A seguir ao grande terramoto de 1755, provocou grande agitação um folheto que "provava" ser a catástrofe um castigo de Deus, escrito pelo padre Gabriel Malagrida (jesuíta de origem italiana, com longa obra missionária no Brasil, que depois foi desterrado pelo Marquês de Pombal, acabando condenado pelo crime de lesa-magestade e executado pela Inquisição).
A ira divina sempre fez parte das explicações populares das grandes catástrofes, naturais ou não. Hoje, numa época de fanatismos religiosos, a tragédia do furacão Katrina fez proliferar os partidários do castigo de Deus. Como relata hoje o Público (link só para assinantes), os fundamentalistas cristãos norte-americanos consideram-na uma punição divina pelos pecados do aborto e do homosexualismo. Os fundamentalistas islâmicos vêem nela a vingança de Alá pelas ofensas dos Estados Unidos contra o Islão. Em Israel, os zionistas consideram-na um castigo pela pressão dos Estados Unidos para a retirada dos colonatos israelitas de Gaza.
Não havendo agora punição humana para os partidários do castigo de Deus (que, aliás, recai sempre sobre inocentes...), a virtuosa omnipotência divina não seria melhor empregada na punição dos próprios autores destas lucubrações? Haja Deus!