Bem podem as autoridades de Havana celebrar oficialmente o 50º aniversário da revolução cubana, que aliás a princípio nada tinha a ver com o socialismo de Estado que veio a ser instaurado. Não há muito a festejar, porém.
A verdade é que, apesar das esperanças iniciais de um socialismo original, o "socialismo cubano" acabou por seguir o molde do marxismo-leninismo soviético. No final, o sistema de colectivização integral e planificação estatal da economia revelou-se o mesmo fracasso que em todo o lado, para não falar da castração das liberdades civis e políticas. Cuba é hoje um dos países mais pobres da América Latina, sobrevivendo das remessas dos expatriados e do turismo, onde imperam o racionamento dos bens essenciais, o mercado negro e a economia paralela, com campos abandonados e cidades em ruínas.
O único cimento que mantém coeso o regime é o anti-imperialismo norte-americano, que o irracional boicote económico de Washington veio acirrar e consolidar. É desejável que o novo presidente dos Estados Unidos corrija a política cubana da Casa Branca, trocando a estratégia do isolamento de Havana por uma política de abertura e de apoio à liberalização do regime cubano. Como mostrou o processo de democratização de outros países comunistas, especialmente na Europa, nenhum regime comunista resiste a um processo de abertura económica e política. O importante é começar.