Pacheco Pereira é um dos cruzados ideológicos da guerra no Iraque que parece ter sido também vítima da síndrome da “informação accionável”. Há dias, na SIC, Pacheco reagiu com ostensivo desagrado a uma questão colocada pelo jornalista Paulo Camacho: o actual caos iraquiano não estaria a demonstrar que o mundo se tornou hoje menos seguro do que antes da invasão, contrariando os proclamados objectivos dos ocupantes? Para Pacheco a questão não faz sentido, pois não é possível saber em que estado estaria hoje o mundo se Saddam não tivesse sido derrubado. É o que poderíamos também considerar uma “informação não accionável”, no sentido em que não seria susceptível de verificação.
Efectivamente não o é, da mesma forma que não foi possível evitar o 11 de Setembro, apesar do famoso relatório entregue a Bush um mês antes da data fatídica. Só que a intervenção no Iraque abriu uma caixa de Pandora porventura ainda maior do que os seus opositores previam e os “filobushistas” como Pacheco se recusaram (e recusam) a admitir.
Se o caos existente não está próximo do pior cenário imaginável, então a cegueira em não reconhecer a verdade dos factos só tem paralelo na condescendência com o novelo de mentiras que funcionou como pretexto para a guerra. As mentes retorcidas de Pacheco Pereira e outros adeptos da cruzada americana nunca se deixarão convencer por nenhuma evidência, mesmo que o Iraque se torne o inferno na terra e o terrorismo islâmico encontre aí a retaguarda propícia para continuar a florescer através do mundo. Haverá sempre um défice de “informação accionável”...
Vicente Jorge Silva