quinta-feira, 10 de julho de 2008

G8 e direitos humanos em África: dois pesos e duas medidas


O reles ditador que ainda é Primeiro Ministro da Etiópia, Meles Zenawi, voltou a ser convidado para a reunião do G8, no Japão, a pretexto de ter integrado a "Comissão para África" em tempos criada por Tony Blair.
Circulam na internet fotos de Meles sorridentemente sentado ao lado de Durão Barroso, Sarkozy, Merkel, Bush e outros líderes do G8, que não se coíbem de com ele se apresentar em público e assim o respaldar politicamente.
Os sorrisos deviam ser do deleite de reciprocarem verborreia hipócrita sobre boa governação em África. Porque haviam de cuidar da fraude eleitoral, das violações massivas dos direitos humanos, dos crimes de guerra e contra a humanidade por que Meles Zenawi é pessoalmente responsável, cometidos contra o seu próprio povo, além do eritreu e do somali?
Mas que raio, será que estes dirigentes das nações mais industrializadas do mundo, já que não levam em conta os veredictos e recomendações das Missões de Observação Eleitoral pagas pelos contribuintes europeus (como aconteceu com a que eu dirigi na Etiópia em 2005 e integrava mais de 200 observadores europeus) , não têm vergonha na cara e nem sequer se dão ao trabalho de ler jornais ou outras fontes de informações sobre a realidade em Africa e na Etiópia, em particular, cuja capital até alberga a sede da União Africana?
Só no último mês, os media internacionais, além da devastação, mortandade e reforço dos fundamentalistas islâmicos que a invasão etíope da Somália está a produzir, destacaram sobre a Etiópia:
- Extractos de um relatório da ONG Human Rights Watch denunciando crimes de guerra e contra a humanidade praticados pelo exército etíope na região do Ogaden (ao longo da fronteira com a Somália) , incluindo execuções públicas, descriminação económica sistemática, tortura e violação de civis.
- Notícias, acompanhadas por fotografias horripilantes, sobre a fome e a severa malnutrição de milhares de crianças em várias regiões da Etiópia - fomes negadas pelo reles Meles, já que tais relatos de miséria estragam a fantoche " história de sucesso" que tenta vender sobre a Etiópia", para justificar ser "aid darling" entre os doadores europeus de ajuda para o desenvolvimento.
- Denúncias pela Amnistia Internacional sobre um projecto-lei que o reles Meles Zenawi está a preparar para arrasar a já quase inexistente actividade da sociedade civil e de defensores dos direitos humanos na Etiópia; esta lei prevê medidas draconianas, entre as quais penas de prisão até 15 anos para quem cometa actos ilegais, como por exemplo... ler informação de ONGs estrangeiras - já que estas passarão a estar proibidas de se envolverem em qualquer questão política ou de governação...;
- Denúncias de um massacre de 400 homens, mulheres e crianças oromo (o maior grupo étnico da população etíope), num ataque dos esbirros do regime que terá ainda provocado 10.000 deslocados internos (IDPs), segundo as organizações oromo.
Qual é a moralidade, qual é a credibilidade destes líderes europeus e dos outros que os acompanham no G8, diante dos cidadãos africanos e dos europeus, quando ameaçam com sanções o regime corrupto, torcionário e ilegítimo de Mugabe no Zimbabwe, enquanto abraçam e acamaradam, sorridentes, com o principal responsável pelo regime corrupto, torcionário e ilegítimo que desgoverna a Etiópia, oprime os etíopes, comete crimes de guerra na Somália e mantém sob ameaça de guerra o povo da Eritreia?