quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

OS BLOGGERS

Na chamada blogosfera há espaços que ganharam um estatuto de referência. Hoje, neste espaço virtual, quem não gosta de ser citado pelo Pedro Mexia, José Mário Silva, Daniel Oliveira ou Ricardo Araújo Pereira? Cito apenas exemplos de pessoas que têm uma qualidade muito acima da média, pessoas que, eventualmente, podem deixar uma qualquer marca no futuro.
Todos ganharam relevância e espessura dentro de uma pequena comunidade com preocupações intelectuais. Passaram a "existir" e a gostar de muitas das coisas que esse estatuto lhes traz. A gostar de coisas que criticam nos outros fora da blogosfera. São figuras nas apresentações de livros e dão grande importância ao que dizem, porque o que dizem é lido e ampliado neste suporte. É certo que todos estes exemplos, aos quais poderia acrescentar os meus queridos amigos Tiago Rodrigues, Luís Filipe Borges e Nuno Costa Santos , são exemplos de pessoas que fizeram coisas interessantes ou mesmo extraordinárias. Mas o que é certo é que lhes faltava o palco onde sobre si estivessem concentrados alguns holofotes, holofotes que tanto criticam nos outros. Sob a capa da blogosfera confessam-se sobre as suas próprias intimidades, coisa que não tenho contra. O que acho estranho é rejeição desse mesmo registo fora da blogosfera. (talvez daqui retire o Daniel, homem que nunca fala da sua vida privada, coisa que lhe ficou sem dúvida do marxismo-leninismo em que acreditou com tanta força como hoje acredita numa espécie de Rosa do Luxemburgo revisitada).
Fico muito contente por eles. Nem que fosse por isso valeu a pena ter nascido este submundo virtual. Mas vivam esse estatuto sem sentimentos de culpa, sem estarem sempre a pôr e a tirar máscaras. Posso falar no meu Blog da minha primeira paixão e do mal que a Primavera me faz ao aparelho reprodutivo, mas depois na minha vida real apenas falo do À Procura do Tempo Perdido e da literatura e do cinema de autor. Os dois mundos não são inconciliáveis.
Do vosso leitor,
Luís Osório