quinta-feira, 29 de junho de 2023

Um pouco mais de jornalismo sff (24): Um falso impedimento


1.
Mais uma manchete infeliz do Público, a de hoje, sobre a alegada impossibilidade de as pessoas que ainda têm o antigo BI votarem fora da sua freguesia nas eleições europeias do ano que vem.

Na verdade, basta que substituam o BI pelo cartão de cidadão, que agora até pode ser pedido online! Se não o fizerem e se no dia das eleições estiverem ausentes da sua área de residência, só de si se podem queixar.

2. De resto, penso que era uma boa altura de acabar definitivamente com o BI, um resquício histórico, cuja sobrevivência não se justifica e que, aliás, em muitos casos, já se encontra com dados desatualizados, o que, entre outras contrariedades, dificulta o voto das pessoas que entretanto mudaram de residência. 

Além do ganho em segurança e em disponibilidades que o CC oferece (chave móvel digital, assinatura digital, etc.), o fim do BI proporcionaria também a toda a gente esta mais-valia do voto em qualquer lugar nas eleições que não dependem de círculos eleitorais, como as eleições europeias e as eleições presidenciais.

Adenda
Um leitor diz que há o problema do custo do CC. Se isso for considerado uma barreira, o Governo, considerando a prerrogativa de que até agora usufruiram esses cidadãos, poderia equacionar a emissão gratuita do seu CC, dentro de um certo prazo

Adenda 2
Outro leitor acha que a manchete do jornal é «desproporcionada», pois a maior parte dos portadores de BI são pessoas idosas, de reduzida mobilidade, pelo que «o risco de estarem ausentes na altura das eleições é muito baixo». Concordo.

Adenda 3
Afinal, mesmo os portadores de BI vão poder votar fora da sua freguesia, embora com recurso a aditamento manual aos cadernos eleitorais. Assim se perde um bom pretexto para acabar com um documento da "idade da pedra" pré-eletrónica...