«(...) Na minha opinião Socrates não está excessivamente entusiasmado para levar o referendo [à despenalização] do aborto para a frente, pelo menos nos tempos mais próximos. A taxa de participação e resultados do último referendo permite-nos deduzir que:
a) Este não é um assunto muito importante para a grande maioria dos portugueses.
b) Tendo em conta o resultado, nota-se que o assunto é substancialmente mais importante para os portugueses que são contra [a despenalização] do aborto do que para os que são a favor.
c) A lei que foi levada a referendo era excessivamente esquerdista, ao pretender que os abortos fossem incluídos no SNS como qualquer outro tratamento.
(...) Por outro lado, é do maior interesse da direita que um referendo sobre o aborto seja realizado no mais curto espaço de tempo possível. A direita, após esta derrota necessita de uma bandeira comum, e de uma vitória. Quem não precisa disto para nada é a esquerda em geral, e o PS em particular. Coloca-se assim a questão de qual é a intenção de Louçã ao martelar a mesma tecla.»
(Pedro Oliveira)