Na ressaca do meu aniversário, gostaria de agradecer a todos os leitores que tiveram a amabilidade de, como diria um treinador brasileiro comum, "me parabenizar". Fico sempre emocionado com a bondade dos desconhecidos. Obrigado por perderem tempo só para cumprimentar um tipo deste lado. A plateia pode, de facto, não existir mas, de quando em vez, revela uns bem simpáticos fantasmas.
Já agora, aproveito a boleia para fazer outras considerações avulsas sobre o correio que tenho recebido nestes meses de Causa. Volta e meia, coisa que também me espanta pela positiva, aparece uma alma saudosa do Desejo Casar, rogando-me que escreva sobre amores e devaneios ilhéus. Tenho imensa saudade desse tempo mas, por uma série de motivos, não me apetece voltar a escrever sobre as mesmas coisas. Havia um contexto próprio no DC que agora já não sinto, além de que - como muito bem tinha o Pedro Lomba na sua epígrafe do FLOR DE OBSESSÃO - "growing up in public" (Lou Reed) não é fácil. Se me voltar a dar para isso, e de vez em quando tenho aqui uns tímidos fogachos, de certeza que o notarão.
Por outro lado, fico sensibilizado com a impaciência dos revoltados que não apreciam os socialistas. Também eles perdem um tempo precioso a escrever mails. Mas, e tenham santa paciência, deixei de responder a insultos - sobretudo quando me insultam por ser socialista. É que dá-se a pequena particularidade de o não ser. Não sou socialista, não sou militante de nenhum partido, não tomo café com o Ferro nem vou ao ténis com o Sócrates, não tenho livros do Alegre nas estantes da minha casa, desamparem-me a loja.
Última consideração, de teor mais prático: por favor, não percam tempo a enviar-me mails demonstrando preocupação com a política de pescas em Portugal ou com dúvidas sobre as revisões constitucionais. Não sou a pessoa indicada. Estou tão à vontade na hard-politik como o Luís Filipe Vieira está na Literatura Comparada. Ok?