quarta-feira, 7 de janeiro de 2004

Culpados até sempre

Já não suporto a ideia de que a culpa de tudo o que corre mal em África é sempre do ex-colonizador. Não seria tempo de dividirmos algumas responsabilidades, de cada um assumir as suas?
Parece que não. Carlos Pacheco, historiador angolano, começa assim o seu artigo no Público. «Em vinte e oito anos de independência Angola continua atolada nos entulhos da velha herança colonial». A seguir, critica (e bem) alguns factos escandalosamente notórios, como a nomeação de Pierre Falcone, uma personalidade francesa acusada de envolvimento em vários negócios escuros, para ministro-conselheiro de Angola na UNESCO. Esquece-se, contudo, de demonstrar a que propósito foi invocada a "herança colonial". Não vale a pena, faz parte do cânone. Culpados seremos até sempre.

Maria Manuel Leitão Marques