Não posso deixar de assinalar o dia que ontem se celebrou, 8 de Março, já que infelizmente ainda se justifica um Dia Internacional da Mulher. Porque apesar da igualdade em termos jurídicos (na Europa), a prática ainda deixa muito a desejar, a começar pelos "tectos de vidro" que impedem as mulheres de chegar ao topo dos cargos públicos e privados, apesar de claramente competentes e experientes.
Felizmente que, graças à governação socialista nos últimos anos, demos aqui em Portugal passos significativos em matéria de igualdade - e destaco o impacto da Lei da Paridade, que já se faz sentir.
Mas não basta ter mais mulheres nas listas eleitorais. Precisamos de mais mulheres nos topos das carreiras, tanto na função pública, como nas empresas públicas e privadas, nos topos dos órgãos de decisão política e económica, para fazerem a diferença na marcação da agenda, para colocarem na mesa os assuntos que mais interessam às mulheres, para contribuirem com as suas sensibilidades e talentos para a resolução dos problemas que a toda a sociedade importam. E para que isso aconteça precisamos de legislação (e vigilância na sua aplicação) mais favorável à conciliação entre a vida familiar e profissional, pois precisamos de mudar mentalidades e educar os homens para assumirem plenamente responsabilidades na esfera privada, incluindo a de serem pais.
Por tudo isso e em tempos de grave crise económica e financeira - resultante do falhanço da esmagadora maioria de homens que domina as instituições financeiras, incluindo as de regulação e supervisão - considero muito oportuno que a Secretária de Estado para a Igualdade, Elza Pais, tenha tomado a iniciativa de lembrar que não temos falta de mulheres qualificadas para dirigir o Banco de Portugal: entre outras, Teodora Cardoso, Manuela Arcanjo, Domitília Santos ou Elisa Ferreira. Deixem-nas governar!