Contra o artigo 13 da terceira Convenção dos Direitos Humanos, assinado em 1949, os infantes fardados de Bush mostraram Saddam, um ditador e genocida, na expressão mais humilhante de besta indefesa, em provas periciais, de luva branca, cuja violência e indignidade nos provocam repulsa e pânico.
Mesmo um ditador é humano. E como tal deve ser tratado. Ou será que precisa da defesa da Sociedade Protectora dos Animais, ou Bagdad fica assim tão longe de Barrancos?
Vivemos tempos terríveis com o regresso da Inquisição, noutros moldes que os choques eléctricos não são tratos de polé ( poulet, frango, com ou sem churrasco), antes alguns minutos de televisão, a grande câmara de torturas dos nossos dias.
A barbárie tecnológica tomou conta de nós. O Apocalipse acaba por se transformar num texto suave face ao quotidiano do princípio do século XXI.
Temos acaso o mérito de nos destruir?
Já só pensamos no estados das coisas, incapazes de discutir o estado das causas.
A ausência contribui para o absoluto. O absoluto assenta no vazio. E no vazio germina o arbitrário.
Rogério Rodrigues