«O PSD dsapareceu e nasceu um outro PPD, tal como o CDS tinha desaparecido para nascer o PP.
O Populismo, paulatinamente, sem que se notasse muito conquistou um importante espaço no panorama partidário. E o que é pior, mas habitual noutras paragens, aliado aos piores interesses económicos, às redes da especulação imobiliária, das redes duvidosas do futebol e de tudo o que com elas está associado.
A Direita dos valores cedeu o seu espaço à direita dos interesses. O centro-direita deixou de estar representado em eleições. O Populismo vai apostar na demagogia, nas falsas promessas, na coligação de interesses mesquinhos em que o PSD se transformou e na clubite (que os dirigentes deste partido foram fomentando) para reter votos e enganar o antigo eleitorado do PSD e do CDS.
O sonho antigo de Santana de cindir o PSD e criar um grande partido político da direita populista foi conseguido, ultrapassando as antigas expectativas (nem sequer foi preciso cindir o PSD). Será que os sociais-democratas de direita não vão reagir e formar um novo partido, apesar das dificuldades derivadas de lhes terem roubado passo a passo o aparelho partidário?
Começa a haver muitos cidadãos cuja opinião não está representada no espectro partidário, o que é um sério risco para a democracia.
Se Santana e Portas representam um grande risco a curto prazo para Portugal e para a sua economia, bem como para a situação económica e social da população, sobretudo as camadas mais carenciadas e as classes médias, o facto atrás referido é verdadeiramente grave para o futuro de Portugal como país democrático.
Esperemos que a esquerda se saiba mostrar à altura deste desafio de verdadeira salvação nacional e que o eleitorado e as elites do centro e da direita dos valores saibam reagir e reorganizar-se.
Apesar de as suas posições não serem, quanto a mim, as que melhor defendem os portugueses, eles são necessários a uma democracia saudável que consiga combater a desilusão, o afastamento dos eleitores da política e esses grandes cancros da democracia que são a corrupção e o sectarismo e nepotismo. Tudo cancros que têm vindo a desenvolver-se nestes últimos dois anos.(...).»
(Carlos Braga)