugueses que tinham pontos para "gastar" num lugar de Vice-Presidente do PE - o PSD e o PS - acharam melhor "gastá-los" de outra forma, nas negociações intra-Grupos e inter-Grupos de Julho passado.
No caso do PS, foi opção acordada entre os 7 membros da delegação parlamentar que era preferível apostar antes na presidência de uma Comissão - e concretamente na do Comércio Internacional, que Vital Moreira assumiu já. Um cargo que tem influência real e não é, de modo nenhum, "secundário", como sugere IAC para ilustrar a "silly" tese. Basta dizer que além do acompanhamento das negociações internacionais de comércio mundial de Doha, por esta Comissão passam as EPAs (Partenariados Económicos com os países ACP) e todos acordos em matéria comercial com a China, a Russia, o Brasil, etc....
Nem sequer é verdade, como sugere IAC, que "escolher os detentores dos cargos conseguidos já poderá ter a ver com o prestígio conquistado pelos deputados junto dos seus pares, o que tende a favorecer os veteranos e penalizar os novatos." Basta atentar que António Costa foi eleito Vice-Presidente no início do mandato em 2004 e nunca tinha sido antes membro do PE. E que quando saiu para o Governo, foi sucedido no cargo por quem a delegação portuguesa indicou (Manuel dos Santos), visto que o lugar de Vice-presidente do PE já fora "comprado" pela delegação socialista portuguesa. Qual prestígio, qual carapuça!
Em 2004, desconhecedora do funcionamento do PE, dei o meu OK a que a delegação do PS almejasse o cargo de Vice-Presidente. Em 2009, sabendo o que sei hoje, não hesito em defender que a presidência de uma Comissão - e em particular a Comissão do Comércio Internacional - é incomparávelmente muito mais importante.

Defesa contra a corrupção

"Quando o Estado português faz contratos com uma empresa de armamento para a aquisição de equipamento de defesa, é frequente a inclusão de disposições sobre contrapartidas. (...)As contrapartidas, se bem negociadas e aplicadas, poderiam representar mais-valias importantes para a economia portuguesa e para o avanço tecnológico a longo prazo – embora a própria NATO as desaconselhe, por ineficiência e por se prestarem a desviar recursos públicos em esquemas de corrupção.
Ora as percentagens de implementação dos programas de contrapartidas de alguns dos maiores contratos de aquisição de material de defesa feitos por Portugal – os dois submarinos (€1210 milhões), as viaturas blindadas Pandur (€516 milhões) e os helicópteros EH-101 (€403 milhões) – são de 25%, 12% e 24%, respectivamente...

Todos estes programas são da responsabilidade política do governo Barroso/Portas."

Este é um extracto de artigo sob o título acima, que publiquei no Jornal deLeiria de 30.07.09 e que está reproduzido aqui na ABA DA CAUSA.