sexta-feira, 3 de abril de 2009

Notícias da crise

Embora algumas economias da zona euro já dêem alguns tímidos sinais de que a recessão pode ter atingido o fundo, em Espanha as perspectivas continuam a ser muito negras, com o Banco de Espanha a prever o pior para este ano, incluindo a contracção do PIB de quase 4%, um défice orçamental de mais de 8% e, pior de tudo, uma taxa de desemprego em mais de 17%!
Dada a imbricação da economia portuguesa com a espanhola, estas também são más notícias para nós, mesmo se os indicadores para a nossa economia sejam bem menos negros do que os espanhóis.
Aditamento
Tanto ou mais preocupante do que a Espanha na zona euro é a recessão na Irlanda -- o primeiro país europeu a entrar em recessão em 2008 --, com uma previsão de descida do PIB de cerca de 7% para este ano, um défice superior a 9% e uma taxa de desemprego de quase 12%.

"Understatement"

Não posso deixar de concordar com esta análise de Marina Costa Lobo sobre a relação problemática do PCP e do BE com a integração europeia. Penso, porém, que caracterizá-la como "eurocepticismo" é um "understatement"...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Muito boa...

... esta entrevista de Luís Amado ao Jornal de Negócios.
Excelente esta passagem:
«Os mercados financeiros globalizaram-se mais rapidamente do que quaisquer outros sectores e não têm uma supervisão nem uma regulação global. O modelo ultra-liberal do " Estado mínimo " à escala global é, no caso dos mercados financeiros, o do " Estado nulo " . É absolutamente inadiável criar uma liderança e mecanismos de supervisão e de regulação mundiais. Essa liderança só pode ser conferida a uma estrutura muito mais do tipo do G20 do que do G7. Nós apoiamos o G20 nessa perspectiva, porque é mais abrangente, integra as economias emergentes e uma massa crítica de Estados que são responsáveis por mais de 80% do PIB mundial. (...)»

Uma provocação

A nomeação de um empresário recentemente condenado por corrupção para uma empresa intermunicipal só pode ser uma provocação. Nem tudo o que a lei não proíbe é politicamente suportável. Por isso, este apelo faz todo o sentido.

Boas notícias

Podem ter ficado aquém dos desejos mais ambiciosos os resultados da reunião do G20 em Londres. Mas as decisões tomadas em matéria de injecção de novos recursos financeiros no FMI e outras instituições internacionais e especialmente em matéria de regulação dos sistema financeiro são boas notícias. Como se diz logo no início do comunicado, «a global crisis requires a global solution».
Pelo seu impacto na recuperação da confiança no sistema financeiro internacional e nos mercados financeiros em geral, a reunião de Londres poderá ficar como marco de inversão do clima económico negativo na actual crise.

O mesmo caminho?

Paulo Portas foi buscar a Londres uma credencial do Partido Conservador britânico para a sua projecção europeia.
Tendo em conta que os conservadores britânicos, assumidamente eurocépticos, acabam de anunciar o abandono do Partido Popular Europeu, será que o CDS-PP português seguirá o mesmo caminho, afastando-se também do PPE, cuja representação portuguesa actualmente compartilha com o PSD?

Diário de candidatura (11)

No próximo domingo, 5 de Abril, tenho a honra da companhia de Mário Soares na sessão de apresentação da candidatura socialista ao Parlamento Europeu, a realizar no Porto, no Hotel Sheraton, pelas 16:00.

Diário de candidatura (10)

No contexto da preparação das eleições europeias de Junho, a Euronews realizou um importante debate entre os líderes dos diferentes grupos políticos no Parlamento Europeu.
Deve recordar-se que os cinco partidos portugueses com representação no PE estão integrados em apenas três grupos políticos, dado que o PSD e o PP estão juntos no Partido Popular Europeia (PPE), o PCP e o BE pertencem ambos à Esquerda Unitária Europeia, e só o PS se encontra singularmente representado na sua própria família política, o Partido Socialista Europeia (PSE).

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Paranóia política

«PSD/M contra nomeação de Jorge Miranda [para Provedor de Justiça]».
Afinal não sou o único "inimigo da Madeira"!...

Diário de candidatura (9)

O PCP vem asseverar que não é anti-europeísta, ao contrário do que é comummente acusado. Diz que é, sim, por uma "outra Europa".
Que não é a favor da Europa da União Europeia, bem o sabemos, pois o PCP esteve contra a adesão de Portugal à então CEE e tem rejeitado todos os passos da integração europeia, desde o Tratado de Maastricht até ao Tratado de Lisboa. Mas tendo em conta as suas notórias saudades da União Soviética e dos demais "países socialistas" do Leste europeu, bem como o seu nunca abandonado desprezo pela democracia liberal (ainda que também Estado social) e pela economia de mercado (ainda que regulada), não é difícil imaginar qual será a "outra Europa" com que o PCP sonha...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Notícias da crise

«Taxa de desemprego na União Europa vai atingir os 10%».
Como é evidente, a culpa só pode ser do Governo de Sócrates!

Democracia associativa

Aplaudo as medidas aprovadas no congresso do Sporting no sentido de adopção do referendo e da criação de uma assembleia permanente de delegados eleitos pela massa associativa.
Num associação de dimensão nacional (aliás, internacional no caso) só esses mecanismos permitem a participação de todos os associados na vida do clube -- por via directa ou por via representativa --, em vez da ficção de "democracia directa", através de assembleias gerais "ad hoc", que em geral só têm a participação dos associados de Lisboa.
Há muito que defendo a existência obrigatória de assembleia representativa nas grandes associações, em vez da assembleia geral, salvo as de base local.

Diário de candidatura (7)

Na sua notícia sobre a minha sessão de apresentação de candidatura ontem em Viseu, o Diário de Notícias relata que eu defendi um posição diferente da apresentada na sessão da Guarda no dia anterior sobre a relevância destas eleições europeias.
Sem fundamento, porém. Fiz o mesmo discurso (aliás, com base nas mesmas notas escritas), defendendo que, tal como as eleições nacionais versam sobre o governo e as políticas a nível nacional, também as eleições europeias devem versar sobre o governo e as políticas europeias, devendo por isso haver uma clara identificação das opções europeias que cada partido defende.

Diário de candidatura (6)

Registo o início de um blogue colectivo específico sobre as eleições deste ano entre nós, Eleições 2009, uma oportuna iniciativa do Público, com a participação de conhecidos protagonistas da blogosfera.
A acompanhar.

Um pouco mais de rigor, sff

Comentando declarações de Augusto Santos Silva, o Diário Económico de hoje diz que «PS não vê crime no enriquecimento ilícito».
Mas não é nada disso. Ninguém contesta a punição penal das formas ilícitas de enriquecimento (corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, peculato, etc.). O que o PS (e não só) tem defendido é que não se deve criar um novo crime autónomo, com inversão do ónus de prova quanto à licitude do enriquecimento, como alguns propõem, por entender que num Estado de direito é ao Estado que compete provar os crimes e não aos acusados que compete provar que os não cometeram.
Pode-se contestar este ponto de vista (pessoalmente, penso que em caso de enriquecimento injustificado de titulares de cargos políticos, deveria encarar-se tal possibilidade), mas não se pode treslê-lo enviesadamente num sentido completamente diferente.

Freeport (2)

Não acompanho o Procurador-Geral da República quando ele procura desvalorizar o impacto do caso Freeport, dizendo que se trata somente de «uma entre meio milhão de investigações em curso».
Primeiro, não sei quantas haverá com a duração desta, aliás sem fim à vista. Segundo, não se sei se alguma outra começou por uma carta "anónima" (cujo autor é, afinal, conhecido) induzida por agentes da própria Policiai Judicária, em conjugação com partidos políticos. Terceiro, e sobretudo, nenhuma outra tem constituído combustível para uma continuada operação de massacre político de um primeiro-ministro e do seu governo, para mais em pleno ano eleitoral.

Freeport

«Freeport: Portas defende Justiça vá até ao «fundo» e [seja] célere».
Nem mais! Cada semana de atraso na investigação da questão e no seu esclarecimento público é uma semana de bónus dado à baixa instrumentalização política de que está a ser objecto pela imprensa e pela televisão tablóide. O Ministério Público tem de "deliver the goods", sem demora.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Diário de candidatura (5)

Este fim de semana, farei a apresentação da minha candidatura ao Parlamento Europeu na Guarda, no sábado à noite (Hotel de Turismo), e em Viseu, no domingo à tarde (salão nobre do Instituto Politécnico).

Diário pessoal

Recolhi na Aba da Causa a minha palestra sobre "SNS e democracia" apresentada ontem no colóquio "30 anos de SNS", realizado nos auditório dos Hospitais da Universidade de Coimbra, num painel que compartilhei com Paulo Mendo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Tratado de Lisboa

A queda do governo checo deixa a União Europeia com uma presidência enfraquecida, logo agora que a crise económica e financeira torna mais necessário uma liderança forte.
Se o Tratado de Lisboa já estivesse em vigor, teria deixado de existir este "risco nacional" das presidências europeias, visto que o Tratado prevê um presidente próprio do Conselho Europeu.

Eis outra notícia que não será manchete entre nós

«Portugal é 4º país cujo Governo dá maior importância às TIC».
Se fosse a dizer que o país estava em 4º lugar a contar do fim da lista, já seria manchete...

Le Pen Não Passará!

Ontem dei largas aos meus pulmões e, juntamente com outros colegas, ajudei a abafar mais uma das obscenas intervenções do fascista, racista e negacionista Jean-Marie Le Pen na plenária do Parlamento Europeu, em que voltou a classificar o Holocausto como um "detalhe" da história.
Políticos da laia do Le Pen vão-nos lembrando a importância de ficar alerta contra os fantasmas do passado que ainda ensombram e assombram a Europa.

A Europa aos papéis...

Foi aqui, ontem, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, que a liderança na Europa bateu no fundo.
Ontem, o Presidente da União Europeia, o Primeiro Ministro checo Topolánek - que acabava de sofrer uma moção de censura no seu parlamento nacional - teve o topete de descrever o ambicioso plano de relançamento económico do Presidente Obama como "um caminho para o inferno", acrescentando que o mesmo plano iria "minar a estabilidade dos mercados financeiros globais".
Estas declarações são totalmente inaceitáveis.
Primeiro, é Obama que tem razão na substância, no que diz respeito à necessidade de uma intervenção pública maciça para estimular a economia, mesmo se isso significar um desequilíbrio passageiro das contas públicas: os povos não são mercearias e este é o momento para agir de forma ambiciosa, se quisermos evitar que em 2010 a Europa tenha 25 milhões de desempregados. A obsessão com a consolidação das contas públicas por parte de alguns países europeus, em particular a Alemanha, tem contrastado tristemente com a criatividade e visão dos planos americanos.
Segundo, é chocante a falta de pudor com que Topolánek, um acólito da religião neo-liberal que nos mergulhou nesta crise, acusa as medidas da Administração Obama de "minar a estabilidade dos mercados financeiros globais".
Terceiro, como é que um Presidente da União Europeia pode cometer a imprudência de comprometer a Europa desta forma?
Como é que a Europa pode ser levada a sério em Washington, nesta altura decisiva para uma genuína articulação transatlântica, a dias da cimeira dos G-20, quando a Presidência da UE está nas mãos destes incompetentes e irresponsáveis?
A Presidência checa tem sido das piores de sempre, distinguindo-se pelo vazio de ideias e pelo minimalismo na liderança - na linha neo-liberal da Comissão Barroso.
Com presidências assim, que ninguém se queixe se, em Washington, a "posição europeia" for vista como pouco mais do que a soma das vontades de Paris, Berlim e Londres...
É por esta e por outras que precisamos urgentemente de uma Presidência da UE menos dependente das vicissitudes internas dos Estados Membros e mais permanente e profissional, tal como está prevista no Tratado de Lisboa.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Mais regulação

As agências de rating de crédito, atá agora isentas de regulação e consideradas entre as culpadas de legitimar a falta de transparência dos mercados fianceiros, vão ser doravante submetidas a um mecanismo de regulação a nível da UE, por parte do Comité de Reguladores Financeiros da UE, que assim se transforma num verdadeiro regulador sectorial europeu.
Como desde há muito defendo, a regulação do mercado único no que respeita a operadores e operações transfronteiriças deve ser feita a nível da UE, não a nível nacional.

Diário pessoal

Amanhã, dia 26, vou participar no colóquio comemorativo dos 30 anos do SNS, em boa hora organizado pelos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
Tendo sido desde sempre um "militante do SNS", não podia deixar de corresponder ao convite que me foi feito para participar. Trata-se de uma simples expressão de responsabilidade pessoal e cívica (a mesma que me levou a aceitar o encargo da presidente do conselho consultivo do Centro Hospitalar de Coimbra).

Coligação negativa

Sem surpresa, o PCP aliou-se à direita para aprovar uma moção de censura da direita contra o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa.
Quem duvida que sucederia o mesmo na Assembleia da República, para derrubar um Governo do PS, caso o PCP e o PSD fizessem maioria? E, depois de derrubado ao Governo, formariam um governo de coligação "vodka com laranja"?

terça-feira, 24 de março de 2009

Diário da candidatura (4)

Como mostrei na altura própria, o Tratado de Lisboa amplia a democracia parlamentar na UE, reforçando consideravelmente os poderes do Parlamento Europeu em todas as vertentes. Para uma demonstração mais cabal deste ponto é importante ver este relatório do Deputado Jo Leinen.
Os que se opõem ao Tratado de Lisboa por acharem que ele não avança suficientemente no reforço da democracia europeia deveriam ler este relatório.