Silva Lopes apresentou um dos melhores argumentos que já ouvi a favor das eleições antecipadas: o de que só elas poderão garantir alguma estabilidade e consolidação financeira nos próximos anos. É caso para dizer que as aparências iludem!
Na verdade, fosse qual fosse o partido que viesse a ganhar agora as eleições, iniciar-se-ia uma nova legislatura de 4 anos e, por isso, o vencedor não teria a tentação de desenvolver de imediato políticas de tipo eleitoralista (que também já não tinha tempo de praticar antes do acto eleitoral). Pelo contrário, essa tendência será quase inevitável com o cenário de um governo da actual coligação, governando a dois anos de eleições. E não se adivinham meios de poder travar tal desvario. Promessas, como se ouviu ontem, não faltarão. Mas teria o Presidente da República algum instrumento para pôr o Governo "no sério", por exemplo, se este viesse, nos próximos meses, a libertar o endividamento das autarquias ou a subir o ordenado dos funcionários muito a cima do que o bom senso financeiro nos aconselha?
Maria Manuel Leitão Marques