«Entretanto, [nas eleições europeias] a coligação tão festivamente chamada "Força, Portugal!" já adoptou uma postura defensiva e prepara-se para evitar os efeitos negativos de uma mais que provável derrota. Do lado do PS, onde Sousa Franco se tem revelado de um assinalável espírito combativo, a grande discussão consiste em prever a margem da vitória e tentar estabelecer um patamar em que a vitória do PS seja ao mesmo tempo uma derrota de Ferro Rodrigues. Não é fácil de entender, mas infelizmente é assim mesmo.»
(Eduardo Prado Coelho, na sua crónica diária no Público de hoje).
Até é muito fácil de entender. No PS são useiros estes calculismos internos. Em 1998, no referendo da despenalização do aborto, quase todo o Partido se distanciou da campanha do "sim", para não contrariar o seu líder de então (ostensivamente contrário à despenalização), esperando que os resultados seriam favoráveis mesmo sem o seu comprometimento, sem serem porém excessivamente expressivos, para não penalizar o primeiro-ministro. O resultado sabe-se qual foi.
Agora as "linhas" do PS que contestam a actual direcção também acham que as eleições serão ganhas na mesma sem o seu empenhamento, esperando porém (sem obviamente o dizerem) que a vitória não seja excessivamente expressiva, para não aparecer como vitória de Ferro Rodrigues, o que neutralizaria a contestação à sua posição no próximo congresso, com vista ao ciclo eleitoral de 2005-2006. Desta vez não é provável haver surpresa quanto à vitória nas eleições. A questão estará na "margem de vitória": basta que a votação fique muito abaixo do "score" de há cinco anos.