«(...) O aparecimento dos povoamentos puros de pinheiro manso no interior do Alentejo e do Algarve ficou a dever-se à grande adesão aos programas de apoio à florestação, financiados pela UE, por parte produtores florestais privados. Esses povoamentos jovens de pinheiro manso já estão a produzir os referidos bens indirectos com o melhoramento das características dos solos "esqueléticos" por acção da mineralização da "caruma" (que é lenta e por isso também tem um efeito de protecção física do solo e aumenta a taxa de infiltração por diminuir a velocidade de escorrimento da água) que ao aumentar os teores em matéria orgânica no solo, aumenta a sua capacidade de armazenamento de água e a sua fertilidade. As condições ecológicas criadas permitem agora a regeneração natural das quercíneas (sobreiro ou azinheira) sob coberto, cujas sementes estão a ser disseminadas pelas aves silvestres (pombos bravos, gaios, etc.) e mamíferos (javalis, etc.) que começaram a utilizar estas áreas como abrigo. Basta agora definir os objectivos estratégicos para estas áreas e adequar a gestão dos povoamentos de forma a atingir esses objectivos. A minha proposta (baseada no conhecimento do terreno) vai no sentido de iniciar um programa de desbastes visando a conversão dos pinhais em azinhais ou sobreirais sem no entanto alterar o grau de cobertura da área de projecção horizontal das copas (para manter a protecção dos solos que são muito sensíveis). Assim, utiliza-se o pinheiro como espécie precursora e a prazo (de 20 a 50 anos) obtém-se a unidade ecológica funcional adequada com as valias do uso múltiplo referidas pelo leitor Pedro Bravo. Até lá, devido às melhores condições, é esperado que os melhores arbustos melíferos vão ocupando gradualmente o seu lugar permitindo a apicultura.(...)»
Nuno de Almeida Ribeiro