Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 4 de julho de 2006
Cores nacionais
Publicado por
Vital Moreira
As cores nacionais são as da bandeira nacional, verde e vermelho . Ora as camisolas da selecção nacional de futebol (e outras modalidades) usam muitas vezes um "bordeaux" exótico, que está longe do vermelho vivo da bandeira nacional, e que suponho vem desde os tempos em que o Estado Novo execrava o vermelho (a própria palavra foi substituída por "encarnado"...).
Sendo a selecção uma representação oficial do país, não faz sentido usar outras cores que não as oficiais.
Sendo a selecção uma representação oficial do país, não faz sentido usar outras cores que não as oficiais.
Moléstia galopante
Publicado por
Vital Moreira
Segundo o Público de hoje, o número de professores do ensino básico e secundário incapacitados para dar aulas por motivo de doença mais do que triplicou em dois anos, atingindo hoje o número de 2500.
Por este andar, ainda teremos mais professores sem funções lectivas do que a dar aulas, que é supostamente a sua profissão. Sabática permanente, quem não gosta?
Por este andar, ainda teremos mais professores sem funções lectivas do que a dar aulas, que é supostamente a sua profissão. Sabática permanente, quem não gosta?
Interesses comuns, posições comuns
Publicado por
Vital Moreira
O meu artigo de hoje no Público (link só para assinantes) versa sobre a proposta de um grupo de trabalho tendente a eliminar várias deduções fiscais em sede de IRS, de que beneficiam, entre outras, as despesas de educação, dentro de certos limites (e que eu próprio já tinha defendido aqui, há alguns meses).
No referido artigo auguro pouca sorte a essa proposta, pesem os fortes argumentos a favor dela, desde logo porque na "elite governante", independentemente dos partidos, todos têm interesse nesse pequeno privilégio. Para o caso de haver dúvidas, basta ver esta reacção dos partidos da oposição parlamentar (do CDS ao BE, passando pelo PCP!) à referida proposta, que conheci já depois de escrever e enviar o artigo.
Eloquente, não é?
No referido artigo auguro pouca sorte a essa proposta, pesem os fortes argumentos a favor dela, desde logo porque na "elite governante", independentemente dos partidos, todos têm interesse nesse pequeno privilégio. Para o caso de haver dúvidas, basta ver esta reacção dos partidos da oposição parlamentar (do CDS ao BE, passando pelo PCP!) à referida proposta, que conheci já depois de escrever e enviar o artigo.
Eloquente, não é?
segunda-feira, 3 de julho de 2006
domingo, 2 de julho de 2006
O lóbi dos touros de morte
Publicado por
Vital Moreira
Um toureiro foi condenado ao pagamento de uma coima de valor considerável, por ter morto o touro numa lide. Para o ajudar a pagar a coima foi organizada uma tourada, com produto destinado a essa meritória missão. Solícita, a RTP foi lá, entrevistou o prevaricador (que assegurou que vai continuar a matar toiros) e emitiu tudo no jornal nacional das 20:00, num enquadramento que veiculou um claro sinal de aplauso à iniciativa.
Desde quando é que a televisão de serviço público pode estar ao serviço do lóbi dos touros de morte?
Desde quando é que a televisão de serviço público pode estar ao serviço do lóbi dos touros de morte?
Privilégio
Publicado por
Vital Moreira
É de supor que a profissão dos professores consiste em dar aulas. Ficar incapacitado para exercer a profissão e continuar no activo, como sucede com os professores, deve ser um privilégio pouco vulgar. Finalmente parece que isso vai acabar.
Título dispensável
Publicado por
Vital Moreira
Há um título que já não foge à selecção portuguesa de futebol: o título de mais indisciplinada, somando o maior número de cartões amarelos (e dois vermelhos). Era bem dispensável. Para compensar, bem podia trazer o outro...
Eurofutebolândia
Publicado por
Vital Moreira
A União Europeia é a melhor do Mundo em pelo menos uma coisa: no futebol. Todas as selecções que chegaram às meias finais do campeonato do mundo são de países que pertencem à UE (e dos quatro só Portugal não é membro fundador). Bem podíamos emular o futebol noutros domínios...
Ensandeceu
Publicado por
Vital Moreira
O líder madeirense, A. J. Jardim, ultrapassou-se a si mesmo. Desta vez, pediu ao Presidente da República a demissão do Governo da República e a nomeação de um "governo provisório de unidade nacional". Agora é definitivo: politicamente, a criatura ensandeceu.
sexta-feira, 30 de junho de 2006
Guantanamo embucha Bush
Publicado por
AG
Estou em Nova Iorque. As televisões americanas estão a destacar que o Supremo Tribunal dos EUA, num voto de 5-3, declarou hoje que a Administração Bush, ao pretender levar a tribunais especiais os suspeitos de terrorismo, viola as Convenções de Genebra e as leis militares americanas.
As televisões dizem que o Tribunal recordou decisões precedentes relevantes, como a que considerou ilegal a política do Presidente Truman de internar os japoneses-americanos na II Guerra. Lembram como as Convenções de Genebra serviram para julgar e condenar os criminosos nazis e, portanto, como também devem servir para julgar os criminosos da Al Qaeda. E sublinham como violar as Convenções de Genebra não está a dar resultados na "guerra contra o terrorismo".
O Supremo Tribunal americano veio confirmar a justeza do que na Europa muitos sempre defendemos - contra as teses de uns tantos políticos e comentadores invertebrados, sempre prontos a servir e salivar, que tentaram justificar o injustificável.
Tony Snow, o novo porta-voz de Bush, embucha a procurar explicar como o advogado Neal Katyal, de Hamdam, alegadamente um condutor de Ossama Bin Laden, conseguiu de desferir mais um pesado golpe a esta já tão desacreditada Administração. Embucha, incapaz de antecipar o que se vai passar com os detidos em Guantanamo e nas outras prisões de regimes nada recomendáveis para onde a Administração tem deslocalizado a tortura e onde mantem, sequestrados, indivíduos que não julgou nem inculpou.
Não é só por Nova Iorque que eu gosto da América. É por esta capacidade de regeneração que têm as instituições democráticas americanas.
As televisões dizem que o Tribunal recordou decisões precedentes relevantes, como a que considerou ilegal a política do Presidente Truman de internar os japoneses-americanos na II Guerra. Lembram como as Convenções de Genebra serviram para julgar e condenar os criminosos nazis e, portanto, como também devem servir para julgar os criminosos da Al Qaeda. E sublinham como violar as Convenções de Genebra não está a dar resultados na "guerra contra o terrorismo".
O Supremo Tribunal americano veio confirmar a justeza do que na Europa muitos sempre defendemos - contra as teses de uns tantos políticos e comentadores invertebrados, sempre prontos a servir e salivar, que tentaram justificar o injustificável.
Tony Snow, o novo porta-voz de Bush, embucha a procurar explicar como o advogado Neal Katyal, de Hamdam, alegadamente um condutor de Ossama Bin Laden, conseguiu de desferir mais um pesado golpe a esta já tão desacreditada Administração. Embucha, incapaz de antecipar o que se vai passar com os detidos em Guantanamo e nas outras prisões de regimes nada recomendáveis para onde a Administração tem deslocalizado a tortura e onde mantem, sequestrados, indivíduos que não julgou nem inculpou.
Não é só por Nova Iorque que eu gosto da América. É por esta capacidade de regeneração que têm as instituições democráticas americanas.
Deus e César
Publicado por
Vital Moreira
Pode ler-se agora na Aba da Causa o meu artigo desta semana no Público, com o título "A separação inacabada", a propósito da exclusão dos representantes da Igreja católica do protocolo do Estado. Em defesa da laicidade do Estado.
quinta-feira, 29 de junho de 2006
Ramalho Eanes, por Luís Osório
Publicado por
Vital Moreira
As entrevistas de Luís Osório no RCP são do melhor que há no género, explorando com inteligência e sensibilidade o carácter e a autenticidade de cada entrevistado. A entrevista de hoje com Ramalho Eanes não ficou atrás, revelando uma personalidade sensível e humanista, longe do estereótipo ligado à sua carreira de militar disciplinado e de Presidente da República austero.
Com Luís Osório as pessoas revelam-se sempre menos simples e mais ricas do que parecem. Ainda bem.
Com Luís Osório as pessoas revelam-se sempre menos simples e mais ricas do que parecem. Ainda bem.
Qua admiração!
Publicado por
Vital Moreira
«Jardim solidário com Ruas». O arruaceiro político "profissional" saúda o "amador". Nenhuma surpresa.
Nisto tudo há, porém, um silêncio comprometedor: o do presidente do PSD, Marques Mendes. Acha, porventura, a questão irrelevante?
Nisto tudo há, porém, um silêncio comprometedor: o do presidente do PSD, Marques Mendes. Acha, porventura, a questão irrelevante?
Retractação
Publicado por
Vital Moreira
O Presidente da Câmara Municipal de Viseu recusa pedir desculpa pela disparatada e grave declaração que fez contra os fiscais do Ministério da Ambiente. Mas o mínimo que se lhe pode exigir, para mais sendo ele presidente da ANMP, é uma retractação formal do incitamento ao desacato contra agentes públicos no exerício das suas funções.
A reeleição de Lula
Publicado por
Vital Moreira
De uma recente estada no Brasil colhi a convição de que o Presidente Lula da Silva tem fortíssimas possibilidades de de ser reeleito para novo mandato presidencial, nas eleições presidenciais de Outubro deste ano. Para isso contribuem os seguintes factores:
- os escândalos de corrupção no seu governo e no PT não o atingiram seriamente;
- a situação económica e financeira do País esté boa (bom crescimento, descida da inflação e da taxa de juro, superavit no comércio externo, aumento do poder de compra, etc.):
- os programas sociais do governo (bolsa família, fome zero, etc.) tiveram implementação suficiente para melhorar a situação de milhões de brasileiros pobres;
- Lula colocou o Brasil no mapa das relações internacionais, ao liderar as posições das potências emergentes;
- o principal adversário na corrida presidencial (Geraldo Alckmin, do PSDB) não parece em condições de disputar o cargo com sucesso, embora possa levar a melhor no seu próprio Estado (São Paulo).
- os escândalos de corrupção no seu governo e no PT não o atingiram seriamente;
- a situação económica e financeira do País esté boa (bom crescimento, descida da inflação e da taxa de juro, superavit no comércio externo, aumento do poder de compra, etc.):
- os programas sociais do governo (bolsa família, fome zero, etc.) tiveram implementação suficiente para melhorar a situação de milhões de brasileiros pobres;
- Lula colocou o Brasil no mapa das relações internacionais, ao liderar as posições das potências emergentes;
- o principal adversário na corrida presidencial (Geraldo Alckmin, do PSDB) não parece em condições de disputar o cargo com sucesso, embora possa levar a melhor no seu próprio Estado (São Paulo).
Guerra dos tribunais (2)
Publicado por
Vital Moreira
Dois amigos meus (J. Vasconcelos Costa e Carlos Esperança) propuseram, separadamente, uma solução alternativa para a questão da precedência protocolar dos tribunais (ver post precedente). Os três tribunais superiores ficariam equiparados, dando precedência em cada momento àquele cujo presidente fosse mais antigo no cargo.
Parece-me uma boa solução, ainda que mais aleatória do que a que eu propus.
Parece-me uma boa solução, ainda que mais aleatória do que a que eu propus.
terça-feira, 27 de junho de 2006
Guerra de tribunais
Publicado por
Vital Moreira
A revisão da lei do protocolo de Estado voltou a suscitar a questão da precedência cerimonial dos tribunais, suscitada pela criação do Tribunal Cosntitucional em 1982 e na altura resolvida "oportunisticamente" a favor do STJ, mantendo a tradição anterior à existência do TC. O problema existe porque, ao contrário dos países com sistema judicial unificado, Portugal apresenta várias ordens de tribunais, inclundio o TC, os tribunais judiciais (tendo no topo o STJ), os tribunais administrativos e fiscais (tendo no topo o STA) e ainda o Tribunal de Contas (que, porém, não tem somente funções judiciais).
A verdade é que, constitucionalmente, não pode haver dúvida sobre a primazia do Tribunal Constitucional na ordenação dos diversos tipos de tribunais: é o único tribunal transversal a todo o sistema judicial, podendo cassar decisões de todos os demais tribunais em matéria constitucinal (e eleitoral). Não sendo, porém, provável que o poder político esteja disponível para travar essa guerra com os tribunais judiciais (sobretudo nas circunstâncias correntes...), talvez se justificasse uma solução salomónica, a saber, a rotação da precedência protocolar entre os três tribunais (TC, STJ e STA), numa base anual ou outra.
(Declaração de interesses: fui juiz do Tribunal Constitucional imediatamente a seguir à sua criação e defendi na altura a precedência protocolar desse tribunal.)
A verdade é que, constitucionalmente, não pode haver dúvida sobre a primazia do Tribunal Constitucional na ordenação dos diversos tipos de tribunais: é o único tribunal transversal a todo o sistema judicial, podendo cassar decisões de todos os demais tribunais em matéria constitucinal (e eleitoral). Não sendo, porém, provável que o poder político esteja disponível para travar essa guerra com os tribunais judiciais (sobretudo nas circunstâncias correntes...), talvez se justificasse uma solução salomónica, a saber, a rotação da precedência protocolar entre os três tribunais (TC, STJ e STA), numa base anual ou outra.
(Declaração de interesses: fui juiz do Tribunal Constitucional imediatamente a seguir à sua criação e defendi na altura a precedência protocolar desse tribunal.)
domingo, 25 de junho de 2006
Presidente - não se demita. Demita-o!
Publicado por
AG
É o teor de um sms que acabo de enviar ao Presidente Xanana!
Interferência nos assuntos internos, acusar-me-ão.
Eu não sou governo, sou deputada, cidadã portuguesa e amiga de Timor Leste. Trabalhei muito por ver o povo de Timor Leste livre e independente e não vou assistir impávida a que um punhado de casmurros de matriz totalitária precipitem de novo o país no caos.
"Interferi" muito, antes, por Timor Leste e não me arrependo.
É preciso que em Portugal se entenda que Mari Alkatiri até hoje não juntou os milhares de manifestantes da FRETILIN, que diz estar a reter para não provocar mais perturbações, pura e simplesmente porque não os tem.
Os militantes de base da FRETILIN são quem está mais desapontado com os falhanços deste governo. Alguns membros do governo também o sabem - e por isso se estão a demitir.
Vejam o que disse a Micató, Domingas Alves, uma militante da FRETILIN que se destacou na resistência no interior durante a opressão indonésia, quando se demitiu ontem do cargo de conselheira do PM para a igualdade das mulheres.
Os militantes da FRETILIN que estão próximos do povo sabem bem que o povo - por justas e injustas razões - odeia Mari Alkatiri e outros membros do seu governo. Sabem bem que muitos e graves erros foram cometidos, que inviabilizam que Mari Alkatiri continue à frente da governação. Eles não podem deixar que a obstinação de um punhado de gente arrogante e desligada da realidade arraste mais o país para o caos.
Interferência nos assuntos internos, acusar-me-ão.
Eu não sou governo, sou deputada, cidadã portuguesa e amiga de Timor Leste. Trabalhei muito por ver o povo de Timor Leste livre e independente e não vou assistir impávida a que um punhado de casmurros de matriz totalitária precipitem de novo o país no caos.
"Interferi" muito, antes, por Timor Leste e não me arrependo.
É preciso que em Portugal se entenda que Mari Alkatiri até hoje não juntou os milhares de manifestantes da FRETILIN, que diz estar a reter para não provocar mais perturbações, pura e simplesmente porque não os tem.
Os militantes de base da FRETILIN são quem está mais desapontado com os falhanços deste governo. Alguns membros do governo também o sabem - e por isso se estão a demitir.
Vejam o que disse a Micató, Domingas Alves, uma militante da FRETILIN que se destacou na resistência no interior durante a opressão indonésia, quando se demitiu ontem do cargo de conselheira do PM para a igualdade das mulheres.
Os militantes da FRETILIN que estão próximos do povo sabem bem que o povo - por justas e injustas razões - odeia Mari Alkatiri e outros membros do seu governo. Sabem bem que muitos e graves erros foram cometidos, que inviabilizam que Mari Alkatiri continue à frente da governação. Eles não podem deixar que a obstinação de um punhado de gente arrogante e desligada da realidade arraste mais o país para o caos.
sábado, 24 de junho de 2006
PGR de Dili - atacada porquê? por quem?
Publicado por
AG
Vejo muita gente em Portugal intrigada com o papel político dos rebeldes e civis armados e desafectos das FTDL ou da Polícia que se tornaram em actores favoritos dos media na crise timorense. Apesarem de serem todos, claramente, actores menores - os Reinado, Tara e até o recente Railos, que aparece a denunciar Rogério Lobato e, aparentemente, a querer comprometer também o PM .
Sobre Rogério Lobato e o que andou a fazer nos últimos anos, porém, poucos prestam atenção.
E no entanto há uma pista que valia a pena investigar: relaciona-se com o ataque cirurgico à PGR de Dili, ocorrido nos finais de Maio, no meio da violência generalizada.
Em Portugal, todos atribuiram tal acção aos processos pela violência de 99 - a tentação revanchista torna a conexão indonésia sempre apetível... (Houve até quem dissesse que tudo teria desaparecido.. calma, que a ONU em Nova Iorque tem cópia! Se ainda não se fez justiça não foi por falta de documentação, mas sim por falta de vontade política nas capitais dos P5 do Conselho de Segurança, e da Austrália e da Indonésia, obviamente; mais do que em Timor Leste...)
Mas porque é que o tal ataque cirúrgico à PGR não haveria de ter por objectivo fazer desaparecer não esses, mas antes outros incómodos processos?
Como os que foram abertos na PGR timorense, com a ajuda de magistrados portugueses ao serviço da ONU, sobre redes de prostituição, contrabando de sândalo, contrabando de armas e outras actividades ilegais a que o nome do ex-Ministro Rogério Lobato anda ligado na percepção de muito boa gente em Timor Leste.
Também é curioso que ninguém se lembre já que foi o perturbador Rogério Lobato que, em 13 de Abril último, numa cerimónia pública em Dili enxovalhou os magistrados portugueses, chamando-lhes até "colonialistas". Porquê, afinal de contas?
Lá que valia a pena investigar, valia....
Sobre Rogério Lobato e o que andou a fazer nos últimos anos, porém, poucos prestam atenção.
E no entanto há uma pista que valia a pena investigar: relaciona-se com o ataque cirurgico à PGR de Dili, ocorrido nos finais de Maio, no meio da violência generalizada.
Em Portugal, todos atribuiram tal acção aos processos pela violência de 99 - a tentação revanchista torna a conexão indonésia sempre apetível... (Houve até quem dissesse que tudo teria desaparecido.. calma, que a ONU em Nova Iorque tem cópia! Se ainda não se fez justiça não foi por falta de documentação, mas sim por falta de vontade política nas capitais dos P5 do Conselho de Segurança, e da Austrália e da Indonésia, obviamente; mais do que em Timor Leste...)
Mas porque é que o tal ataque cirúrgico à PGR não haveria de ter por objectivo fazer desaparecer não esses, mas antes outros incómodos processos?
Como os que foram abertos na PGR timorense, com a ajuda de magistrados portugueses ao serviço da ONU, sobre redes de prostituição, contrabando de sândalo, contrabando de armas e outras actividades ilegais a que o nome do ex-Ministro Rogério Lobato anda ligado na percepção de muito boa gente em Timor Leste.
Também é curioso que ninguém se lembre já que foi o perturbador Rogério Lobato que, em 13 de Abril último, numa cerimónia pública em Dili enxovalhou os magistrados portugueses, chamando-lhes até "colonialistas". Porquê, afinal de contas?
Lá que valia a pena investigar, valia....
Quém controla quem?
Publicado por
AG
Ontem escrevi aqui a propósito da sustentação que o PM timorense deu a Rogério Lobato
"Mari Alkatiri julgaria porventura que, tendo-o por perto, melhor o controlaria. Como eu repetidamente avisei, acabaria antes refém dele".
Elementos de confirmação não tardaram: a ABC, a 23 de Junho, noticia "Lobato implicates Alkatiri in hit squads" a propósito das declarações que o ex-Ministro do Interior terá já prestado aos investigadores judiciais.
Ou será especulação mal intencionada da ABC?
Os jornalistas portugueses em Timor Leste não ouviram nem noticiam nada?
"Mari Alkatiri julgaria porventura que, tendo-o por perto, melhor o controlaria. Como eu repetidamente avisei, acabaria antes refém dele".
Elementos de confirmação não tardaram: a ABC, a 23 de Junho, noticia "Lobato implicates Alkatiri in hit squads" a propósito das declarações que o ex-Ministro do Interior terá já prestado aos investigadores judiciais.
Ou será especulação mal intencionada da ABC?
Os jornalistas portugueses em Timor Leste não ouviram nem noticiam nada?
sexta-feira, 23 de junho de 2006
" A liga dos bastonários"
Publicado por
Vital Moreira
Como habitualmente, o meu artigo desta semana no Público, com o título em epígrafe, está também publicado na Aba da Causa.
quinta-feira, 22 de junho de 2006
Timor Leste: à beira do abismo
Publicado por
AG
A crise em Timor-Leste é grave, muito grave. Timor Leste pode estar à beira de ver a sua independência comprometida, e desta vez irreversivelmente, se o Presidente da República cumpre a ameaça de se demitir por o Primeiro Ministro teimar em agarrar-se ao cargo e não assumir pessoalmente as pesadas responsabilidades que lhe cabem nesta crise.
A FRETILIN, partido maioritário e vanguarda incontornável em Timor Leste, não pode mais tolerar este impasse: deve parar de acenar com compromissos que sabe insustentáveis e que só aumentarão os tremendos custos já impostos ao povo e mais fazem perigar a soberania e independência por que tantos timorenses pagaram com a vida. Os militantes de base da FRETILIN sabem, melhor que ninguém, que só o Presidente Xanana Gusmao, democraticamente eleito, mantem ainda autoridade e a confiança do povo. Só ele pode ser garante da salvação e unidade nacionais.
Não, não se trata de Timor Leste ser um Estado falhado, como sustentam certos sectores australianos, americanos e outros que sempre tentaram controlar Timor, por considerações estratégicas e outras relativas ao domínio dos seus importantes recursos de gás e petróleo. Sem dúvida, o acordo petrolífero que o Primeiro Ministro Mari Alkatiri negociou com a Austrália, com êxito, instigou esses sectores a retaliar, recorrendo a todos os expedientes e pretextos para fazer Timor Leste aparecer como condenado à falência. Assim como já tinham incentivado a Indonésia a invadir em 1975, estes sectores nunca deixaram de contar com as dissensões entre os timorenses e nunca deixaram, portanto, de as alimentar. Mas a triste verdade é que esta crise, decerto estimulada e aproveitada por actores externos, é sobretudo da responsabilidades dos governantes timorenses que cometeram sérios erros - e ao cometê-los fizeram o jogo de quem sempre souberam querer inviabilizar a independência do seu país.
Eu estou convencida de que Mari Alkatiri é sério. E de que em muitos e fundamentais aspectos foi um bom governante de Timor Leste (desenganem-se os que pensam que ele ainda governa ou poderá voltar a governar...). Mas noutros e também fundamentais aspectos Mari Alkatiri errou clamorosamente. Esses seus erros geraram a actual crise.
O maior dos erros do Primeiro Ministro Alkatiri foi ter incluído no seu governo Rogério Lobato, um homem perigoso, com conhecido passado criminal, que acirrou fricções, desconfianças e clivagens e tornou as relações com o Presidente e a Igreja ainda mais difíceis, sobretudo desde que em 2005 ordenou à Polícia que carregasse a tiro sobre homens, mulheres e crianças que aos milhares se concentravam junto à residência episcopal em Dili, em triste enfrentamento a pretexto das aulas de religião e moral (felizmente que o Comandante Paulo Martins se recusou a cumprir a ordem que teria resultado num banho de sangue). Há muito que se sabia que Rogério Lobato estava a aproveitar-se da supervisão da Polícia e dos contratos de equipamento da Polícia para armar milícias privadas e fomentar a divisão "lorosae -loromunu" (ele poderia tornar-se o braço armado dos loromunus, explicaram-me membros do Governo em Dili recentemente). Todos os Ministros o sabiam. E o Primeiro-Ministro também: conversamos várias vezes sobre aquele inquietante personagem, a última ainda há semanas, já a crise estava instalada.. Mari Alkatiri julgaria porventura que, tendo-o por perto, melhor o controlaria. Como eu repetidamente avisei, acabaria antes refém dele.
É isto que Mari Alkatiri, como verdadeiro patriota e homem de Estado, não pode deixar de reconhecer, demitindo-se sem tardar mais. Para viabilizar uma solução pacífica e política da crise, que a sua obstinação tem prolongado, pondo o país à beira do abismo. Para não ficar com a responsabilidade histórica de enterrar a independência de Timor Leste ou de, no mínimo expôr o seu sofredor povo a mais um doloroso e prolongado conflito.
Ana Gomes
Amiga do povo de Timor Leste
A FRETILIN, partido maioritário e vanguarda incontornável em Timor Leste, não pode mais tolerar este impasse: deve parar de acenar com compromissos que sabe insustentáveis e que só aumentarão os tremendos custos já impostos ao povo e mais fazem perigar a soberania e independência por que tantos timorenses pagaram com a vida. Os militantes de base da FRETILIN sabem, melhor que ninguém, que só o Presidente Xanana Gusmao, democraticamente eleito, mantem ainda autoridade e a confiança do povo. Só ele pode ser garante da salvação e unidade nacionais.
Não, não se trata de Timor Leste ser um Estado falhado, como sustentam certos sectores australianos, americanos e outros que sempre tentaram controlar Timor, por considerações estratégicas e outras relativas ao domínio dos seus importantes recursos de gás e petróleo. Sem dúvida, o acordo petrolífero que o Primeiro Ministro Mari Alkatiri negociou com a Austrália, com êxito, instigou esses sectores a retaliar, recorrendo a todos os expedientes e pretextos para fazer Timor Leste aparecer como condenado à falência. Assim como já tinham incentivado a Indonésia a invadir em 1975, estes sectores nunca deixaram de contar com as dissensões entre os timorenses e nunca deixaram, portanto, de as alimentar. Mas a triste verdade é que esta crise, decerto estimulada e aproveitada por actores externos, é sobretudo da responsabilidades dos governantes timorenses que cometeram sérios erros - e ao cometê-los fizeram o jogo de quem sempre souberam querer inviabilizar a independência do seu país.
Eu estou convencida de que Mari Alkatiri é sério. E de que em muitos e fundamentais aspectos foi um bom governante de Timor Leste (desenganem-se os que pensam que ele ainda governa ou poderá voltar a governar...). Mas noutros e também fundamentais aspectos Mari Alkatiri errou clamorosamente. Esses seus erros geraram a actual crise.
O maior dos erros do Primeiro Ministro Alkatiri foi ter incluído no seu governo Rogério Lobato, um homem perigoso, com conhecido passado criminal, que acirrou fricções, desconfianças e clivagens e tornou as relações com o Presidente e a Igreja ainda mais difíceis, sobretudo desde que em 2005 ordenou à Polícia que carregasse a tiro sobre homens, mulheres e crianças que aos milhares se concentravam junto à residência episcopal em Dili, em triste enfrentamento a pretexto das aulas de religião e moral (felizmente que o Comandante Paulo Martins se recusou a cumprir a ordem que teria resultado num banho de sangue). Há muito que se sabia que Rogério Lobato estava a aproveitar-se da supervisão da Polícia e dos contratos de equipamento da Polícia para armar milícias privadas e fomentar a divisão "lorosae -loromunu" (ele poderia tornar-se o braço armado dos loromunus, explicaram-me membros do Governo em Dili recentemente). Todos os Ministros o sabiam. E o Primeiro-Ministro também: conversamos várias vezes sobre aquele inquietante personagem, a última ainda há semanas, já a crise estava instalada.. Mari Alkatiri julgaria porventura que, tendo-o por perto, melhor o controlaria. Como eu repetidamente avisei, acabaria antes refém dele.
É isto que Mari Alkatiri, como verdadeiro patriota e homem de Estado, não pode deixar de reconhecer, demitindo-se sem tardar mais. Para viabilizar uma solução pacífica e política da crise, que a sua obstinação tem prolongado, pondo o país à beira do abismo. Para não ficar com a responsabilidade histórica de enterrar a independência de Timor Leste ou de, no mínimo expôr o seu sofredor povo a mais um doloroso e prolongado conflito.
Ana Gomes
Amiga do povo de Timor Leste
Abuso de poder sindical
Publicado por
Vital Moreira
É evidente que a liberdade sindical exige que os dirigentes sindicais gozem de um adequado tempo de dispensa de serviço para as suas actividades. É direito que a lei sindical de 1975 instituiu na nossa ordem jurídica. Mas o manifesto excesso de dirigentes sindicais dos professores com dispensa revela um claro abuso de poder sindical e um escandaloso laxismo dos ministros da educação que consentiram nesse regime.
Mola Dudle no Santiago Alquimista
Publicado por
LFB
Estou prestes a realizar um sonho de adolescente. Os meus companheiros de aventura são o Miguel, bateria; Diogo, contrabaixo; Nanu, vocalista e sampler; Matze, teclado, e Fernando Guiomar, lead guitar. Temos andado fechados num estúdio, daqueles românticos, à antiga, uma cave onde não chega a rede telemóvel e os sons se confundem todos naquele espaço claustrofófico mas, paradoxalmente, libertador.
Vou finalmente cantar com uma banda a sério. Um dueto com o Nanu, umas brincadeiras com a Carla Bolito (outra convidada especial) que resultaram de jam sessions, e uma versão inédita de "World in my Eyes", dos Depeche Mode. Tema preparado pelo Matze e que está - julgo que o termo técnico é este - "do catano, man!".
Ando de sorriso infantil estampado nas ventas. Sim, eu que nunca aprendi a tocar ferrinhos sequer, vou ter durante 90 minutos a ilusão de estar a viver o sonho pelo qual trocava tudo (mesmo o que levo de fantástico) na vida: ser o vocalista de uma banda. Suar em bica no palco, não pensar em nada, fechar os olhos, viajar.
É amanhã, sexta, às 22h30, no belíssimo espaço Santiago Alquimista - em LX. Apareçam.
Mesmo que eu estrague tudo, os meus companheiros (os músicos a sério!) valem a pena. LFB
ps: finalizei finalmente as minhas tarefas no ressuscitado, e em breve morto de vez, DESEJO CASAR. Vou tirar o fim-de-semana e prometo aos meus companheiros de causa voltar enfim, de uma vez e regularmente, ao seu convívio - algures durante a próxima semana. De preferência, com textos menos auto-promocionais.
Vou finalmente cantar com uma banda a sério. Um dueto com o Nanu, umas brincadeiras com a Carla Bolito (outra convidada especial) que resultaram de jam sessions, e uma versão inédita de "World in my Eyes", dos Depeche Mode. Tema preparado pelo Matze e que está - julgo que o termo técnico é este - "do catano, man!".
Ando de sorriso infantil estampado nas ventas. Sim, eu que nunca aprendi a tocar ferrinhos sequer, vou ter durante 90 minutos a ilusão de estar a viver o sonho pelo qual trocava tudo (mesmo o que levo de fantástico) na vida: ser o vocalista de uma banda. Suar em bica no palco, não pensar em nada, fechar os olhos, viajar.
É amanhã, sexta, às 22h30, no belíssimo espaço Santiago Alquimista - em LX. Apareçam.
Mesmo que eu estrague tudo, os meus companheiros (os músicos a sério!) valem a pena. LFB
ps: finalizei finalmente as minhas tarefas no ressuscitado, e em breve morto de vez, DESEJO CASAR. Vou tirar o fim-de-semana e prometo aos meus companheiros de causa voltar enfim, de uma vez e regularmente, ao seu convívio - algures durante a próxima semana. De preferência, com textos menos auto-promocionais.
Subscrever:
Mensagens (Atom)