É com pena que vejo não voltarem às listas do PSD e do CDS/PP para o Parlamento Europeu muitos colegas com quem mantive sempre boas relações pessoais e cuja actuação me habituei a respeitar e até por vezes a admirar, independentemente das divergências políticas. De João de Deus Pinheiro a Vasco Graça Moura, passando evidentemente pela minha amiga Assunção Esteves.
Se não me espantei diante da exclusão de José Ribeiro e Castro, por o saber honrosamente distante da orientação Paulo Portas, já me caiem os queixos quando vejo a direcção do PSD desperdiçar um deputado de invulgar qualidade e excepcional influência em questões económicas e sociais como José Silva Peneda. Qualidade e influência reconhecidas em todo o espectro partidário, ao ponto de o seu próprio Grupo político, o PPE, já o estar a predestinar para coordenador da área social na próxima legislatura, segundo me afiançaram vários colegas desse Grupo, incrédulos com a perda.
O papel dos coordenadores é decisivo nas orientações e nas actividades do respectivo Grupo - e, note-se, PSD e CDS não tinham qualquer coordenador neste mandato (enquanto a delegação portuguesa no PSE tinha quatro coordenadores - Elisa Ferreira na Economia, Capoulas Santos para a Agricultura, Paulo Casaca nas Questões Orçamentais e eu mesma para a Segurança e Defesa).
Acresce que quando chega ao PE pela primeira vez qualquer deputado, por mais esforçado que seja, anda cerca de dois anos a procurar entender como se funciona e a conhecer "os cantos à casa" (digo-o eu, por experiência própria, apesar de muito ajudada pelos meus antecedentes profissionais como diplomata).
Enfim, a actual direcção do PSD, em vez de tirar partido do investimento feito nos seus deputados nesta legislatura e do papel e influência que ganharam no seu Grupo Político, entendeu antes apostar em candidatos que, na sua maior parte, irão para o PE começar por andar... aos papéis.