No relatório que refiro no post acima sobre os debates em curso no Conselho de Segurança da ONU para a constituição de nova Missão ONU para Timor Leste, em substituição ou reforço da actual, alude-se ao "amargo desarcordo" entre membros do chamado Core Group (de que Portugal e Brasil fazem parte), que se reflecte também nas divisões entre membros (e entre membros permanentes) do CS.
Divisões que respeitam a 1) autorizar a nova missão, com uma componente militar, sob o Capítulo VII da Carta da ONU (China, Russia e França em particular opõem-se) e 2) determinar se a missão militar é integrada por «capacetes azuis», logo sob comando e controle da ONU, ou fica sob comando ...da Austrália.
Assinale-se que o Secretário Geral da ONU propôs a primeira opção (a par de 1600 polícias, 35O «capacetes azuis» para quem as forças internacionais actualmente presentes em Timor Leste transfeririam gradualmente competências). Assinale-se também que o Governo de Timor Leste, sob liderança de Ramos Horta, pediu expressamente que o comando da componente militar pertença à ONU.
Portugal, o Brasil, os países da região, obviamente opõem-se às pretensões autralianas - evidentemente em apoio do pedido de Timor Leste e das recomendações de Kofi Annan.
Quem discorda?
Quem apoia as pretensões australianas contra Dili e o SG da ONU?
Quem se borrifa para o que Portugal pensa ou defende relativamente a Timor Leste?
Ora, quem havia de ser? os nossos queridos aliados e parceiros Reino Unido e Estados Unidos da América.
A provar que, por mais desvelado e acrítico que seja o alinhamento de sucessivos governos portugueses, os EUA e o RU são hoje mais parceiros e mais aliados do país dos cangurus.
Alguém nos explica como vale a pena continuar a escancarar-lhes os nossos aeroportos (e o que mais?) à passagem de carregamentos suspeitos para questionáveis destinos?