1. Estas são as terceiras eleições do PS sob liderança de Pedro Nuno Santos. Mas, enquanto as eleições parlamentares nacionais foram disputadas ainda com António Costa no ativo e com listas de candidatos negociadas com J. L. Carneiro e as eleições regionais da Madeira foram naturalmente protagonizadas pelo líder regional socialista, estas eleições europeias são da responsabilidade exclusiva de PNS, que começou pela decisão inédita de despedir todos os eurodeputados socialistas cessantes e pela escolha nada óbvia da cabeça de lista socialista e tem continuado pelo seu empenho pessoal na campanha eleitoral.
Nestes termos, o resultado eleitoral só pode ser imputado ao líder: uma clara vitória pode consolidar a sua liderança; um novo desaire será uma severa derrota política pessoal.
2. Mas estas eleições constituem também um teste para o PS noutro plano.
Não sem alguma surpresa, nas recentes eleições parlamentares madeirenses, o PS não conseguiu explorar a seu favor a crise política desencandeada pela abertura de uma investigação penal contra o chefe do Governo regional, repetindo o medíocre resultado das eleições regionais anteriores.
Acresce que, tal como nas eleições parlamentares nacionais de abril passsado, embora o PS tenha conquistado votos à sua esquerda, à custa do BE e do PCP, perdeu outros tantos no eleitorado do centro. O resultado foi a redução da representação parlamentar do campo da esquerda e a ampliação da maioria parlamentar da direita.
Se esse padrão político se repetir no dia 9 de junho, com ganhos eleitorais à sua esquerda e perdas ao centro, o PS de PNS enfrenta um sério problema, pois a alienação persistente do apoio no eleitorado do centro condena a alternativa socialista à derrota.