A selecção nacional lá tratou de me passar atestado de péssimo treinador de bancada. Ganhou à Rússia e à Espanha. Vi todos os três jogos desta primeira fase. Fui a outros tantos estádios. O do Dragão é o mais belo, mas o da Luz (embora escolhido num qualquer catálogo da Web) é o mais "estádio", o mais impressionante. Quanto ao jogo de ontem: grande convicção, muita determinação, muita pressão. Resultado: a selecção espanhola reduzida a um conjunto de tímidos jogadores sempre a errar passes. E mesmo quando, entre os 65 e os 85 min., tentaram jogar, fizeram-nos aos repelões, nunca assentando jogo.
Mas boa, boa, foi a festa no estádio. Ao contrário das imagens tolas que se reproduzem, a disputa sobre o controlo do "sonoro" com os adeptos espanhóis foi divertidíssima, a explosão de alegria no golo do Nuno Gomes (por que raio o homem não marca golos destes na Liga!?) foi fantástica e, no final, os "adios cariño" às espanholas, igualmente selectos.
Nunca percebi por que razão comentadores e C.ia (incluindo treinadores e ex-treinadores) precisam de dizer e escrever tanta tontaria sobre um facto tão simples como o de existirem muitos poucos momentos e espaços nas sociedades contemporâneas para as pessoas se sentirem "em multidão". É por isso que fazem a festa. Mesmo quando nem tudo corre de feição (basta recordar o que se passou no Dragão). Interpretar em sentidos pseudo-patrióticos, ou conotar tais manifestações com arruaças, é tão tolo como transformar um jogo de futebol numa batalha.
Jorge Wemans