A oposição, com o PS à cabeça, defende o alívio da pesada carga fiscal sobre produtos petrolíferos, para permitir travar ou atenuar a escalada dos preços dos combustíveis, provocada essencialmente pela subida da cotação internacional do crude. Os socialistas reeditam assim a política voluntarista de contenção dos preços mediante a abdicação de receita fiscal (e mesmo à custa de subsídios), que adoptou durante muito tempo quando estava no Governo. Compreende-se a lógica da solução e o efeito colateral que ela teria na criação de dificuldades acrescidas à ministra das Finanças para conseguir manter o défice das finanças públicas dentro dos limites do PEC. De facto, não se vislumbra uma fonte alternativa para as receitas que se deixariam de cobrar.
Resta saber se o Governo poderá manter-se inerte, caso os preços continuem a subir para o céu, sacrificando a ansiada retoma económica e favorecendo a inflação; e se, por sua vez, o PS, com esta insistência no controlo dos preços à custa das finanças públicas, não agravará a sua imagem de imprudente menosprezo em relação à disciplina financeira, má fama que tanto mal continua a causar à sua credibilidade como alternativa de governo.