quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

Histórias edificantes

Antigos aliados
No Independent de Londres lê-se que no tempo do Presidente Reagan, quando os Estados Unidos apoiavam o Iraque na sua guerra contra o Irão, o actual ministro da defesa de Bush, Rumsfeld, foi enviado a Bagdad para manifestar o apoio a Saddam, mesmo depois de este ter usado armas químicas em larga escala. Vale a pena ler. Os documentos agora revelados, em que se baseia a notícia, confirmam outros dados que já eram do conhecimento público sobre as relações dilectas entre os dois governos.
Percebe-se agora melhor por que é que os Estados Unidos se apressaram a defender que Saddam deve ser julgado rapidamente no Iraque por um tribunal ad hoc montado pelo governo instalado pelas forças de ocupação, e não por um tribunal internacional isento. É evidente que desse modo há muito menos riscos de virem à luz esta e outras histórias sórdidas da primitiva amizade entre a Casa Branca e a ditadura de Bagdad...

Terrorismo inverso
Noticia o Público, citando fontes israelitas, que vários elementos de uma unidade de elite do exército israelita anunciaram a sua recusa em participarem nas operações de 'contra-terrorismo' nos territórios palestinianos ocupados, por entenderem não dever continuar a ser responsáveis por 'um regime de opressão que espezinha os direitos de milhões de palestinianos'.
As acções de verdadeiro terrorismo das forças de ocupação israelitas só não as vê quem só quer ver as dos extremistas palestinianos. Ainda ontem uma operação matou 8 palestinianos e fez arrasar por bulldozer várias casas. Enquanto a violência palestiniana é da responsabilidade de grupos 'irregulares', com a condenação da Autoridade palestiniana, a violência israelita é uma deliberada política oficial do Governo, levada a cabo por forças militares regulares (embora secundadas ocasionalmente por milícias de colonos israelitas).
Não é por acaso que Israel, tal como os Estados Unidos, rejeitou a jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Muito provavelmente os seus dirigentes políticos e militares poderiam vir a ser acusados de crimes contra a humanidade.