«Será que só eu acharei estranho que o Pres. da Com. Eur. tenha escolhido uma escultura de Fátima como prenda ao Chefe de Estado do Vaticano, na sua primeira visita oficial como líder da Europa?
Foi uma oferta pessoal? Se não, quem visava representar com tal oferta, nas vésperas do Dia da Europa?
Porque é que, quanto ao relacionamento entre Estados e Organizações com a Igreja, ninguém se interroga sobre as questões diplomáticas simbólicas? O que aconteceria se fosse entregue por Durão Barroso a um líder muçulmano uma cópia manuscrita do Corão?
Depois de ouvir, dois dias depois, o mesmo Pres. da Com. pedir mais poderes para a UE nas áreas da Justiça, Liberdades e Segurança, não posso deixar de lamentar que todos os que sonham com uma Europa unida mas aberta, culturalmente forte mas plural, vejam a união dos europeus ser cada vez mais um movimento concêntrico de confessionalistas. Ou seja, daqueles que pensam que toda a Europa se deve constuir à volta da sua tradição e raízes cristãs. E não, como devia, da sua luta e do seu caminho de liberdade, democracia e pluralidade.
A que Constituição dará tal movimento lugar?»
Paulo Sérgio Macedo