domingo, 11 de julho de 2004

«A minha opinião»

«Queria deixar a minha opinião sobre todo este processo que foi a decisão do Presidente da República...
A principal crítica que eu tenho é o tempo que o PR demorou para tomar a decisão que tomou. A 1ª vez que ele soube da saída do Durão Barroso foi no dia 24 de Junho. Ou seja, ele demorou duas semanas a tomar a decisão. Durante este tempo, os partidos políticos extremaram as suas posições de um modo que eu inicialmente não esperava. Estas tomadas de posições foram particularmente fortes durante a última semana, mas também eram previsíveis, dada a importância da decisão e o tempo que demorou a ser conhecida a decisão presidencial. Sinceramente, acho que o PR deveria ter aproveitado o estado de graça em que estava o país devido ao sucesso do Euro 2004 e deveria ter anunciado a decisão no início da semana passada. Duvido que ele tenha modificado a sua posição durante esta semana, e teria suavizado a crise política entretando gerada.
Quanto à decisão propriamente dita, ela era bastante complexa e com bons argumentos para ambos os lados. Ou seja, era uma decisão pessoal do PR. E aqui reside a minha dúvida. Sabe-se que o PR foi eleito por eleitores maioritariamente de esquerda (mas também devido a um sentimento anti-Cavaco muito forte). Será que ele devia ser leal para com esses eleitores ou deveria olhar para a situação e pensar "o que é melhor para Portugal?". No fundo, será que ele devia tomar a decisão como socialista que sempre foi ou como português apartidário? A minha opinião é que ele deveria ser apartidário e olhar para a situação como independente. Isso não quer dizer que ele não pudesse (ou até devesse) convocar eleições antecipadas, mas que isso seria uma decisão a pensar no que seria o melhor para Portugal e não para o partido que o elegeu.
(...) Se ele tivesse tomado a decisão de dissolver o parlamento, a decisão teria sido sempre associada com uma decisão socialista e não para o bem nacional. É que eu não acredito que tenha sido fácil dar a liderança do governo ao Santana Lopes (PSL). Acredito que o PR tenha pesadelos à noite a pensar nisto, pois vai contra o que lutou durante anos. Foi sem dúvida a decisão mais difícil da vida dele. E é por tudo isto que acredito que a decisão tomada tenha sido a que ele pensa ser melhor para o país.
(...)»

(AF, Houston)