Segundo o Público de hoje, “informação accionável” é uma expressão que agora transitou da gíria dos serviços secretos para o dialecto político de Washington. Bush recebeu em 6 de Agosto de 2001 um relatório que previa ataques da Al-Qaeda contra território americano, mas, segundo a versão oficial, não havia aí “informação accionável” que permitisse evitar os atentados terroristas do 11 de Setembro. Admitamos que sim, que Bush não iria tão longe no calculismo e no cinismo a ponto de deixar a Al Qaeda massacrar três mil cidadãos nos Estados Unidos para ter, depois, um pretexto de retaliação. Em todo o caso, Bush considerou haver “informação accionável” para decidir a invasão do Iraque antes ainda de ter acontecido o 11 de Setembro. “Informação accionável” é, no fundo, aquela que se ajusta aos preconceitos ideológicos, aos desígnios imperiais, aos interesses económicos e às decisões políticas da Administração Bush. Mesmo que os seus pressupostos sejam falsos e fabricados, como aconteceu com as Armas de Destruição Maciça no Iraque e a conexão entre o regime de Saddam e a Al-Qaeda. A mentira pode ser “accionável” mas a verdade não. O resultado está à vista.
VJS