sábado, 21 de fevereiro de 2009

Costas largas

Joan Amaral Dias atira-se ao Governo por causa da "censura" no carnaval de Torres Vedras, em que uma delegada do Minstério Público zelosa da moral pública deu seguimento à queixa de uma cidadã puritana que acusou de "pornográfica" a exibição de imagens femininas nuas no desfile carnavalesco (decisão entretanto sensatamente retractada).
É certo que os governos costumam ter as costas largas para tudo o que de censurável acontece. Mas no caso portugês a última coisa de que um Governo pode ser responsável é pelas decisões do MP. Para mostrar quão injusta foi a sua exclusão da direcção do BE, JAD não precisa de se mostrar mais bloquista do que aqueles que a dispensaram ...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Oportunismo

Não apoiei na altura a extensão das "taxas moderadoras" às cirurgias e aos internamentos no SNS (ver aqui). Porém, considero que seria puro oportunismo revogá-las neste momento, sob pressão eleitoralista, sem adequada ponderação.
Primeiro, considerando a sua relativa exiguidade e, sobretudo, as amplas isenções que elas contemplam (quase metade da população), as taxas moderadoras não lesam em nada as pessoas mais afectadas pela actual recessão económica (o facto de os deputados não estarem entre os isentos não deveria contar contra elas...); segundo, já que as referidas taxas têm vigorado até agora sem prejuízos conhecidos para o acesso ao SNS, impõe-se saber, com indicadores fiáveis, se elas contribuem ou não para a contenção, directa ou indirecta, do recurso excessivo aos cuidados de saúde em geral.

Aditamento
A direita, incluindo o PSD, associa-se mais uma vez às esquerdas radicais nesta proposta de revogação, o que contradiz em absoluto a sua defesa reiterada da ideia de que não faz sentido manter serviços públicos gratuitos para quem os pode pagar. Duplo oportunismo, portanto!

Quando as más notícias podiam ser piores

«Economia portuguesa estagnou em Janeiro».
O facto de o ritmo da recessão não se ter acentuado (como se temia) já é uma boa notícia!

USA vs. UBS. E nós?


O Departamento de Justiça dos EUA anunciou ontem que o maior banco suiço, a UBS (sigla que para muitos há muito se traduz por “You’ll Be Screwed”) entrou num acordo para evitar ser processado sob a acusação de conspirar para defraudar os EUA, obstruindo a acção do fisco americano. A UBS acordou em imediatamente fornecer a Washington identidades e informação sobre as contas bancárias dos clientes americanos das suas operações transnacionais. E também acordou em rapidamente deixar de prestar serviços bancários a clientes americanos com contas não declaradas. E aceitou ainda pagar $780 milhões de dólares em multas e juros.
Os executivos da UBS sabiam que a operação “cross-border” violava a lei americana, segundo os Procuradores: “não se tratou de mero falta de cumprimento, mas antes um crime motivado pela ganância e o desrespeito da lei".

E a nossa Justiça e o nosso fisco? Seguirão o exemplo dos EUA? Em relação à UBS e outras instituições bancárias estrangeiras que tais?
E então o nosso Ministério das Finanças já recebeu das autoridades alemãs a lista dos depositantes portugueses com rendimentos isaltinados no buraco da criminalidade bancária que é offshore do Liechenstein. Lista que o Ministro Teixeira dos Santos disse há meses que ia pedir? E quando é que a divulga?

Cidades com sorte

[Créditos fotográficos: JN]
Elisa Ferreira, candidata à presidência da Câmara Municipal do Porto. Gostaria de ser eleitor no Porto...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um fiasco

O plano do PSD para a recuperação económica revela a pobreza de ideias, o aventureirismo e a irresponsabilidade política que grassam naquele partido.
Primeiro, custando mais de 1 500 milhões de euros (nas contas do próprio PSD), o plano seria um fardo adicional incomportável para as finanças públicas, aumentando exponencialmente o défice orçamental e o endividamento público, já duramente pressionados pela inevitável redução das receitas públicas (por causa da contracção da actividade económica) e pelo aumento da despesa decorrente das medidas de apoio ao investimento e ao emprego já em vigor. Segundo, as reduções maciças propostas nas contribuições para a segurança social dariam um rombo na sua sustentabilidade financeira, quando esta é essencial para assegurar as despesas adicionais provocados pela recessão. Terceiro, as várias reduções tributárias gerais (na CSU e no IRC) beneficiariam inúmeras empresas que não precisam de nenhum apoio, a pretexto do apoio às que realmente precisam.
Ainda que uma ou outra proposta possa ser equacionada (como a da preferência das PME em compras públicas), globalmente considerado, o dito plano é imprestável, não passando de uma operação eleitoralista de baixa credibilidade.

Elisa - a invencível à Invicta!

Eu sou alfacinha de gema, mas sempre tive um fraquinho pela Invicta.
Por isso quero ver a Elisa Ferreira a trabalhar pelo Norte do país e a presidir à Câmara do Porto.
Aqui no PE tenho podido apreciar as incríveis qualidades da Elisa e o trabalho extraordinário que tem feito, pelo Porto, por Portugal e pela Europa.
Com ela, o Porto terá liderança para recuperar economicamente, se tornar mais desenvolvido culturalmente, socialmente mais justo, ainda mais verde e a dar cartas na Europa.
A esta hora eu queria estar na Alfândega do Porto a preparar-me para aplaudir o lançamento da candidatura da Elisa, pelo PS, à Câmara. Não posso, afinal, retida que fui por afazeres incontornáveis em Bruxelas.
Por isso aqui deixo o meu apoio entusiástico: ELISA, a invencível, à INVICTA!

Diana dixit

"Sei que muitos defendem que é preciso condenar o terrorismo e não compreendê-lo, mas discordo: acho que é preciso ler “A Condição Humana” e compreender Tchen, porque Tchen, como o sabem tantos homens traumatizados por actos cometidos na guerra, tantos assassinos que se não reconhecem no seu crime, vive afinal em cada um de nós.
É em nome de Tchen – ou em nome de Malraux e desse livro admirável sobre a solidão, o absurdo, o horror e a nobreza da condição humana – que cada acto de terrorismo me merece uma reflexão outra que a simples condenação. É fácil condenar, mas não me basta. Preciso de mais, preciso de compreender por que é que alguém escolhe cortar-se assim da Humanidade, por que é que em alguém a Humanidade se esvaíu a tal ponto que se torna capaz de negá-la".

O texto acima não é meu. É da jornalista Diana Andringa. É magnifico e poderosamente interpelante. Pode ser lido integralmente na ABA DA CAUSA.
Diana disse-o numa reunião da WIIS (rede informal de mulheres activas na área da Segurança e Defesa) que teve lugar no passado dia 6 em Lisboa.

Gostaria de ter escrito isto

«O escandaloso negócio com Manuel Fino», por Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios.
A CGD tem de dar explicações públicas sobre o assunto (já aqui abordado no correio de um leitor). E o accionista da CGD tem obrigação de as pedir. Há limites para tudo...

Pactos

Quem lançou a ideia de novos "pactos políticos" entre o PS e o PSD, desta vez para enfrentar a crise económica, não devia estar bom da cabeça.
Para além das profundas divergências na matéria, a experiência não aconselha nenhum acordo entre os dois partidos. Considerando os que foram realizados nesta legislatura (o pacto da justiça e o acordo sobre o sistema de governo das autarquias locais), ambos foram rompidos unilateralmente pelo PSD.
Mesmo que houvesse condições para isso, quem é que poderia arriscar-se a fazer novos acordos políticos com um partido que já deu sobejas mostras de não os respeitar? Até prova em contrário, em matéria de acordos o PSD deixou de ser um partido fiável.

Má vontade

A má vontade contra uma reforma não deveria autorizar críticas infundadas e irreflectidas, como esta contra o acordo ortográfico.
É evidente que, além das aplicações linguísticas comerciais, como o FLIP, com virtualidades adicionais que justificam o seu preço, os programas de texto que actualmente incorporam gratuitamente correctores ortográficos (Windows, Blogger, Firefox, etc.) passarão seguramente a oferecer brevemente uma versão actualizada dos mesmos segundo o Acordo. Por conseguinte, o argumento dos custos do corrector não procede contra a a próxima adopção da nova ortografia.

Notícias da crise

Nos Estados Unidos, as previsões da Reserva Federal não só apontam para a continuação da recessão (contracção do produto, aumento do desemprego, etc.) como desvalorizam o possível impacto dos planos oficiais de estímulo económico. Um balde de água fria sobre o "plano Obama"...
E sem recuperação nos Estados Unidos dificilmente ela ocorrerá no resto no Mundo.

O diabo está nos títulos

"Portugal escapa a sanção por «défice excessivo»" -- diz um jornal digital.
Mas porquê o termo "escapa" (como se fosse por favor ou "à justa"), se em 2008 Portugal ficou bem abaixo do limite do défice canónico (2,2% contra 3%), de resto o mais baixo défice das contas públicas da era democrática?
Rigor na expressão e propriedade terminológica não fazem mal a ninguém, especialmente no jornalismo. E também evitam o enviesamento noticioso.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Petição: STOP CORRUPÇÃO


Foi hoje lançada, por mim e outros eurodeputados de vários partidos e nacionalidades, uma PETIÇÃO CONTRA A CORRUPÇÃO.
A nossa iniciativa conta com o apoio das organizações "Transparency International" e "Global Witness".
Queremos legislação europeia preventiva e criminalizante da corrupção e queremos mecanismos europeus para combater a corrupção nos Estados Membros da UE e nas relações da UE com países terceiros.
A corrupção ao mais alto nível reduz a capacidade de muitos Estados para garantir serviços básicos às suas populações, como o direito à alimentação, habitação, saúde e educação. Em África, por exemplo, os Estados perdem anualmente cerca de 25% do PIB devido à corrupção (U4 Anti-corruption resource centre, 2007).
Lutar contra a corrupção é, portanto, também uma questão de direitos humanos. E, como se torna ainda mais evidente nesta gravíssima crise financeira e económica global, toca-nos a todos... porque todos pagamos.
Por isso, assine : www.stopcorruption.eu
E incentive todos os seus amigos e amigas, por essa Europa fora, a fazerem o mesmo.

"Quantum mutatus ab illo"!

Até ao início da actual crise, as ideias de Estado social e de intervenção do Estado na economia estavam acossadas sob décadas de ofensiva neoliberal. Todos os partidos de direita se tinham convertido à nova ortodoxia da soberania ilimitada do mercado, da redução do Estado às "tarefas de soberania" e do culto da "responsabilidade individual". A antiga "direita social" de tradição democrata-cristã tinha praticamente desaparecido.
Entre nós, o panorama era o mesmo, com o PSD a entrar numa deriva discursiva contra os serviços públicos e contra toda a presença do Estado na economia, culminando na proposta de privatização da própria CGD.
Subitamente, porém, com a crise o discurso neoliberal entrou de férias, o Estado passou a ser o salvador da economia e das empresas e toda a gente virou fervorosa defensora das obrigações sociais do Estado. A direita passou mesmo a liderar a exigência de mais e mais medidas económicas e sociais dos governos.
Há, porém, um pequeno problema com estas mudanças súbitas. Excluída uma improvável conversão político-ideológica, há alguma sinceridade nisso?! O oportunismo político tem muitas faces...

Correio da Causa: A prodigalidade da CGD

«Foi confirmada a compra de 10% de acções da Cimpor por parte da CGD a Manuel Fino [a título de pagamento de uma dívida deste] a um preço 25% acima do valor de mercado, com uma opção de recompra que Manuel Fino pode exercer durante 3 anos.
Em termos gerais, a CGD deu a Manuel Fino 64 milhões de euros através da compra directa dos 10% da Cimpor ao valor que comprou, acrescido dos juros que Manuel Fino vai poupar sobre este empréstimo. Ou seja, Manuel Fino recebeu da CGD um bónus de 100 milhões de Euros por ter feito um mau investimento.
Qual é a moralidade do Estado de pedir contenção salarial, sacrifícios às empresas e ao particulares, quando depois permite que a CGD dê 100 Milhões de Euros a um especulador que se deu mal (sem contar com o valor das opções de compra dadas a Manuel Fino, sobre as quais não há detalhes). (...)
Como é que os contribuintes se devem sentir quando o seu dinheiro é distribuído desta forma? (...) Considero que o Estado Português através da CGD está a fazer um novo roubo a todos os Portugueses. São 1.800M de Euros no BPN (que fizeram com que a CGD tivesse de fazer novo aumento de capital e tivesse de vender participações à Parpública), serão 450M de Euros no BPP (porque eu não acredito que o BPP tenha dinheiro para evitar a falência e por isso o Governo vai ter de pagar os 450M de Euros que assegurou) e agora são mais 100M de Euros.
No total são 2350M€, ou seja, 235€ por cada Português. Cerca de meio salário mínimo que cada Português tem de despender para salvar a economia e alguns especuladores falhados. Volto a afirmar é um roubo, um Robin Hood invertido, e com atitudes destas, Sócrates arrisca-se a não ganhar mesmo sem oposição.»

André F.

"Altamente"

Apesar de os números do desemprego terem saído menos maus do que todas as previsões (até as do próprio Governo!), a Presidente do PSD conseguiu comentar que eles são "altamente preocupantes".
Se eles fossem os que eram previstos, que comentário é que ela faria? E se fossem os números da Espanha -- que vai nos 14% de desemprego, a caminho dos 19% --, que expressão é que ela usaria?
O que é realmente preocupante é que Ferreira Leite estava à espera de explorar oportunisticamente a forte subida de desemprego que se previa e depois nem sequer teve o cuidado de corrigir a "frase assassina" que tinha preparado...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Os limites da irresponsabilidade

Manifestamente, ao decidir explorar politicamente, para via de interpelação parlamentar, uma questão despicienda relativa ao serviço de informações de defesa, o PSD mostra que está em vias de perder todo o sentido de Estado e de responsabilidade política.
Não haverá ninguém na direcção do PSD que se não dê conta de que há matérias de segurança que, pelo seu melindre, devem ficar à margem da chicana política? E também deixaram de funcionar os discretos canais que de Belém normalmente sinalizam a delicadeza de certos temas da área militar?

Notícias da crise

Habituados nesta crise a ter notícias sempre piores do que o esperado, apraz saber que os dados do desemprego relativos ao último trimestre de 2008 são muito menos maus do que as previsões (que eram muito más). Embora com um ligeiro aumento trimestral do desemprego, verifica-se mesmo que 2008 termina com um saldo líquido positivo de emprego em relação a 2007!
Isto quer dizer que a recessão económica ainda não se reflectiu significativamente na perda de emprego. Evidentemente, isso vai suceder nos próximos meses. Mas quanto mais tarde e menos abruptamente for, melhor. Do mal, o menos.
Os que se preparavam para explorar politicamente o disparo do desemprego vão ter embainhar as facas por mais algum tempo.

Sem limites

Embora inatacável quanto à sua lisura e genuinidade, o referendo constitucional na Venezuela, que veio afastar os limites constitucionais à reelegibilidade do Presidente da República, aprovando a proposta do Presidente Chávez, não pode ser aplaudido sob um ponto de vista democrático-republicano.
Primeiro, estando em causa a continuação do próprio presidente em funções, o referendo revestiu uma dimensão plebiscitária que o não recomenda. Segundo, hoje é relativamente consensual no pensamento republicano a necessidade de limitação dos mandatos políticos sucessivos, em especial do presidente da República.
A República não condiz com a perpetuação de alguém na chefia do Estado, mesmo por via electiva.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Domicílio eleitoral de conveniência

Não percebo a surpresa com o facto de o novo cartão de cidadão pôr termo à possibilidade de recenseamento eleitoral em local diferente da residência efectiva (visto que recenseamento eleitoral passa a ser feito automaticamente a partir do cartão de cidadão).
Na verdade, o local de recenseamento eleitoral nunca foi de escolha livre. Desde 1974, com a lei eleitoral para a Assembleia Constituinte, está legalmente estabelecido que o domicílio eleitoral é a residência efectiva. Só o facto de haver até agora um recenseamento eleitoral separado é que têm permitido uma dissonância entre as duas moradas.
Vai portanto acabar o domicílio eleitoral de conveniência. Já não era sem tempo! Mantém-se a possibilidade de candidatura em local diferente da residência efectiva.

Tolerância de ponto

Sou contra as "tolerâncias de ponto", quando se tornam regulares.
Primeiro, se é para valer como regra, mais vale estabelecer feriados, em vez de manter a regalia "ad hoc", como favor do Governo da hora. Segundo, a dispensa de trabalho no sector público administrativo só agrava a percepção geral sobre os privilégios da função pública. Terceiro, Portugal deve ser dos Países onde se trabalha menos dias no sector público.
Por isso, entendo que as várias tolerâncias de ponto que se foram generalizando (Carnaval, "Semana santa", véspera de Natal) deveriam ser transformadas em feriados para toda a gente, eliminando em compensação outros tantos dos actuais feriados.

Notícias da crise

«Japan’s economy contracts 3.3%».
Notícias preocupantes de uma das grandes economias do Mundo. Ao pé disto, a contracção da UE, incluindo Portugal, até parece moderada...

Há política para além da recessão

Vi alguns comentaristas a condenar as mais citadas propostas da moção de Sócrates ao Congresso do PS (regionalização, casamento de pessoas do mesmo sexo, mexida no IRS, etc.), por "não terem nada a ver com a recessão económica".
As propostas podem certamente ser criticadas, mas não por esse motivo. É evidente que elas não têm, nem pretendem ter a ver com a crise. Primeiro, porque se trata de ideias para o programa eleitoral e de governo da próxima legislatura. Segundo, porque a política não vai "entrar de sabática" enquanto durar a recessão (que felizmente não vai ficar para sempre).

BPN

Os documentos publicados pelo Expresso mostram que o envolvimento de Dias Loureiro nos esconsos (e aventureiros) negócios do BPN foi muito mais directo do que ele tentou até agora dar a entender. Como parecia evidente, desde o início...

Aditamento
Respondendo a alguns apressados paralelismos fictícios, é evidente que estas notícias sobre Dias Loureiro não têm nenhuma semelhança com a exploração do caso Freeport contra Sócrates. Primeiro, trata-se de documentos autênticos assinados pelo próprio; segundo, não está em causa nenhuma imputação de responsabilidade criminal, mas sim um negócio que ele tinha negado; terceiro, que se saiba, os dados divulgados pelo Expresso não têm origem em nenhuma investigação em segredo de justiça; quarto, o inquérito parlamentar sobre o caso BPN é um exercício de responsabilidade política (e não de responsabilidade penal), por natureza público (salvo as excepções previstas).

Pobre Língua

Há erros de expressão grosseiros que se vão banalizando, mesmo entre pessoas que tinham obrigação de os não dar. Este fim de semana dei conta de dois dos mais comuns.
O presidente de uma junta de freguesia festejou uma decisão judicial que suspendeu o processo de co-incineração na cimenteira local declarando que ela veio «de encontro aos interesses da freguesia». Obviamente, ele queria dizer o contrário, ou seja, "ao encontro dos (...)".
Numa crónica de um semanário, um jornalista da casa escreveu esta pérola: «uma coisa nada tem a haver com a outra». Evidentemente, ele queria dizer: " (...) nada tem a ver com a outra".
Se pessoas destas falam e escrevem assim, como nos poderemos surpreender com a generalização destes e de outros erros?!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Lugares de encanto






Serra de Sicó

Ele há Presidentes e presidentes....

"O antigo presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, Alan Greenspan, foi chamado ao Congresso e teve de reconhecer que já não acreditava em coisas em que tinha acreditado durante 40 anos. Nomeadamente, que o mercado livre era capaz de se regular a si próprio, mesmo quando alimentava fortunas baseadas na especulação financeira. E teve a coragem de reconhecer o que aí vem: mais desemprego e menos consumo das famílias. O problema é que enquanto ele falava os protagonistas desta irresponsabilidade toda continuavam a sair para reformas chorudas. Afundavam os bancos que tinham dirigido e recebiam prémios de boa prestação de serviços.
(...) pouco antes (...) apareceu (...) um comportamento completamente diferente. E aqui é que voltamos a “jogar em casa”. (...) a classe política, ao fim de bastante tempo, lá conseguiu pôr-se de acordo para corrigir uma “injustificada diferença de tratamento” e uma “iniquidade” - foi assim, nestes termos, que foi classificada pelo Provedor de Justiça - praticada no caso da subvenção vitalícia atribuída a um Presidente da República. Ora esta simples reposição da justiça implicava, naturalmente, o pagamento dos retroactivos em falta - de mais de vinte anos em atraso... Mas este Presidente, o nosso Presidente, dispensou beneficiar desse direito legítimo.
Há coisas que não mudam o mundo, mas ficam como exemplo e como lição de superioridade moral. São exemplos e são atitudes que se comunicam por efeito de contágio. Do lado oposto da ganância, da especulação e da irresponsabilidade, também há quem cultive uma ética de frugalidade, de sobriedade e de solidariedade. São estes valores que importa redescobrir, no “perigoso mundo novo” em que estamos a entrar."

O texto acima não foi escrito por mim, mas eu subscrevo-o. Integralmente. Tal como acabo de o reproduzir na ABA DA CAUSA.
O autor é o meu querido e velho amigo Silas de Oliveira. Que assim ouvi falar ontem. Num jantar com o General António Ramalho Eanes, onde os seus antigos colaboradores na Presidência da República celebraram o seu 74º aniversário (completado em Janeiro).

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Declaração de interesses

Penso que aqueles que contestam a proposta de Sócrates para reduzir as deduções fiscais dos altos rendimentos, para favorecer as dos médios rendimentos, deveriam fazer uma declaração de interesses.
Por minha parte, desde já declaro que, se fosse a defender os meus interesses pessoais, também era contra. No entanto, a minha posição está aqui.

Efeitos colaterais

É evidente que o estado de prostração do PSD, a manter-se, poderá assegurar uma confortável vitória eleitoral ao PS nas eleições parlamentares do próximo Outono.
Todavia, o facto de o PSD estar aparentemente fora da luta pela vitória eleitoral também tem os seus efeitos colaterais negativos para os socialistas, visto que muitos eleitores de esquerda menos satisfeitos com o PS, dando por adquirida a derrota da direita, não se sentirão "obrigados" a votar PS, podendo antes abster-se ou sentir-se tentados para um voto de protesto no BE ou no PCP.
Ao contrário, uma disputa eleitoral mais renhida entre o PS e o PSD tenderia a "puxar" pelo "voto útil" no PS, em prejuízo dos partidos à esquerda do PS. Por isso também estes (tal como o CDS-PP) estão a tirar proveito da actual falta de perspectivas do partido presidido por Ferreira Leite.