domingo, 2 de março de 2008

Manuel Monteiro dixit...

Em declarações a agência LUSA que terá ontem feito em Barcelos, reproduzidas nos jornais Público e Sol on line, Manuel Monteiro imputou-me o seguinte: “a eurodeputada escreveu num blogue que estão a ser feitas leis para beneficiar, em matéria judicial, políticos como Paulo Portas e Jorge Coelho”, considerando ainda “muito estranho” que aqueles políticos não tivessem reagido, designadamente “desmentido e avançado com queixas em Tribunal”.
As afirmações que me são atribuídas por Manuel Monteiro distorcem o que eu escrevi neste blogue, como qualquer pessoa poderá comprovar lendo o post " O bom nome de Paulo Portas" , que aqui escrevi a 26.2 e que não retirei, nem retiro.
Não nomeei jamais – nem neste post, nem algures – o socialista Jorge Coelho.
Nomeei, sim, Paulo Portas. E já o fiz por repetidas vezes, no blogue, em artigos na imprensa, em declarações várias desde 2003, criticando politicamente a sua actuação e denunciando a extraordinária impunidade de que vem beneficiando face a actos ilegais e danosos para o país que praticou nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes.
Tenho, com efeito, feito referências desaprovadoras a alterações legais recentes:
1. À alteração sofrida pelo art. 30º do Código Processo Penal, que estende a figura do «crime continuado» a crimes contra pessoas – e nesse sentido critiquei neste blogue (vd meu post de 3.11.2007 sob o título "«Crime continuado» também contra o PS") e em comentários no Rádio Clube Português e na imprensa o meu partido, o PS, que as re-introduziu na AR, mesmo depois de saber das graves implicações que teriam, designadamente, ao poder reduzir as penas para os responsáveis por crimes de violência doméstica e de pedofilia.
2. Sobre a nova disposição do CPP que passou a proibir a reprodução de escutas telefónicas constantes de processos judiciais, antes destas serem utilizadas em audiência; e aqui não critiquei tanto o conteúdo, mas venho constatando com preocupação a oportunidade, num momento em que várias investigações judiciais - designadamente no caso Portucale - revelam alarmantes cumplicidades entre políticos do CDS-PP e do PS e entre políticos e interesses privados.
Mais nenhum esclarecimento me merecem as declarações de Manuel Monteiro, certamente alimentadas pela patética obsessão de criar um espaço político que o país, há muito e sistematicamente, lhe tem negado.