quinta-feira, 4 de novembro de 2004

O retrato eleitoral dos Estados Unidos

O quadro da repartição do voto nas eleições presidenciais dos Estados Unidos que o Público de hoje revela (não disponível na edição on-line) mostra que não se alterou o padrão tradicional da base eleitoral dos democratas e dos republicanos.
Particularmente elucidativa é a repartição por classes de rendimento, com uma clara vitória de Bush entre os mais ricos (62% nos que ganham mais de 200 000 dólares) e uma vitória igualmente expressiva de Kerry entre os menos abonados (63% entre os que ganham menos de 15 000 dólares). Não corresponde portanto à realidade a ideia da indiferença das classes sociais na identificação política norte-americana.
Dado o fortíssimo papel da religião nos Estados Unidos, é igualmente relevante a distribuição por grupos religiosos. Bush prevaleceu nos crentes cristãos (protestantes e católicos), que representam 80% do eleitorado, enquanto Kerry levou a melhor no eleitorado judaico (que manteve a sua tradicional fidelidade aos democratas, com 76%), bem como nos fiéis das religiões minoritárias e nos eleitores sem religião.
No que respeita ao voto étnico Bush foi o preferido pela população branca, que representa 77% dos eleitores, enquanto Kerry venceu nos eleitores afro-americanos (com uma preferência de 89%!) e nos não brancos em geral.
Para além disso, Bush ganhou no voto masculino, nos mais velhos, nos que têm escolaridade média e nos casados. Kerry ganhou no voto feminino, nos jovens, nos menos e nos mais instruídos, e ainda nos não casados.