segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Dor de cabeça


1. Os resultados da sondagem eleitoral publicada no fim de semana passado não podiam ser melhores para o PS, com 43% (a dois pp da maioria absoluta), nem piores para a oposição do PSD e do CDS, cuja soma  (36%) fica muito abaixo dos socialistas.
Mas é caso para dizer que os resultados são demasiado bons para o PS, pois metade da sua subida é feita à custa dos parceiros da protocoligação parlamentar, o BE e o PCP, que perdem mais de 2 pp cada um em relação às eleições de há um ano. Ou seja, os louros políticos do desempenho governamental vão para o PS à custa dos seus parceiros de coligação parlamentar, apesar dos esforços destes para reclamarem para si os méritos das medidas favoráveis, o que não pode deixar de criar algum ressentimento político.

2. O caso é mais grave para o PCP, que desce para um nível preocupantemente baixo (6%) - inferior ao de todas as eleições legislativas até agora - e que pode ver nestes resultados o risco de um processo de definhamento como o que atingiu o PC francês no seguimento da sua entrada em governos liderados pelos socialistas há algumas décadas.
É evidente que o PC não vai precipitar uma crise de Governo a curto prazo, mas não é improvável que o próximo congresso do Partido dê eco ao descontentamento político que esta descida de apoio eleitoral necessariamente suscita e que, para apaziguar a inquietação interna, venha a aprovar um caderno reivindicativo tão exigente que o Governo dificilmente possa cumprir.
Eis como uma sondagem demasiado favorável pode causar uma dor de cabeça.