Dados agora publicados revelam que, apesar do animador crescimento da quota dos "genéricos" no consumo de medicamentos entre nós, os utentes viram aumentar porém a sua quota parte na factura medicamentosa global, pelo facto de ter diminuído a comparticipação pública na aquisição de medicamentos de marca, dado que ela é agora calculada com base no preço dos genéricos, bem mais baratos. Nada que se não tivesse antecipado aquando da última reforma.
É evidente que um dos grandes responsáveis por essa oneração dos consumidores está na recusa de muitos médicos -- aliás apoiados pela respectiva Ordem! -- em receitar genéricos ou em aceitar a troca dos medicamentos receitados por genéricos, se o doente o desejar. Mas essa resistência só é possível porque a lei prescindiu de impor aos médicos a prescrição exclusivamente pela denominação técnica do fármaco (e não pela sua marca comercial), permitindo-lhes, pelo contrário, recusar a troca por genéricos equivalentes, mesmo nas prescrições de medicamentos participados pelo Estado. Como este não paga mais por isso, quem suporta a factura adicional pelos medicamentos de marca são os pacientes, como agora se vem comprovar.