«(...) Que influência tem para a degradação da situação o facto de a floresta portuguesa ser sobretudo privada (cerca de 95%) enquanto, por exemplo, na América é sobretudo pública, o mesmo acontecendo em países europeus, como a Alemanha? Fará algum sentido na actual situação falar de um recurso estratégico? Será possível existir uma política florestal, fundamentalmente determinada pelos poderes públicos, quando a posse da floresta é sobretudo privada?
Que influência tem a nossa política de Parques e Reservas, com uma manifesta escassez de afectação de recursos e uma "sacralização" da natureza que impede até trabalhos de limpeza e de abertura de acessos, como tem sido denunciado pelos bombeiros, para a actual situação? Até que ponto essa política, contrariamente aos seus objectivos iniciais, não alterou a forma de ocupação do território, substituindo os pequenos agricultores, que praticavam uma agricultura de subsistência e tratavam do território, por urbanos domingueiros e veraneantes -- os da segunda habitação --, cuja relação com o território é puramente lúdica, não envolvendo o trabalho e a atenção que ele exige?
José Carlos Guinote (http://pedradohomem.blogspot.com)