quarta-feira, 12 de maio de 2004

A arte de criar anti-americanismo


"O Iraque de Picasso" - humor negro do The Spectator

Com as horríveis provas da violência sobre os prisioneiros iraquianos, que não cessam de aumentar, Bush não perdeu somente a sua reclamada autoridade moral da luta do "Bem contra o Mal"; perdeu também as últimas réstias de esperança em conter a hostilidade dos iraquianos contra a ocupação, que a impiedosa e mortífera repressão não tem cessado de incrementar.
Como dizia ontem um colaborador do semanário conservador britânico The Spectator, que apoiou a guerra, o caos iraquiano é «pior do que o Vietname», justamente porque aí os Estados Unidos ainda gozavam de algum apoio local, enquanto que no Iraque já não dispõem de nenhum.
Qualquer que seja o regime iraquiano a surgir depois da saída dos invasores, ainda que seja algo parecido com uma "democracia", tudo indica que ele será anti-americano e que a resistência à ocupação norte-americana estará provavelmente na base da sua legitimidade popular.
Como confessava amargamente ontem no New York Times um apoiante da guerra:
«If the future textbooks of a free Iraq get written, the toppling of Saddam will be vaguely mentioned in one clause in one sentence. But the heroic Iraqi resistance against the American occupation will be lavishly described, page after page. For us to succeed in Iraq, we have to lose.»

Que maior derrota para a aventura imperial dos Estados Unidos no Iraque?