quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Não dá para entender (29): Duplicidade ocidental

O mesmo Ocidente político que, em nome do Direito internacional, justamente condena a anexação russa dos territórios ocupados no leste da Ucrânia (mesmo tratando-se de territórios maioritariamente russófonos a que a Ucrânia recusava a devida autonomia e que desde 2011 flagelava militarmente), não levanta, porém, o mais ténue protesto contra a crescente anexação por Israel da cidade de Jerusalém e da Cisjordânia, incluindo a expulsão dos seus legítimos residentes palestinianos e o levantamento de muros de separação em território alheio. 

E enquanto a Ucrânia beneficia de apoio militar, financeiro e político sem limites dos membros da NATO, e a Rússia é alvo de sanções económicas e políticas sem precedentes, no Médio Oriente é o Estado ocupante que beneficia de todos os apoios ocidentais, enquanto as vítimas da anexação são abandonadas ao arbítrio do poderoso invasor.

Afinal, hipocritamente, há anexações e anexações - depende de serem feitas pelos nossos amigos ou pelos nossos inimigos estratégicos. E há, de um lado, as vítimas que merecem toda a proteção e, do outro, os "réprobos da Terra", que nenhuma merecem - azar dos palestinianos....

Adenda
Comentário de um leitor: «E com o actual governo de Israel lá se vai também o último argumento possível a seu favor, que era ser democrático, diferentemente dos regimes árabes». Tem razão: neste momento, em Israel, é o próprio Estado de direito que está em causa. Mas Israel mostra que a democracia não impede o expansionismo e a anexação territorial...