Segundo um credenciado instituto brasileiro de sondagens de opinião, a candidata Marina Silva (que herdou a vaga deixada pelo malogrado Eduardo Campos) poderá vencer as próximas eleições presidenciais brasileiras. Embora seja somente uma projeção, não deixa de ser uma surpresa.
Oriunda do PT, Marina fez parte de um dos governos do Presidente Lula da Silva, tendo depois aderido aos verdes; mas pertence a uma igreja evangélica "creacionista" e perfilha ideias conservadoras em matéria de liberdade individual (oposição à legalização do aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo, etc.). Não pertencendo a nenhuma das grandes famílias políticas brasileiras, também não se conhecem as suas ideias exatas sobre a política de alianças no Congresso para a formação do governo, caso vença as eleições.
Mais do que as virtudes de Marina, o que estará em causa nesse inesperado desenlace eleitoral (caso se concretize) será sobretudo a perda de atração política e a elevada taxa de rejeição da Presidente cessante, Dilma Roussef, e do próprio PT, vítimas da travagem do dinamismo económico do Brasil, do atraso na modernização do País (infraestruturas, educação, saúde, etc.), da persistência dos males tradicionais (desigualdade social, corrupção, "fisiologismo" partidário, ineficiência do Estado, etc.), da frustração da nova classe média urbana face a expetativas não realizadas (e, quiçá, do humilhante desempenho da seleção canarinha na Copa do Mundo de futebol, em que o Brasil tanto investiu...).
Resta saber se a frustração coletiva pode gerar saídas políticas virtuosas...
Adenda
As dificuldades da Presidente Dilma não devem se alheias a notícias como esta...
Adenda 2
Mais preocupações para Dilma: a economia brasileira entrou em recessão!