1. Vai por aí grande especulação sobre o provável incumprimento das metas orçamentais do país para o corrente ano e sobre a consequente necessidade de "medidas adicionais" para as atingir (ou seja, corte na despesa e/ou aumento de impostos).
Como tenho assinalado várias vezes, compartilho desses receios desde o início e temo que eles se comecem a materializar sem grande demora. Mas também considero que só se vai ter uma perspetiva fidedigna da situação orçamental lá para outubro, quando se conhecer a execução orçamental do terceiro trimestre (julho-setembro), que é o segundo trimestre de vigência do orçamento (que só entrou em vigor no princípio de abril), e que já vai refletir quase integralmente a recuperação das remunerações da função pública e a eliminação da sobretaxa das pensões, bem como o impacto orçamental das medidas que só entram em vigor no segundo semestre, como a redução do IVA na restauração e os custos da redução do horário de trabalho no setor público para as 35 horas.
2. Outubro será também marcado pelo debate do orçamento para 2017, que terá de refletir integralmente o impacto orçamental das medidas adotadas em 2016, mais as medidas suplementares que os partidos da base parlamentar de apoio ao Governo vão exigir para aprovar o novo orçamento. A meu ver, o orçamento de 2017 vai constituir o verdadeiro teste da sustentabilidade política do Governo
Por isso mesmo, os "idos de outubro" vão ser cruciais na agenda política do corrente ano e talvez mesmo da legislatura.
Adenda
Importa registar que outubro é também previsivelmente a data de mais uma avaliação da agência de rating DBRS, que é a única que mantém uma notação positiva da dívida pública nacional, que obviamente o País não pode perder.