«(...) A autonomia das escolas conduz a situações aparentemente absurdas em que se multiplicam cursos sem qualquer estudo sustentado das realidades profissionais e das necessidades do País, com curricula baseados apenas em generalidades, sem que existam em Portugal doutorados ou especialistas de reputado prestígio em número suficiente para cumprir com dignidade e rigor científico o seu papel de professores.
Atente ao que se passa em duas áreas: conservação e restauro do património e documentação.
No tocante à conservação, existe uma licenciatura bi-etápica no Instituto Politécnico de Tomar; uma licenciatura na Universidade Nova de Lisboa e uma licenciatura na Escola das Artes da U. Católica do Porto. (...) Ora, num momento em que a prudência aconselharia a que não se multiplicassem mais cursos, a Câmara de Óbidos "tira da cartola" mais um curso de conservação e restauro, no âmbito do Instituto Politécnico de Leiria, que visa dar formação a 700 alunos!! Consta que se preparam iniciativas semelhantes noutras localidades, entre as quais Setúbal.
Outra situação que pode ser exaustivamente documentada é a das pós-graduações, e agora também licenciaturas, que se multiplicam verdadeiramente como cogumelos na área dos arquivos e bibliotecas. Neste momento, Portugal caminha a passos largos para ter o dobro da oferta de formação existente em Espanha e temos mais cursos de biblioteconomia do que a generalidade dos países europeus...».
(Rui Ferreira da Silva)