sexta-feira, 2 de julho de 2004

Quem enganou quem

«Só aceitei [a presidência da Comissão Europeia] depois de estar intimamente e plenamente convencido de que não se punha a questão das eleições antecipadas», terá dito Durão Barroso ontem no Conselho Nacional do PSD que procedeu à eleição do seu sucessor à frente do PSD. Só há duas explicações para esta declaração: ou recebeu previamente, ou julgou ter recebido, alguma garantia por parte do Presidente da República quanto à viabilidade de formação de um novo governo pela actual maioria parlamentar; ou então ele quis desculpar-se perante o Partido pela imprudência de ter abandonado o Governo sem se aperceber da crise política que iria abrir. Uma vez que o Presidente já declarou há dias que não assumiu nenhum compromisso quanto à solução a adoptar, e não havendo razões para duvidar da sua inexistência, só resta a segunda alternativa. A verdade é que, na sua ânsia para aceitar a presidência da Comissão, Barroso não quis sequer encarar as possíves sequelas da sua decisão, querendo acreditar que tudo correria bem e que o Presidente nada faria. Poder ser que sim, mas isso não altera o juízo sobre a leviandade ou insinceridade do ainda primeiro-ministro...