Segundo relatou a imprensa, Tony Blair e Durão Barroso insistiram em que as diferenças quanto à justeza da guerra do Iraque não devem impedir o apoio europeu à estabilização e à reconstrução desse País. «Sejam quais forem as nossas posições sobre o Iraque, hoje temos de pensar em termos de alternativas. E a alternativa à presença internacional é o caos», disse o primeiro-ministro português.
Não se esperava uma tão expressiva confissão do desastre da invasão e ocupação do Iraque por parte de um dos seus campeões. Contra as Nações Unidas e a "velha Europa", Bush, Blair & Cia insistiram em atacar e ocupar esse País com base em motivos falsos. As advertências sobre o que ia suceder foram muitas. Ignoraram os avisos e chamaram todos os nomes aos opositores à guerra. Agora, perante o caos que criaram, pedem à comunidade internacional que desprezaram e achincalharam que os ajude a “tirar as castanhas do lume”.
É evidente que a Europa não tem nenhum interesse na persistência do caos iraquiano. Deve portanto ser magnânima, aliás no seu próprio interesse. Mas são de exigir pelo menos duas condições aos fautores do caos: (i) um reconhecimento explícito de que o seu irresponsável aventureirismo levou a uma guerra injustificada, que ainda por cima não fez mais do que fomentar o terrorismo incluindo onde ele não exisitia; (ii) um pedido às Nações Unidas para legitimar a presença internacional no Iraque, no quadro da cessação da situação de ocupação e da transferência da soberania para autoridades iraquianas legítimas.
O pior que poderia suceder é que os culpados alijassem impunemente para cima dos outros a sua responsabilidade.