quinta-feira, 1 de julho de 2004

«Ao Dr Sampaio»

«De facto, a única e boa razão para rejeitar a opção PSL para Primeiro Ministro é a falta de estatura e credibilidade política do sujeito. É isso mesmo que é e será factor de instabilidade a curto prazo no Governo do país, se o PR aceitar a solução e, pior do que isso, é essa falta de credibilidade que arrastará Portugal para uma deriva populista até às eleições, quando o Dr. PSL, já Primeiro Ministro, perceber que ninguém lhe liga, e ao seu Governo, nenhuma e quiser assegurar a eleição de um Presidente de direita e a vitória do PSD nas legislativas.
O Dr. Sampaio, que já errou duas vezes sobre o personagem (quando lhe deu honras de recepção urgente em Belém após o episódio da "Cadeira do Poder" e da ameaça de abandono da política) e quando sorriu indisfarçavelmente de gozo com a eleição para Presidente da CML, derrotando a família Soares, prepara o terceiro erro, em nome da coerência da sua interpretação da Constituição.
(...) O que o PR não entende, aparentemente, é que à sua leitura dos poderes presidenciais, na versão pós-82 da Constituição, falta a componente da intuição e avaliação política sobre os efeitos da escolha de um certo PM na estabilidade política de Portugal.
Ao Dr. Sampaio, que deve achar que não pode, como Presidente da República, mesmo que o sinta como cidadão, ajuizar a estatura e a credibilidade política e pessoal de PSL, há que recordar que pode - e deve - fazer isso mesmo !
E é mesmo por isso que pode, e deve, indicar a Durão Barroso e ao País que, se a indicação do PSD for Pedro Santana Lopes, a rejeitará, como Eanes rejeitou Vítor Crespo, e lançará Portugal no turbilhão de eleições antecipadas.
Recorde-se, Dr. Sampaio, do moto de Sousa Franco: "quem teme a tempestade acaba deitado".
Não acredite, Dr. Sampaio, que conseguirá "domar" PSL na presidência do Governo. O jogo é perigoso e o Dr. Sampaio, campeão dos consensos, não tem estofo nem força interior para isso.»

(PA)