segunda-feira, 5 de janeiro de 2004

A irrelevância do mau nome

É isso mesmo que mais me preocupa meu caro Luís Nazaré: a irrelevância do mau nome. José Pacheco Pereira (que não é propriamente um comentador pouco rigoroso), por exemplo, tão depressa afirmava na sua entrevista de domingo ao Público que 'a citação desses nomes não tem nenhum significado. Alguns jornais podem pôr na capa esses nomes. Mas, do ponto de vista objectivo, enunciar esses nomes é como se enunciassem o meu ou os vossos. É irrelevante', como, um pouco mais à frente, referia que 'Ao incluírem-se essas cartas no processo, de facto, metem-se esses nomes na lama'. Em que ficamos então? É irrelevante 'meter nomes na lama', mesmo que não fossem os do Presidente da República e de um prestigiado Comissário Europeu? Ou o que é irrelevante é ter o nome enlameado? Será que todos conseguimos imaginar-nos nessa posição, passeando calmamente no Centro Comercial, ou mesmo fechados dentro de casa? Experimentem explicar a irrelevância a um amigo estrangeiro que saiba do processo apenas pela imprensa internacional e vão ver o que ele vos responde. Ou melhor, evitem a todo o custo fazê-lo. Cá por mim, tenho vergonha que o Presidente República (mesmo que não fosse este, que tanto prezo) possa ser considerado como eventual suspeito, mesmo que seja apenas por um cidadão da Europa mais distante.
E mais não digo, visto que o António José Teixeira (ver o que tinha de ser dito) já disse quase tudo o que eu pensava (muito em especial sobre a cultura democrática e as suas instituições), mas intriga-me saber o que fará o Senhor Procurador Geral da República depois da intervenção do Presidente da República agora mesmo nas televisões. Fará de conta que a culpa é toda da comunicação social?

Maria Manuel Leitão Marques