Na semana passada, na rúbrica “Conselho Superior” da Antena Um, sublinhei que o Governo deveria usar os eurodeputados portugueses para concertar em Bruxelas uma estratégia europeia contra a crise. 
No “Conselho Superior” de hoje lamentei que Portugal não tenha neste momento política externa e muito menos política europeia. 
Devíamos meter ombros à  prioridade de promover uma frente de países ditos periféricos, em situação de ataque e aperto semelhante à nossa, para fazer compreender à Sra. D. Merkel que esta Europa, assim, sem solidariedade e sem visão estratégica, entrincheirada na defesa do graal/Euro não vai a parte nenhuma – e, que  com o Euro, vai acabar por enterrar também a UE. E, mais prosaicamente para alcance merkeliano,  que,  quando o fogo pegar em Espanha, os bancos alemães também vão começar a arder....
É desesperante que tenhamos a  Europa entregue à gestão quadrada dos ministros das Finanças e do BCE -  uma espécie de  raposas velhas e relhas,  a tentar tomar conta de uma capoeeira esburacada, que repetidamente deixaram assaltar... 
É enfurecedor que tenhamos uma Comissão Europeia com a consistência barrosa da plasticina e um comissário da Economia e Finanças afoito apenas a  calcar  quem faz  por  se levantar do chão.  
É trágico que não haja hoje na Europa um só Chefe de Estado ou de Governo com sentido estratégico, determinação europeista e capacidade de liderança  para fazer a UE tirar finalmente as lições da crise  e tomar as medidas que se impõem ( e várias o PE tem sugerido) para corrigir os desequilibrios estruturais, retomar o crescimento e a criação de emprego. 
A demissão é colectiva - a quem restar honestidade, não sobra rasgo para ir além do rasteiro "sound-bite". 
Precisavamos de mais Europa - a da convergência, da coesão, da solidariedade, pré-federal.
Sai-nos uma salsichada franco-alemã, mistela de sabor rançoso e digestão funesta.